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CIÊNCIA

Estudante oferece capacitação profissional ao público negro LGBT+ na UFU

Projeto irá ofertar formação sobre mercado editorial, revisão e design gráfico

Publicado em 20/02/2020 às 13:31 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:52

Lucas Guzzo, criador do projeto Escola Editora Pajubá, é graduando em Letras desde 2017. (Foto: Milton Santos)

‘Pajubá’ é um dialeto utilizado pela comunidade LGBT+ como forma de afirmação e resistência ao preconceito. Criado pela fusão da Língua Portuguesa e o Yourubá (idioma de origem africana falado nos terreiros de Candomblé), o dialeto já foi tema de questão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Pelo seu significado, o dialeto foi escolhido para nomear o projeto do estudante Lucas Guzzo: Editora Escola Pajubá. Ela tem por objetivo profissionalizar, por meio da linguagem e comunicação, negros e negras que se identificam como lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.

 O projeto será administrado pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Poética Latinoamericana e Afrodiaspórica (Yalodê-Geplafro UFU), e recebe apoio financeiro pela seleção do programa Itaú LGBT+ Orgulho. Inicialmente, a coordenação do projeto irá selecionar a primeira turma com 10 estudantes, por meio de um edital previsto para abril deste ano. O projeto será parte do Núcleo de Extensão do Instituto de Letras e Linguística (Ileel). Dessa forma, o Pajubá contará com a infraestrutura da UFU para a realização das atividades.

 De acordo com Guzzo, a formação terá um ano de duração, dividido em dois blocos: “Criação de identidade visual, história da arte africana, arte urbana, arte periférica e introdução ao design gráfico. Na segunda parte, vamos colocar em prática os conhecimentos sobre mercado editorial, construindo os materiais e livros originais da editora”, afirma.

Ao final do treinamento, a editora terá produzido três materiais originais: uma coletânea de ensaio sobre o tema “LGBT’s negros e universidade”, um livro que discute a formação do movimento trans negro, e o último, como destaque, “Cadernos Pajubá”, destinados à publicação de textos literários de autoria LGBT+. Guzzo espera que as produções tenham qualidade científica e literária, e que ‘Pajubá’ seja uma editora excelente como qualquer outra.“O nosso diferencial é a preocupação com quem está produzindo os materiais da editora e com quem irá consumi-los”, afirma o estudante.

A ideia de criar uma editora inclusiva e com diversidade teve o apoio inicial do Yalodê Geplafro UFU. A docente de Literatura do Ileel, Cíntia Camargo Vianna, sugeriu a criação da editora, uma vez que o grupo de estudos tinha dificuldades em encontrar textos que dão suporte às pesquisas sobre gênero e raça. O designer gráfico Antonio Kvalo também ajudou a estruturar o trabalho com sua experiência na editora O Sexo da Palavra.

Para Guzzo, a importância do projeto é diversificar o mercado de trabalho e conferir oportunidades: “De modo geral, o mercado de publicações, sejam elas literárias ou científicas, é dominado por pessoas brancas, heteros e cis (quem não se identifica enquanto transexual)”, conclui. 

O futuro professor de Literatura está envolvido com projetos e movimentos sociais desde quando ingressou na UFU, pois  participou do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) com o tema interdisciplinar “Educação para as relações étnico-raciais”. O aluno também participa do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros da UFU (NEAB), e é associado à Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN). Guzzo convida a quem tem afinidade com os movimentos LGBT+ e negro a contribuir com o projeto, por meio do e-mail lucasguzzo123@gmail.com.

Palavras-chave: Ciência Oportunidade LGBT+ negritude movimento negro

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