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Ciência

As propriedades antidiabéticas e antifúngicas da Cassia bakeriana

Potencial biológico da espécie é tema de pesquisa da Química da UFU

Publicado em 25/06/2019 às 11:27 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:56

 

 

Em algum momento da vida você já deve ter tomado aquele chazinho de vó para aliviar alguma dor ou para ficar mais calmo. Esse chá, provavelmente, pode ter sido feito a partir de alguma folha. As plantas têm compostos químicos que podem ser bioativos contra várias doenças. Muitos remédios usados hoje em dia foram desenvolvidos a partir do isolamento das principais substâncias ativas presentes em plantas. Como exemplo disso, podemos citar a morfina, um analgésico isolado do ópio de uma planta conhecida como papoula.

A breve descrição desse processo que você acaba de ler é o que um pesquisador de produtos naturais faz, quando escolhe uma planta e avalia o seu potencial biológico frente a diversas doenças. Se a planta tiver alguma atividade biológica, o pesquisador parte então para a tentativa de isolamento e identificação da resposta manifestada pelo composto da planta. 

A utilização de plantas para fins medicinais acompanha a história da humanidade e, seguindo essa linha, Tiara da Costa Silva, graduada e mestre em Química pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), decidiu estudar a espécie Cassia bakeriana na pesquisa intitulada “Estudo químico e avaliação do potencial biológico das folhas de Cassia bakeriana Craib para descobrir as possibilidades de aplicação científica. 

A tese, iniciada em 2017 e defendida em maio de 2019, teve orientação do professor Alberto de Oliveira e co-orientação da professora Raquel Maria Ferreira de Sousa e contou com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A motivação veio através de estudos prévios encontrados na literatura que mostraram que as folhas apresentaram atividade antimicrobiana.

 

A metodologia utilizada na pesquisa para conseguir os resultados foi a extração dos caldos pelo processo de maceração e, posteriormente, extração líquido-líquido. (Foto: Arquivo da pesquisadora)

 

Uma abordagem aprofundada

As folhas da Cassia bakeriana são formadas principalmente por compostos fenólicos. Esses compostos são responsáveis pela atividade antifúngica, antioxidante e antidiabetes da espécie. 

A metodologia utilizada na pesquisa para conseguir os resultados foi a extração dos caldos pelo processo de maceração e, posteriormente, extração líquido-líquido. A cromatografia líquida de alta eficiência também foi uma técnica utilizada para obter a separação e isolamento dos compostos químicos presentes nas amostras. A espectrometria de massas e a ressonância magnética nuclear possibilitou a caracterização dos compostos para posteriores testes de avaliação antifúngica, antioxidante e antidiabetes.   

De acordo com Silva, as maiores dificuldades no processo de execução da pesquisa encontram-se no fato de que há grande demanda para utilização dos equipamentos e técnicas de isolamento e caracterização dos compostos.  

Para a pesquisadora, a importância da realização de um trabalho como esse reside na possibilidade de serem desenvolvidos novos fármacos ou produtos fitoterápicos para o tratamento de doenças antifúngicas e o diabetes, que acometem um número grande de pessoas. “Existem poucos fármacos no mercado para o tratamento de doenças causadas por fungos, além disso, existe resistência dos fungos a todas as classes de fármacos existentes”, explica Silva.

Além dos resultados biológicos obtidos, a química destaca o desafio de trabalhar com uma espécie de planta e não saber se ela terá um potencial de resultados diante dos alvos avaliados. “Sabemos que um resultado ruim também é um resultado, mas estamos atrás de bons resultados para que o trabalho desenvolvido possa ter uma aplicação e contribuir para a população de alguma forma”, ressalta.

Os próximos passos da pesquisa buscam determinar a composição química de um extrato que apresentou exclusivamente um resultado promissor em um ensaio dentre os antidiabéticos avaliados, que foi a inibição da lipase pancreática.

 

Palavras-chave: produtos naturais Ciência Química Cassia Antidiabética

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