Pular para o conteúdo principal
Leia Cientistas

Cachoeiras: páginas de evolução do planeta Terra?

Professora de Geografia escreve sobre geodiversidade na seção 'Leia Cientistas'

Publicado em 08/06/2021 às 16:51 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:51

 

Salto do Mirandão – Município de Indianópolis, Minas Gerais (Foto: Acervo pessoal de Lilian C. M. Bento)

 

Quem nunca se refrescou numa cachoeira? Mas você sabia que esses locais de grande beleza cênica e potencial turístico são considerados também elementos da geodiversidade com grande valor científico e educativo?

Geodiversidade é o termo análogo ao de biodiversidade e engloba, de modo genérico, a diversidade de elementos abióticos do meio ambiente (e os processos geradores associados), desde a menor à maior partícula, tais como minerais, rochas, solos, formas de relevo, paisagens, entre outros.

As rochas do perfil de uma cachoeira dizem muito sobre o seu passado. No Salto do Mirandão, por exemplo, é possível fazer uma viagem no tempo, durante a separação da América do Sul e da África. Dessa separação foi formada uma grande falha por onde começou a sair um grande volume de magma, material pastoso, e nessas condições bem fluidas é que foi se depositando na forma de sucessivos derrames. Alguns desses derrames se depositaram diretamente sobre campos de dunas de areias, já que a região se encontrava, na época, em condições de aridez.

Perfil litoestratigráfico do Salto do Mirandão. O arenito é a rocha sedimentar que foi formada pelo processo de diagênese dos grãos de areia das dunas e o basalto é a rocha magmática resultante do resfriamento dos derrames do magma, da separação da América do Sul e da África (Elaborado pela autora, 2010)

 
Já imaginou aprender tanto ao visitar uma cachoeira? Essa é a proposta do geoturismo, prática turística pautada na interpretação ambiental da geodiversidade. Prática que busca fazer com que as pessoas, ao visitar qualquer elemento/forma/feição da geodiversidade, não só o admire por sua beleza cênica e/ou excepcionalidade, mas também o entenda, uma vez que só se protege aquilo que se conhece e reconhece a sua importância.
 
O papel da interpretação ambiental é justamente servir de ponte e intérprete da geodiversidade, seja mediante guias/monitores ambientais e/ou de turismo ou meios não personalizados, como folders ou painéis interpretativos, por exemplo. O importante é fazer com que o conhecimento da geodiversidade (o que é, como foi formado e sua importância) seja divulgado, para que, aos poucos, ela seja reconhecida e valorizada!

 

*Lilian Carla Moreira Bento é docente dos cursos de graduação e pós-graduação em Geografia e coordenadora do Laboratório de Geologia do Instituto de Ciências Humanas do Pontal (ICHPO-UFU).

 

A seção "Leia Cientistas" reúne textos de divulgação científica escritos por pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). São produzidos por professores, técnicos e/ou estudantes de diferentes áreas do conhecimento. A publicação é feita pela Divisão de Divulgação Científica da Diretoria de Comunicação Social (Dirco/UFU), mas os textos são de responsabilidade do(s) autor(es) e não representam, necessariamente, a opinião da UFU e/ou da Dirco. Quer enviar seu texto? Acesse: www.comunica.ufu.br/divulgacao. Se você já enviou o seu texto, aguarde que ele deve ser publicado nos próximos dias.

Palavras-chave: Geografia cachoeiras geodiversidade Pontal Leia Cientistas Divulgação Científica

A11y