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CIÊNCIA

Enfermeira residente apresenta inovações em cuidados paliativos

A nova ferramenta traz mais agilidade e embasamento científico para a prática clínica em tratamento de câncer

Publicado em 29/03/2019 às 16:28 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:56

 

A professora Lívia de Paula Peres e a aluna Nicole Santa Cruz Simões são responsáveis pela criação do novo instrumento de avaliação (Foto: Milton Santos)

 

Você conseguiria imaginar um instrumento que melhorasse os cuidados paliativos para pacientes com câncer? Foi o que fez a enfermeira Nicole Santa Cruz Simões, durante a Residência Multiprofissional em Oncologia do Programa de Residência em Área Profissional da Saúde (Uni e Multiprofissional) da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (PRAPS/Famed/UFU). Ela validou uma escala para atender da melhor forma os pacientes que necessitem de visita domiciliar.

Essa escala busca classificar as necessidades da pessoa enferma e torna aplicável o tempo de retorno em visitas domiciliares. Portanto, segundo Simões, é um instrumento de avaliação que beneficia tanto as equipes de enfermagem quanto pacientes. O material desenvolvido sob orientação das professoras Lívia de Paula Peres, tutora e preceptora da Residência Multiprofissional em Oncologia, e Suely Amorim de Araújo, professora do curso de graduação em Enfermagem da UFU, já foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) e passa agora pelo processo de implementação no setor de Oncologia, também conhecido como Hospital de Câncer, do Hospital de Clínicas de Uberlândia (HCU/UFU).

A criação de um novo dispositivo de validação das visitas surgiu após a enfermeira notar a ausência de instrumentos citados na literatura da área que fossem específicos para pacientes domiciliares oncológicos. Simões afirma ter percebido a necessidade de construir e validar um questionário a ser aplicado pelos enfermeiros, para mensurar a frequência de visitas domiciliares necessárias para o paciente oncológico inserido no Programa de Cuidados Paliativos (PCP) do Setor de Oncologia do Hospital de Clínicas de Uberlândia (HCU).

De acordo com Peres, é importante ressaltar que, hoje, o método de atendimento paliativo em âmbito domiciliar é visto como uma inovação da assistência à saúde, já que o paciente se encontra em um ambiente acolhedor, em companhia de familiares, vizinhos e conhecidos, tornando este momento menos doloroso.

 

O que são cuidados paliativos?

Em Uberlândia e região, 417 pacientes oncológicos são atendidos em cuidados paliativos, sendo 86 pacientes que recebem visitas domiciliares e 331 que se encontram em cuidados paliativos e recebem atendimento somente ambulatorial. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), os cuidados paliativos são uma abordagem que busca proporcionar qualidade de vida aos pacientes, uma vez que, em muitos dos casos, não há possibilidade de cura. Por isso, a avaliação multiprofissional passa a configurar-se na possibilidade ou não do tratamento modificar a doença, seus sinais e sintomas, afirma Simões.

Com o tratamento objetiva-se promover a qualidade de vida do paciente e de seus familiares através da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce de situações possíveis de serem tratadas, da avaliação cuidadosa e minuciosa e do tratamento da dor e de outros sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais.

Segundo Peres, quando falamos em cuidado paliativo, muitas vezes a ideia que vem à cabeça é de um paciente terminal, que está morrendo, e não há mais o que fazer por aquela pessoa. Por isso a importância de se desmistificar esse conceito, ressalta a professora. Em alguns lugares o termo até mudou para Cuidado de Suporte à Terapêutica. São cuidados para pessoas com alto grau de sofrimento, seja potencial (diagnóstico de uma doença grave em um paciente que tem uma jornada pela frente) ou real (quando o paciente está sofrendo), desde o diagnóstico ao luto, quando a pessoa chega a morrer.

O planejamento das visitas domiciliares é de grande importância, visto que possibilita aos profissionais organizar e dinamizar seu tempo dentre as tarefas desenvolvidas. Logo, é necessário estudar uma forma de estabelecer prioridades para atender o paciente em visita domiciliar.

Por isso, para que seja feita a verificação de frequência de visita aos pacientes em cuidados paliativos, é necessário levar em conta a situação atual da doença, o grau de dependência em relação aos cuidados, os dispositivos utilizados e se há lesões. Esses são justamente os pontos que as pesquisadoras da UFU buscaram melhorar ao fazer o planejamento deste novo instrumento para os profissionais.

 

Quem pode se beneficiar

Os cuidados paliativos abrangem não apenas pacientes oncológicos, mas também qualquer pessoa que tenha o diagnóstico de alguma doença grave, evolutiva e com alto potencial de sofrimento, como câncer, Aids, Alzheimer, Parkinson, esclerose lateral amiotrófica (ELA), doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e insuficiência cardíaca. Pacientes internados que estão fragilizados pela soma de várias doenças, que sozinhas não trariam risco, também podem entrar nessa lista.

Os casos de câncer são os que mais usam os cuidados paliativos. Grandes centros têm uma equipe de paliativos que acompanha os pacientes desde o início. Em outros hospitais, dois critérios são utilizados para acionar a equipe, que são em caso do paciente apresentar pelo menos dois sintomas descompensados (por exemplo, insônia, dor, falta de ar e náusea) e/ou quando algum órgão apresenta suas funcionalidades reduzidas, ou seja, deixam de funcionar normalmente.

Palavras-chave: Enfermagem UFU Hospital do Câncer Oncologia Tratamentos Paliativos

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