Publicado em 03/05/2019 às 17:15 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:56
Durante a vida acadêmica, as dificuldades em aprender uma matéria são naturais e exigem do estudante alternativas e meios para conseguir compreender e reter um conhecimento. Dentre os diversos caminhos utilizados para superar esses obstáculos, a poesia pode ser um deles.
“A primeira vez que vi o elétron achei que o núcleo era a eletrosfera. Achei também que os elétrons eram o núcleo. Quando vi o elétron de novo, entendi que os elétrons já giravam em torno do núcleo”. É assim que começa o poema “Elétron de Teresa”. A ode é parte de uma coletânea que está no livro “PoeQuímica”, escrito por Flávia Clemente, bacharel em Química e mestranda em Química na área de Produtos Naturais na Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
A ideia começou a criar forma na graduação quando a pesquisadora decidiu usar as palavras para escrever alguns versos e assimilar conteúdos da disciplina “Espectroscopia”. “Sentimento elétrico” foi a primeira poesia escrita por Clemente, com várias terminologias da matéria que trazia dificuldades à então estudante de graduação.
Natural de Porto Alegre, a gaúcha ingressou no mestrado em Uberlândia e continuou dando vez e voz ao versos que vinham à mente e a imaginação tornou a escrita cada vez mais prazerosa, nas palavras da química. “Depois que vinha a primeira frase, naturalmente, a poesia já estava pronta. Então, comecei explorar. Não ignorei a inspiração e criatividade que ficou aguçada”.
O interesse da cientista veio da necessidade de exercitar o conhecimento e chegou até a iniciativa de ajudar outras pessoas a se interessarem pela Química através da poesia. “A minha inquietação veio da dificuldade de uma disciplina da graduação, e eu queria aplicar aquele conhecimento de alguma forma. Sabendo também que nem todos gostam de Química, qualquer pessoa pode se interessar por poesias. É mais fácil”.
O livro foi o caminho encontrado para guardar todos os versos escritos por Clemente e ainda atender ao público que tem dificuldades ou não se interessa pela disciplina. Os conteúdos das poesias envolvem a área da orgânica e inorgânica, físico-química e química geral. O tempo utilizado para a escrita foi intercalado com os afazeres da pós-graduação. Entre julho e setembro de 2018, a estudiosa compôs 48 poemas. A publicação do “PoeQuímica” aconteceu em novembro do mesmo ano. A obra destina-se a estudantes de Química e ciências afins de todos os níveis.
Flávia Clemente encontrou na poesia uma maneira mais fácil de aprender e difundir os conhecimentos sobre Química. (Foto: Arquivo da pesquisadora)
A maior emoção da autora foi no momento em que viu a cor e o design da capa do livro. “Quando a editora me enviou a capa, eu tomei um susto! Eles escolheram a cor roxa. O roxo é a cor da magia, alquimia e ficou incrível o resultado da escolha. Foi o mais emocionante”.
O nome do livro une a arte e a ciência a partir da poesia. Para a autora, existe uma relevância social em tentar se comunicar da melhor maneira possível e utilizar o conhecimento construído na universidade como ferramenta de aproximação com o público. “A ideia é justamente provocar o outro com o diferente, passando a mensagem que você pode explorar seus conhecimentos de muitas maneiras e passá-lo adiante de muitas maneiras também, e ter o compromisso como cientista de ‘linkar’ sua pesquisa com a sociedade”. O PoeQuímica pode ser adquirido pela internet.
A escritora destaca que a poesia é apenas mais um instrumento utilizado para falar do dia a dia do cientista de maneira mais criativa e finaliza com uma citação da renomada cientista Marie Curie, que diz: “Um cientista em um laboratório não é um mero técnico. Ele também é uma criança que confronta fenômenos naturais que o impressionam como se fossem contos de fadas”.
Palavras-chave: Poesia; Química; PoeQuímica; Mestrado;
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