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Série: Mulheres e Meninas na Ciência

Jovem cientista da Escola de Educação Básica da UFU pesquisa doença de Chagas

Maria Fernanda Santos Silva atua em projetos de iniciação científica desde os 10 anos de idade

Publicado em 10/02/2023 às 12:35 - Atualizado em 13/12/2023 às 11:58

Você conhece alguma cientista? Sabia que existe uma data para homenagear e reconhecer as pequisadoras? O Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência é comemorado anualmente em 11 de fevereiro. Neste ano, o Comunica UFU apresenta uma série de entrevistas com pesquisadoras de diferentes etapas da formação educacional, desde o Ensino Básico até a pós-graduação.

A primeira delas é a adolescente Maria Fernanda Santos Silva, de 14 anos, aluna do nono ano na Escola de Educação Básica da Universidade Federal de Uberlândia (Eseba/UFU). Partindo da curiosidade de conhecer e aprofundar os estudos em ciência, desde os 10 anos de idade, ela desenvolve iniciação científica no Grupo de Estudos, Pesquisas e Inovações Tecnológicas (Gepit), coordenado pela professora Maísa Gonçalves da Silva.

 

Maria Fernanda desenvolveu iniciação científica a partir de análise em livros didáticos. (Foto: Marco Cavalcanti)

 

Quando estava no terceiro ano do Ensino Fundamental, Maria Fernanda recebeu o convite do professor de Filosofia para estender a apresentação de um trabalho desenvolvido em sala de aula para a Feira Ciência Viva, projeto coordenado pelo Museu  Diversão com Ciência e Arte (Dica/UFU). A participação da jovem cientista no evento proporcionou a interação com alunos de diferentes idades que pesquisaram temas diversos. Daí em diante, decidiu se inscrever no Gepit e dedicar-se à pesquisa.

Além da possibilidade de explorar diversas áreas, o grupo de estudos também oferta formações complementares por meio de minicursos, como metodologia de pesquisa, coleta de amostras e dados na área de humanas e exatas, entre outras optativas disponíveis na grade horária. A experiência em cursar as disciplinas optativas contribuiu para que Maria Fernanda entendesse como funciona as demais áreas em que também pode exercer a prática da pesquisa.

O trabalho desenvolvido em parceria com as colegas Ana Laura Silva e Mariana Vedovato Zuffi, sob orientação da professora Ariane Siqueira, denominado “A relação entre vírus e vacinas – análise dos livros didáticos”, recebeu o prêmio destaque em melhorias para educação e também o de 2º lugar na Categoria Ensino Fundamental II – Ciências Biológicas na Feira Brasileira de Iniciação Científica (Febic) 2022. O relatório final das jovens pesquisadoras aponta que o professor deveria fazer um material à parte para complementar as aulas, pois o livro didático tratava o assunto de forma superficial.

 

A aluna integra o Grupo de Estudos, Pesquisas e Inovações Tecnológicas (Gepit). (Foto: Marco Cavalcanti)

 

Além da premiação, a adolescente pode ver agora o fruto de dias intensos de estudos desenvolvidos em 2021: o capítulo sobre “Tecnologias digitais e covid-19: Conhecendo o novo coronavírus”, do livro “Iniciação científica de jovens pesquisadores - uma coletânea ciência viva”. A publicação é, mais uma vez, uma parceria com as colegas Ana Laura e Mariana Zuffi, sob coordenação das professoras Maísa Gonçalves e Ariane de Souza.

Maria Fernanda lembra de, quando aluna do sexto ano do Fundamental, ter estudado sobre “a doença do barbeiro”. No entanto, a forma como as disciplinas abordam as questões relacionadas à transmissão, tratamentos, sintomas e até mesmo prevenção em sala de aula pode ser superficial. Inclusive, foi o que ela observou na sua primeira iniciação científica, com base na sua análise de livros didáticos: a superficialidade que alguns assuntos são abordados.

 

Maria Fernanda: 'Eu indico que as pessoas interessadas procurem os professores, conversem com eles, porque eles estão ali para te orientar e te ajudar.' (Foto: Marco Cavalcanti)

 

Já no ano de 2022, dedicou-se a desenvolver um novo projeto de pesquisa. Dessa vez, o tema tem a ver com a área da saúde. Maria Fernanda tem investigado a infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. A pesquisa tem a finalidade de analisar a situação epidemiológica da doença de Chagas no município de Uberlândia (MG), no período entre 2018 e 2020. A jovem cientista tem até março deste ano para finalizar o relatório.

 

Leia a entrevista que a jovem pesquisadora concedeu para a série “Mulheres e Meninas na Ciência”:

 

Quem é você na plataforma Lattes?

Aqui, no Gepit, nós somos instruídos a manter o nosso currículo atualizado, temos minicursos sobre como usar a plataforma Lattes e lá eu me apresento como Maria Fernanda, aluna da Escola de Educação Básica da Universidade Federal de Uberlândia (Eseba/UFU) e, conforme vou participando de eventos, vou acrescentando os meus certificados e um resumo sobre as minhas iniciações científicas.

 

Qual foi a primeira vez que passou pela sua cabeça a ideia de ser uma pesquisadora?

Eu estava curiosa para saber o que estava acontecendo. E quando eu comecei a apresentar e participar de outros projetos fora do ambiente escolar, pude perceber os resultados dessa experiência e comecei a gostar. A partir disso, quis entrar em mais projetos científicos e desfrutar de todos os aprendizados. Percebo uma mudança até em sala de aula. Hoje não fico mais nervosa quando apresento seminário. Consigo perceber os benefícios até para o meu futuro. Quando eu entrar na faculdade, já tenho um currículo com muitas experiências.

 

Como era a sua relação com a ciência quando você era criança?

Acho que lá no meu quinto ano eu despertei uma curiosidade para saber o que estava acontecendo ao meu redor. E eu conversei com os meus pais sobre isso, ainda mais que aqui a gente estuda e faz pesquisa em diversas áreas.

 

Você tem alguma boa história que já vivenciou como cientista e que quando conta todo mundo acha interessante? Poderia nos contar também?

Lembro da minha viagem para Pomerode, em Santa Catarina, que foi no ano passado para a Feira Brasileira de Iniciação Científica (Febic). Lá eu pude ter contato com pessoas de todos os lugares e alunos de todas as idades. Foi muito legal observar o projeto que as crianças de primeiro ano desenvolveram durante o ano. Também foi enriquecedor trocar experiências, prestigiar a apresentação de pesquisadores de todos os lugares do Brasil e poder tirar alguma dúvida sobre o assunto que a pessoa está tratando.

 

Do que precisamos para ter mais meninas e mulheres na ciência?

Eu acho que precisamos de motivação. Devemos dar força para elas, porque pesquisa científica demanda tempo, e se elas tiverem motivação e incentivo, com certeza essas mulheres irão desenvolver um ótimo trabalho.

 

Com o retorno das aulas e orientações aqui na iniciação científica da Eseba, quais são suas expectativas para esse ano?

O que eu espero é continuar no Gepit. Ainda não sei se vou continuar a estudar sobre doença de Chagas, mas tenho certeza que vou continuar na saúde, biologia. É o que eu gosto mesmo!

 

Por fim, qual mensagem você pode deixar para quem tem interesse em pesquisa, mas não sabe como iniciar?

Eu indico que as pessoas interessadas procurem os professores, conversem com eles, porque eles estão ali para te orientar e te ajudar. Quando você explicar para eles o que gosta de estudar, esses professores irão servir como rede de apoio, e assim você consegue aprofundar na pesquisa.

 

A série "Mulheres e Meninas na Ciência" será publicada no portal Comunica UFU até 8 de março, Dia Internacional das Mulheres. Acompanhe para conhecer outras meninas e mulheres que fazem pesquisa na UFU!

 

 

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