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Solidariedade

Professoras da UFU criam campanha de arrecadação para transexuais e travestis

Com o isolamento social, aumentam as dificuldades de grupos em situação de vulnerabilidade

Publicado em 09/04/2020 às 17:50 - Atualizado em 22/08/2023 às 20:29

 

A campanha levou cestas básicas e kits de higiene pessoal para 11 casas (Foto: Letícia Takahashi

 

Com o período de quarentena em prevenção ao novo coronavírus, muitos profissionais informais sofrem com a paralisação de seus serviços e as preocupações com os compromissos financeiros. Para alguns grupos sociais já marginalizados, a situação se agrava. Pensando nisso, a professora Amanda Danuello Pivatto, do Instituto de Química da Universidade Federal de Uberlândia (IQ/UFU), começou uma campanha de arrecadação de cestas básicas e de produtos de higiene destinados a travestis e transsexuais da cidade.

Danuello conta que ficou preocupada com as pessoas que poderiam estar em uma situação crítica ao refletir sobre a gravidade do problema. Inicialmente, a professora passou a procurar por grupos que pudessem ajudar na campanha para atender prostitutas, pois ela sabia que essa parcela social, muitas vezes, sofre com o desamparo da sociedade. 

Nessa busca, ela entrou em contato com a professora da Faculdade de Medicina (Famed/UFU), Flávia do Bonsucesso Teixeira, responsável pelo Centro de Referência Atenção Integral à Saúde Transespecífica (Craist/UFU) e que já realizou diversos trabalhos com a comunidade de transsexuais e travestis. “[A professora Flávia] me indicou um grupo de travestis que trabalham nas ruas, a maioria delas com prostituição, e que estão em situação completamente vulnerável". 

Uma reportagem do Correio Braziliense traz informações do Relatório da Violência Homofóbica no Brasil, publicado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), que apontam que 90% das pessoas trans recorrem à prostituição como forma de sobrevivência devido à dificuldade de encontrar empregos, permanecer na escola e conseguir capacitação profissional, além da violência sofrida em casa e na rua.

"Elas estão tentando manter o isolamento, mas estão passando necessidade de comida, produtos de higiene e de tudo que a gente possa imaginar. Fiz uma campanha interna entre grupos de Whatsapp e alguns amigos para ver se eu conseguia arrecadar cestas básicas”, conta Danuello.

Depois de ter conseguido cestas básicas e kits de limpeza, higiene e álcool em gel, a professora contou com a ajuda do pró-reitor de extensão da UFU, Hélder Eterno da Silveira, que forneceu o transporte para a entrega das doações. Juntamente com a professora da Famed e a doutoranda em Química, Letícia Masako Takahashi, Danuello entregou os alimentos e o itens de higiene nas casas onde as transsexuais e travestis vivem, tomando todos os cuidados de prevenção à Covid-19, como o uso de máscaras, luvas e álcool em gel.

A distribuição foi feita em 11 casas entre os bairros da cidade. Entre as casas estão duas pensões, uma que abriga 22 travestis e outra com nove. As donas da pensões não estão cobrando as diárias durante esse período de quarentena. No total, a ação organizada pelas professoras atendeu 43 travestis.

 

A campanha pretende arrecadar alimentos durante todo o período de isolamento social (Foto: Letícia Takahashi)

 

“Minha intenção é conseguir novamente doações para poder atendê-las no próximo mês. Acredito que vai continuar o isolamento e elas vão precisar de ajuda”, ressalta Danuello, que planeja continuar a campanha até dia 3 de maio, porém, se a quarentena prosseguir, a arrecadação será mantida durante todo o período de isolamento social.

Para colaborar com a campanha, é só entrar em contato com a professora pelo endereço de e-mail danuello@ufu.br ou pelo Instagram: @amandanuello.

Palavras-chave: Solidariedade campanha transexuais UFU coronavírus UFUContraOCorona

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