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LEIA CIENTISTAS

Afinal, o que é História?

Confira, na seção "Leia Cientistas", a relação que o mestrando da UFU faz entre a disciplina e a série C.S.I.

Publicado em 02/04/2020 às 14:17 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:52

 

Gil Grissom (William Petersen) em C.S.I.: Investigação Criminal (Anthony E. Zuiker, 2000-2015). (Foto: Arquivo do pesquisador)

 

Quando estava no ensino médio, eu e meus colegas não entendíamos ao certo do que se tratava a disciplina de História. “Ela era um registro de coisas antigas?”, “Uma disciplina para nostálgicos?”, “Afinal, o que é História?”. Pelo menos eu, atraído por essas questões, em 2015, ingressei na graduação para tentar respondê-las. 

Ao participar dos programas de iniciação à docência e realizando os estágios supervisionados, esforçava-me para, saindo um pouco do império do conteúdo de historiografia do ensino médio, dialogar com os discentes acerca do ofício do historiador: não somos nostálgicos ou aficionados pelo passado; esses adjetivos talvez caibam aos antiquários, como diria historiador francês Jules Michelet (1798-1874). 

Tomando como inspiração o historiador italiano Carlo Ginzburg (1939) e sua metáfora do historiador-Sherlock Holmes, longe de comparar-me a ele, gostaria de aproximar o historiador ao personagem, mais recente, Gil Grissom, da série C. S. I.: Investigação Criminal

Grissom é um entomólogo forense, supervisor do turno da noite do laboratório criminal em Las Vegas, Nevada (Estados Unidos da América). Com sua equipe, ele vai até as cenas de crime com uma questão, um problema: “quem é o assassino?” (Who are you?); recolhe os vestígios, sempre em dúvida, analisa-os adequadamente em seu laboratório e chega a um suspeito. 

O historiador faz algo similar: diante de um fenômeno decorrido, ele cria uma questão, um problema, e busca, sempre em dúvida, os vestígios do acontecimento, analisando-os com métodos específicos, construindo, por fim, uma narrativa explicativa, reflexiva e crítica, porém, sem chegar a nenhum suspeito; o assassino já é conhecido: é o tempo.

Como diz o historiador francês Marc Bloch (1886-1944), a História é a “Ciência dos Homens no tempo” [sic.]. A História opera atmosferas singulares de passados, futuros-passados e presentes, distantes ou imediatos; seu objeto é o ausente, seus vestígios são o espaço, seu algoz é o tempo, seu método é o crítico, sua arte é a escrita e sua criação é o problema imaginado pelo historiador. 

 

*Gabriel Marques Fernandes é mestrando em História Social no Programa de Pós-Graduação em História (PPGHIS) do Instituto de História (INHIS) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), bacharel e licenciado em História pela mesma instituição (2019). Compõe a linha “Linguagens, Estética e Hermenêutica” e é membro do Núcleo de Estudos em História Social da Arte e da Cultura (NEHAC).

 

A seção "Leia Cientistas" reúne textos de divulgação científica escritos por pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). São produzidos por professores, técnicos e/ou estudantes de diferentes áreas do conhecimento. A publicação é feita pela Divisão de Divulgação Científica da Diretoria de Comunicação Social (Dirco/UFU), mas os textos são de responsabilidade do(s) autor(es) e não representam, necessariamente, a opinião da UFU e/ou da Dirco. Quer enviar seu texto? Acesse: www.comunica.ufu.br/divulgacao. Se você já enviou o seu texto, aguarde que ele deve ser publicado nos próximos dias.

 

Palavras-chave: Leia Cientistas Divulgação Científica história

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