Publicado em 26/08/2021 às 10:42 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:51
O painel 'Cenário da inovação tecnológica: desafios e perspectivas', com participação de Vilela (à esquerda) e Beirão, foi mediado pelo reitor da UFU, Valder Steffen Júnior (centro)
A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) comemorou com um evento, nesta quarta-feira (25/8), os 15 anos da Agência Intelecto, órgão vinculado à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPP) e responsável pela implementação e manutenção da política de estímulo à inovação e à proteção ao conhecimento gerado na instituição.
Pela manhã, foi realizado um painel de debate (Cenário da inovação tecnológica: desafios e perspectivas), mediado pelo reitor da UFU, Valder Steffen Júnior, com a participação dos presidentes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Evaldo Vilela, e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), Paulo Sérgio Beirão.
Além deles, a mesa de abertura do evento comemorativo também foi composta pelo pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFU, Carlos Henrique de Carvalho, pelo diretor de Inovação e Transferência de Tecnologia (Agência Intelecto), Thiago Paluma, pelo subsecretário de Desenvolvimento Econômico do Governo de Minas Gerais, Felipe Attiê, e por Luiz Eduardo Peppe, assessor de Agronegócios, representando a secretária de Agronegócio, Economia e Inovação da Prefeitura de Uberlândia, Thalita Costa Jorge.
“A Agência intelecto tem desenvolvido um papel muito importante no zelo pela política de inovação da Universidade Federal de Uberlândia”, afirmou Paluma, no início do evento, atribuindo o resultado satisfatório ao trabalho “valoroso” realizado por toda a equipe da agência.
Peppe parabenizou o trabalho da agência e disse que a Secretaria de Agronegócio, Economia e Inovação da Prefeitura de Uberlândia “tem um interesse muito grande em estar aliada à Agência Intelecto no fomento à inovação e ao empreendedorismo”.
Attiê declarou que o Governo Estadual está “muito empenhado” em se aproximar das universidades federais. “Precisamos [a universidade com o governo] nos aproximar mais da iniciativa privada. Não de uma iniciativa privada que venha causar qualquer problema à sociedade, mas daquela que quer produzir, que quer facilitar a vida de pessoas”, disse o subsecretário.
“Tenho a absoluta convicção de que conseguiremos, sim, celebrar as parcerias que o estado de Minas precisa para o seu desenvolvimento. A UFU, ela é, não coadjuvante, ela é uma protagonista fundamental para o desenvolvimento do estado de Minas Gerais, como as outras universidades que estão alocadas no nosso estado”, completou Carlos Henrique de Carvalho.
“Essa relação com os órgãos públicos, seja do governo federal, do governo estadual e do governo municipal, é essencial para o bem-estar da sociedade da nossa região. É só assim que conseguiremos responder proativamente às demandas dessa sociedade. Não podemos nos esquecer que todo movimento de pesquisa e de transferência de tecnologia tem uma única finalidade: o desenvolvimento da sociedade, em suas várias dimensões”, enfatizou o pró-reitor.
Após observar que a UFU está sempre à disposição da Prefeitura Municipal de Uberlândia (PMU) e que a instituição foi conquistada pela população uberlandense décadas atrás, o reitor da UFU disse que é uma responsabilidade da universidade manter a conexão, parceria e colaboração com a PMU.
“Esse patrimônio, de todas as universidades federais, de institutos federais, que tem grande capilaridade em nosso estado — nós temos campus de universidades federais ou de institutos federais em 98 municípios no estado de Minas Gerais — isso é um patrimônio que devemos preservar e ampliar; potencializar a ação desse equipamento público, equipamento de estado que está à disposição de Minas Gerais”, reforçou Steffen Júnior.
Vilela: ‘A pesquisa precisa ser mais apreendida pelo sistema produtivo’
Durante o debate, o presidente do CNPq disse que a ciência produzida no Brasil é robusta, mas que ela precisa ser menos acadêmica. “A pesquisa acadêmica, a ciência praticada na academia, ela é muito valiosa na formação de pessoas, nas publicações, mas a pesquisa precisa ser mais apreendida pelo sistema produtivo. A pesquisa precisa ser pensada nas dores da sociedade, naquilo que a sociedade precisa avançar, nas questões reais da sociedade”, declarou Vilela.
Ele afirmou que desenvolvimento é a geração de riqueza — “não de ricos”, frisou — e que a riqueza significa renda e emprego para as pessoas, e que isso vem através da inovação que, hoje, no mundo contemporâneo, é dinâmica. “E aí temos que celebrar a chegada das startups”, ressaltou o presidente do CNPq, se referindo às empresas inovadoras que nascem nas universidades a partir do conhecimento científico.
Vilela também destacou a necessidade de um plano de desenvolvimento, baseado em conhecimento, para o país. “Nós temos hoje muita coisa boa, mas são os casos. Os casos bem-sucedidos. E uma nação não se constrói com casos. Uma nação se constrói com um plano, planejamento. Nós perdemos a capacidade de planejar. Precisamos voltar ao planejamento. Precisamos ter um plano de desenvolvimento com base em conhecimento”, reforçou antes de dizer que a ciência está por trás do desenvolvimento e da inovação.
Analisando por uma perspectiva histórica, Paulo Sérgio Beirão enfatizou que, apesar do relativo atraso da inserção do país no desenvolvimento da pesquisa científica (década de 1930) e na pós-graduação (fim dos anos 1960), o Brasil tem superado as dificuldades e conseguido avançar, sendo o 13º produtor de conhecimento no mundo, tomando como base a produção de artigos.
Beirão destacou que é preciso enxergar ciência e tecnologia como uma atividade duradoura
“Agora, a nossa inserção no desenvolvimento em tecnologia e o despertar da importância de se apropriar desse conhecimento para gerar tecnologias aproveitáveis para o nosso setor empresarial é mais recente e é mais ou menos contemporâneo com a Agência Intelecto”, afirmou. O fato de a agência ser considerada uma adolescente reflete, segundo ele, a realidade do país.
O presidente da Fapemig destacou que é preciso enxergar a ciência e tecnologia como uma atividade duradoura, permanente. “E, nesse ponto, é importante enfatizar que esse apoio tem que ser consistente, não pode ser uma coisa que oscila. A capacidade de termos um planejamento de médio e longo prazos é muito importante. É tão importante como termos um aporte significativo do fomento para essas pesquisas”, comparou Beirão.
Vitrine
Durante a tarde, foram apresentados 10 trabalhos na Mostra de Tecnologias. O evento foi mediado por Juliana Corrêa, diretora de Fomento à Pesquisa e Transferência de Tecnologia da Subsecretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
Pesquisa de Resende ajuda a diagnosticar infarto agudo do miocárdio
Na área da saúde, a pesquisadora Laíse Resende apresentou o protótipo de imunossensor que utiliza a proteína C reativa para quantificar e detectar moléculas para o diagnóstico do infarto agudo do miocárdio.
A pós-doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Imunologia e Parasitologia Aplicadas, Caroline Mota, expôs seu estudo sobre a utilização de Bidens pilosa, conhecida popularmente como picão preto, no tratamento da toxoplasmose. “Ela tem um tratamento na infecção aguda, tendo baixíssima toxicidade. Vemos que é uma esperança no melhoramento do tratamento dos indivíduos com toxoplasmose”, explica Mota.
Com mais de 20 cultivares registradas pela UFU, o professor Gabriel Mascarenhas, do Instituto de Ciências Agrárias (ICIAG), apresentou dois exemplos: Emanuela, de abóbora, e UFU MC 1808, de tomate. Com maior resistência às pragas, essas cultivares não precisam de inseticidas e têm menor custo de produção.
Continuando a Mostra, Lucas Farinelli, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Design (FAUeD), e a pesquisadora Yasmin Thomeo apresentaram dois trabalhos registrados como desenhos industriais. Um deles foi a cama infantil, pensada a partir do método montessoriano, e o outro foi a Poltrona Niara, modelo compacto e de montagem facilitada.
Adilmar Dantas também apresentou seu projeto, o Michelzinho. Disponível gratuitamente, o jogo propõe ajudar crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) a reconhecer e expressar emoções básicas. “Desenvolvemos uma aplicação que foi capaz de auxiliar os especialistas nas intervenções durante as sessões de terapia com os indivíduos com TEA”, comenta Dantas.
Quanto às tecnologias assistivas, o professor Rogério Gonçalves mostrou uma ferramenta que auxilia na reabilitação dos membros inferior e superior. Com sistema que possui jogos sérios, a estrutura é capaz de realizar todos os movimentos do membro inferior, por exemplo, de forma isolada ou combinada.
Já o ‘Robopo’, apresentado por Thiago Sá de Paiva, foi fruto do mestrado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica (PPGEB) e propôs uma solução de mobilidade. O protótipo é um substituto da mão para acionar o joystick de cadeiras de rodas motorizadas.
E falando nelas, Daniel Caetano também apresentou um projeto que envolve realidade aplicada para os usuários deste tipo de cadeira. Como não há treinamento para utilizar essa tecnologia assistiva, o pesquisador desenvolveu uma ferramenta que possibilita um treinamento remoto, supervisionado por terapeutas.
A íntegra do evento, realizado on-line, pode ser conferida no Canal da UFU no Youtube.
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