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Ciência

Estudo investiga influência do frio em óbitos por AVC em Ituiutaba

Dissertação em Geografia avaliou os meses mais frios dos anos de 2007 a 2014

Publicado em 31/10/2018 às 14:01 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:56

Idosos registraram os maiores índices de mortalidade por AVC (Foto: Marco Cavalcanti)

As condições do tempo são frequentemente apontadas como responsáveis por deixar a população doente. Gripe, resfriado e tosse são alguns dos casos mais comuns. Em Ituiutaba, município do Triângulo Mineiro, o clima durante o ano é considerado quente, chegando a marcar até 47 °C. Porém, nos meses de inverno, as temperaturas tendem a cair, apresentando variações que podem ser um dos fatores que influenciam na doença que mais gera óbitos na população adulta do Brasil, o acidente vascular cerebral (AVC).

Foi o que identificou o estudo “A influência da variação das temperaturas mínimas na mortalidade por doenças circulatórias em Ituiutaba (MG)”, realizado pela pesquisadora Emmeline Aparecida Silva Severino, com orientação do professor Rildo Aparecido Costa, no Programa de Pós-Graduação em Geografia do Pontal, da Universidade Federal de Uberlândia (PPGep/UFU). A dissertação pode ser conferida no repositório UFU.

A pesquisa, que foi realizada durante dois anos, investigou a influência da variação das baixas temperaturas em relação aos índices de mortalidade por AVC da população atendida na rede municipal de saúde em Ituiutaba (MG), durante os meses de maio, junho, julho e agosto, de 2007 a 2014. O objetivo foi contribuir para o planejamento e a elaboração de políticas públicas, visando à qualidade de vida e o acesso à informação.

 

Desenvolvimento

Para a realização do estudo, foram coletados dados sobre diferentes elementos climáticos do município, como umidade relativa do ar e sistemas atmosféricos, por meio da Estação Automática de Ituiutaba (MG), pertencente ao Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Também foram coletados dados sobre a quantidade de óbitos por AVC junto à Secretaria Municipal de Saúde de Ituiutaba. Para avaliar esse conjunto de informações, a pesquisadora utilizou o cálculo do Coeficiente de Correlação Linear de Pearson, um método que apresenta o grau de relação entre duas variáveis quantitativas.

O município de Ituiutaba está situado na região noroeste do Triângulo Mineiro. De acordo com o IBGE de 2018, sua população é estimada em 104.067 habitantes. Foi possível identificar pela pesquisa que, nos meses de maio a agosto, de 2007 a 2014, houve o registro de temperaturas baixas, como, por exemplo, no dia 25 de maio de 2007, quando a temperatura atingiu 6,6ºC.

 

Resultados

Arte: João Ricardo Oliveira

 

Por meio dos resultados, foi possível identificar uma correlação entre a variação das temperaturas mínimas sobre os óbitos por AVC. Os dados apontaram que pessoas com mais de 70 anos registraram os maiores índices de mortalidade pela doença, demonstrando que os idosos são vulneráveis às baixas temperaturas.

Outro dado presente no estudo foi informado pela Secretaria Municipal de Saúde. Segundo o relatório, as doenças circulatórias são as primeiras causas de mortes registradas no município, mas a secretaria não forneceu mais explicações ou dados efetivos. Também foi possível observar na pesquisa que, quando ocorre uma variação intensa das temperaturas mínimas em um curto período, o registro de óbitos acompanha a variação e gera um aumento na quantidade de falecimentos.

“As temperaturas baixas desencadeiam mecanismos no organismo humano como a vasoconstrição, que é a contração dos vasos sanguíneos, diminuindo a perda de calor para o exterior, mas quando esses estão comprometidos devido à idade, problemas circulatórios, aterosclerose, dentre outros fatores, a ocorrência de AVC pode ser registrada, causando em casos graves, o óbito”, explica Severino.

Todavia, algumas medidas preventivas podem ser tomadas. A pesquisadora conta que esclarecer a população sobre as doenças circulatórias, como AVC, e sua relação com as baixas temperaturas é o primeiro passo. “A adoção de medidas, tais como se protegerem com agasalhos, dentre outras formas, e hábitos saudáveis também contribuem para a sua prevenção”.

 

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