Publicado em 27/02/2020 às 16:03 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:52
Professores Robinson Sabino-Silva e Walter Siqueira (Foto: Jenna Fraser/ Universidade de Saskatchewan))
A ciência ainda não respondeu a todas as perguntas sobre o coronavírus, mas já sabe que ele está presente na saliva das pessoas contaminadas. É por isso que os pesquisadores Robinson Sabino-Silva e Ana Carolina Gomes Jardim, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal de Uberlândia (ICBIM/UFU), e Walter Siqueira, da Universidade de Saskatchewan, no Canadá, acreditam que é possível facilitar o diagnóstico da doença COVID-19, causada pelo coronavírus, utilizando a saliva.
Hoje, o diagnóstico é feito por meio da coleta de materiais respiratórios (aspiração de vias aéreas ou indução de escarro). Quem faz essa coleta são profissionais de saúde. Já o diagnóstico pela saliva seria um método não invasivo, pois ela poderia ser coletada pelo próprio paciente, e que protegeria melhor a saúde de médicos, enfermeiros e técnicos, ao evitar que eles entrem em contato constante com pacientes com suspeita de contaminação. Na China, mais de 1.700 profissionais já foram diagnosticados com COVID-19.
Os pesquisadores relataram como esse diagnóstico pela saliva pode ser feito no artigo intitulado Coronavirus COVID-19 impacts to dentistry and potential salivary diagnosis (em português, Impacto do Coronavírus COVID-19 para odontologia e seu potencial diagnóstico pela saliva). O texto foi publicado no dia 20 de fevereiro na revista alemã Clinical Oral Investigations, uma das mais conceituadas na área de odontologia (leia aqui o artigo completo).
Artigo foi publicado na revista alemã Clinical Oral Investigations (Foto: Reprodução Springer Link)
Sabino-Silva está na instituição canadense como professor visitante desde novembro de 2019, por meio do Programa Capes-PrInt-UFU. Ele levou para lá a experiência dos pesquisadores do ICBIM/UFU com zika vírus (falamos sobre isso no Comunica UFU em dezembro) e, juntamente como seu host (professor que recebe o colega visitante e trabalha em parceria), Walter Siqueira, escreveram este trabalho relacionado ao coronavírus.
Depois da coleta da saliva, existem diferentes possibilidades de experimentos. “A via que nós utilizamos na UFU é detectar moléculas na saliva [por Espectroscopia ATR-FTIR], porque o vírus é capaz de promover alterações nas glândulas salivares. Qual é a vantagem do nosso método? É sustentável, pois não usa reagentes, mais barato, tem custo benefício muito bom e não invasivo”, explica Sabino-Silva.
Professora Ana Carolina Gomes Jardim, do Icbim/UFU (Foto: Alexandre Santos)
“Também discutimos os potenciais riscos da contaminação do COVID-19 pela saliva, especialmente para proteção de cirurgiões-dentistas, devido à geração de aerossol em procedimentos odontológicos”, afirma. Segundo o professor, é importante que os cirurgiões dentistas continuem seguindo os protocolos já definidos na odontologia, como esterilização de materiais e uso de máscaras, para evitar a propagação do coronavírus.
Os próximos passos da pesquisa devem ser os testes com saliva de pacientes contaminados. Sabino-Silva ficará no Canadá até setembro deste ano. Além dos recursos do Programa Capes-PrInt-UFU, os estudos na área de virologia desenvolvidos na UFU - nos programas de pós-graduação em Imunologia e Parasitologia Aplicadas (PIPPA), Odontologia (PPGO) e Ciências da Saúde (PPCSA) - recebem recursos da Fapemig e do CNPq. Sabino-Silva também faz parte do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Teranóstica e Nanobiotecnologia (INCT TeraNano), sediado na UFU sobre a coordenação do professor Luiz Ricardo Goulart.
Reportagem sobre a pesquisa veiculada no Canadá
Palavras-chave: COVID-19 UFUContraOCorona Ciências Biomédicas coronavírus UFU Canadá
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