Publicado em 23/09/2019 às 10:59 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:56
Para Magalhães, a conclusão da pesquisa é que os migrantes e refugiados não são uma ameaça para as sociedades que os acolhem. (Foto: Arquivo da pesquisadora)
A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) foi representada por alunas do curso de Relações Internacionais no 9º Simpósio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentável, realizado na Universidade de Hohenheim, na cidade de Stuttgart, Alemanha, nos dias 16 e 17 deste mês. O evento é bianual, ou seja, acontece a cada dois anos, alternando o local de realização entre os dois países.
O simpósio tem como finalidade compreender as complexidades das relações humanas e dos componentes naturais na integração dos sistemas para o desenvolvimento sustentável. Na oportunidade, as alunas Ana Canhameiro, Beatriz Patriota, Ellysa Magalhães, Julia Abate e Victoria Magri, orientadas pela professora Tatiana Squeff, da Faculdade de Direito (Fadir) da UFU, participaram da cerimônia apresentando trabalhos nas modalidades de pôster e apresentação oral.
As discussões abordadas basearam-se nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) elaborados pela Organização das Nações Unidas (ONU), no ano de 2015, e os principais tópicos foram as Ciências Naturais e a Biodiversidade, Integração de Sistemas para Agricultura e Silvicultura Sustentáveis e os Desafios Econômicos Sociais e Ambientais. A silvicultura compreende o estudo botânico de espécies e é a ciência que se dedica à análise de métodos naturais e artificiais de regeneração e melhoria dos povoamentos florestais.
O artigo “Os refugiados são uma ameaça? A desmistificação do impacto causado pelos imigrantes nos países de destino”, apresentado em banner pelas estudantes Ana Canhameiro e Ellysa Magalhães, buscou desconstruir a imagem dos refugiados como uma ameaça. Segundo Magalhães, “o artigo tenta demonstrar que os migrantes e refugiados muitas vezes são sujeitos à exclusão nas sociedades em que buscam abrigo e essa exclusão se dá através da disseminação de um discurso de ódio”. O trabalho também traz exemplificações dos números atuais de pessoas deslocadas ao redor do mundo, quantos são, de quais países vêm, para onde vão e quem se classifica como refugiado.
Julia Nunes entende que receber o feedback de mestres, doutores e pós-doutores no evento foi enriquecedor. (Foto: Arquivo da pesquisadora)
Ainda na modalidade de apresentação em banner, as alunas Victoria Magri e Julia Abate Nunes fizeram a exposição do artigo “Pacto Global para Migrações: uma ferramenta importante para a garantia dos direitos dos migrantes e promoção do desenvolvimento sustentável”. De acordo com Nunes, “o artigo fala sobre o pacto global de migração e como ele ajuda e é ajudado pelas metas de desenvolvimento sustentável da ONU. A gente também fala o que ele traz [de benefícios] para os Estados e para os migrantes e qual é o seu papel real”.
Na modalidade de apresentação oral, a aluna Beatriz Patriota exibiu o artigo “Recepção brasileira de refugiados venezuelanos: uma implementação de fato do Pacto Global para Migrações?”, em que explica a origem do pacto global para migrações seguras, ordenadas e regulares nos objetivos do desenvolvimento sustentável e como as suas prescrições se aplicam ao contexto de recepção de venezuelanos no Brasil.
Além da orientação, a professora Tatiana Squeff colaborou na produção dos trabalhos, que não integraram atividades discentes, mas cujos temas são debatidos na disciplina de Direito Internacional Privado, do curso de Relações Internacionais. Para Nunes, a motivação na escolha dos temas pode ser explicada pela recorrência com que são analisados em aulas e nos grupos de estudo. “Além disso, com as crises migratórias atuais latentes, as notícias sobre violações de direitos envolvendo crises, a crescente necessidade de se debater migração, desestigmatizar o migrante e reconhecer esses fluxos para torná-los ordenados, seguros e regulares, o tema pareceu se encaixar perfeitamente na temática do evento”, completa.
A apresentação oral de Beatriz Patriota abordou o aspecto do contexto de recepção de venezuelanos no Brasil. (Foto: Arquivo da pesquisadora)
As produções tiveram início em julho deste ano visando à participação no simpósio no mês de setembro. “Em sua última edição, o evento aconteceu na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Neste ano recebi uma chamada para este que se realizou na Alemanha”, conta Squeff. Sobre a participação das estudantes, a professora ressalta que “a importância é enorme para o desenvolvimento delas quanto ao aprendizado e ao desenvolvimento enquanto pesquisadoras, especialmente quando as discentes são do terceiro ao quinto período de Relações Internacionais”.
Para Magalhães, o congresso possibilitou o contato com pessoas do mesmo ramo de pesquisa que deixaram importantes contribuições para a conclusão do artigo. “A experiência em si de estar em outro país para falar de um tema tão importante como a inserção do migrante e refugiado na sociedade atual é gratificante. Esperamos que surtam efeitos a partir do trabalho e que possamos aprofundar ainda mais neste tema”, complementa. Os artigos apresentados estão publicados nos anais do evento e passarão por revisão assim que as alunas retornarem ao Brasil, para serem submetidos a uma publicação científica.
Nunes destaca que a produção dos artigos deixa como contribuição a compreensão acerca da formação cultural e social dos diferentes estágios e momentos migratórios e promove um conhecimento mais aprofundado sobre o que é o Pacto Global para Migração Segura, Ordenada e Regular (PGMSOR). “Como alunas de uma universidade federal, nossa maior missão é produzir ciência que contribua e enriqueça a nossa comunidade”, finaliza a estudante.
Palavras-chave: simpósio desenvolvimento sustentável Direito Internacional refugiados
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