Publicado em 10/02/2020 às 14:48 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:52
Proposta para o livro “Poesia em Tarot”, de Renata Mene (Foto: arquivo da pesquisadora)
11 de fevereiro é o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, data criada pela Assembleia das Nações Unidas com o objetivo de promover o acesso integral e igualitário da participação de mulheres e meninas na ciência. Aproveite o dia para conhecer o trabalho de uma pesquisadora da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) que propõe o redesign de livros de poetisas feministas.
A designer Giovana Toffoli apresentou uma proposta em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), em dezembro de 2019, de como o design editorial pode atuar na divulgação de mulheres escritoras e colaborar com o empoderamento feminino. As autoras escolhidas pela aluna foram Rupi Kaur, Ryane Leão e Renata Mene, três poetisas que abordam o universo feminino em suas obras.
Atualmente, um desafio para o design editorial é chamar a atenção das pessoas de volta para os livros impressos. Uma das soluções é por meio do “livro de artista”, em que o designer propõe novas formas de leitura e formatos, e o leitor pode interagir e interpretar o livro de diversas maneiras, afirma Júlio Plaza, escritor espanhol. A partir disso, a pesquisadora optou pelo design mais artesanal.
O trabalho tem também como objetivo debater o preconceito, a exclusão e a desvalorização no mercado que mulheres escritoras sofrem. Afinal, é a partir da liberdade de criação que surgem, então, personagens que refletem diferentes mulheres e geram identificação das leitoras com as histórias que serão passadas por diversas gerações, reforçando, assim, o empoderamento.
Toffoli desenvolveu três protótipos, um para cada autora citada. As propostas mostram como o design editorial pode ressignificar um conteúdo, por exemplo, o poema transformado em objeto de arte, em uma forma de protesto e em um baralho de cartas.
Para o livro “Leite e Mel”, de Rupi Kaur, Toffoli optou por uma “concertina” - formato em que o livro possui encartes que se desdobram - hexagonal, trazendo uma diagramação livre e com as ilustrações da autora.
Para o livro “Leite e Mel”, de Rupi Kaur, a pesquisadora apresentou esta releitura (Foto: arquivo da pesquisadora)
Já o livro “Onde jazz meu coração”, de Ryane Leão, tem um design com a linguagem urbana e críticas que remetem aos “lambe-lambes” - cartazes feitos como protesto colados em postes, paredes - e “pichos” (inscrições em fachadas de edifícios, muros ou outras superfícies).
Redesign do livro “Onde jazz meu coração”, de Ryane Leão (Foto: arquivo da pesquisadora)
A terceira e última proposta é para o “Poesia em Tarot”, de Renata Mene. A designer criou cartas com as divindades femininas citadas nos poemas e, no verso, apresenta as estrofes. Ela prezou pela semelhança ao baralho de cartas, desenvolvendo junto uma caixinha para a comercialização.
Exemplo de uma das cartas para o livro Poesia em Tarot, de Renata Mene (Foto: arquivo da pesquisadora)
Toffoli acredita que seu trabalho pode incentivar escritoras e designers a se arriscarem no design editorial, além de valorizar a produção independente de livros. “Eu confesso que não sabia dessa data [Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência], o que me leva a pensar o quanto ela é importante e pouco divulgada. As meninas que aspiram ser pesquisadoras da área precisam de incentivo, e esse dia é um lembrete de que são capazes. E para as mulheres que já atuam na área é um reconhecimento do seu esforço e trabalho”, afirma a pesquisadora.
Palavras-chave: Ciência Design Editorial arte
Política de Cookies e Política de Privacidade
REDES SOCIAIS