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Esporte

Educação, esporte e cultura são a tríade que define a Olimpíada Universitária da UFU

Os jogos, que começaram no dia 15 de setembro, vão movimentar a cultura esportiva universitária da instituição até 8 de outubro

Publicado em 27/09/2023 às 12:28 - Atualizado em 24/10/2023 às 10:33

A cerimônia de abertura da Olimpíada Universitária UFU acontece, tradicionalmente, na arena Sabiazinho. Foto: Milton Santos

“[...] Tio, quanto tá a balinha?

Cheguei a perguntar 

 

Pra você é de graça 

Pode levar 

 

Paaaa! Som de tiro 

 

Tio? Tio? 

Porque você fez isso? 

 

Uai! Foi você que pediu 

Não era a bala que você queria? 

Você com esse estilo, essa cor 

Esse jeito, essa dor 

Não tinha outra que você merecia 

 

[...] Tio me fala porque cê fez isso 

Hoje tinha atração no baile da quebrada 

Essa história poderia ter sido a minha 

Mas sou mais um preto que cresceu sem nada 

 

Hoje eu estudo em faculdade federal 

Minha mãe tá orgulhosa olhando pra mim 

Meu coroa trabalhou como um animal 

Mas eu percebi que eu posso mudar esse fim”

 

 

Jovem negro com vestimentas da cultura de periferia tirando uma corrente de ouro do pescoço
Kássio Rodrigues é estudante de Teatro, na UFU, e interpreta o mascote da A.A.A. das Artes desde outubro de 2022. (Foto: Gilson Carvalho Júnior)

 

O texto acima é um trecho da música escrita pelo músico Murilo Prissinoti, que compôs a melodia para a apresentação do time de cheer dance, Arlekings, da Associação Atlética Acadêmica (A.A.A.) das Artes, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O grupo, tradicionalmente, se apresenta na abertura da Olimpíada Universitária da UFU e sempre traz ao público uma mensagem. Neste ano não foi diferente e, coincidentemente, conversou muito com os discursos feitos pela mesa de convidados do evento. 

O Arlequim, mascote da A.A.A. das Artes, sempre representa uma figura ou perfil social. O primeiro deles era a representação do palhaço Arlequim da Commedia Dell’Arte. De lá pra cá outros perfis foram representados pelo mascote: um homem preto, gay e de periferia; uma mulher que representasse a Arlequina, feroz, fora dos estereótipos que se espera de uma mulher; uma drag, que mostrava o mundo drag e queer; e uma mulher preta e gorda, que mostrava que essa mulher fora do padrão também é capaz de tudo. 

Hoje, o Arlequim retorna ao perfil de um homem preto, pobre e de periferia, mas com um foco ainda maior para os jovens que se tiverem chances, principalmente oportunidades de educação de qualidade, podem mudar o próprio futuro, o da família e da comunidade. O estudante de teatro, Kássio Rodrigues, interpreta o atual mascote e explica a ideia do  perfil do Arlequim, “Na época em que pensamos nesse perfil, o Brasil vinha passando por muitos massacres policiais. No ano de 2019, cinco jovens pretos foram assassinados com 111 tiros em Costa Barros - Rio de Janeiro. Nós queríamos contar a história de jovens como esses. Se eles tivessem tido a chance de viver a oportunidade de ir pra faculdade, se formar e ter uma vida normal…”, afirma o discente. 

 

Grupo de cheerdance da Atlética das Artes, os Arlekings, na apresentação durante a abertura da Olimpíada UFU
A Arlekings é a equipe de cheerdance mais tradicional da UFU. (Foto: Gilson Carvalho Júnior)

 

Kássio interpreta o mascote desde o ano passado, quando recebeu a “passagem de bastão” durante a apresentação da abertura da Olimpíada UFU 2022. Ele afirma que assumir esse papel é de grande responsabilidade já que ele representa inúmeras pessoas do Brasil e do mundo que passam por opressão, racismo, marginalidade e que não tem poder de fala. “Assumir esse mascote é poder ser cada uma dessas pessoas que são agredidas dia a dia. O mascote tem a responsabilidade de poder falar um pouquinho que seja por elas”, completa o estudante.

No final do trecho da música, “Hoje eu estudo em faculdade federal [...] eu percebi que eu posso mudar esse fim”, os Arlekings reforçam a ideia de que a educação pode mudar trajetórias de vida e trazer um mundo de possibilidades para qualquer pessoa, seja ela preta, pobre e de periferia. O recado reforça uma mensagem deixada pelo próprio reitor da UFU, Valder Steffen Júnior, na cerimônia de 45 anos de federalização da universidade, que a UFU tem um dever de gerar mudanças de vida. Naquela oportunidade ele também pontuou que muitas pessoas passam na porta da universidade achando que ela não é para elas. “O sonho tem que ser resgatado! A Universidade Federal de Uberlândia é, sim, deles e delas!”, completava o reitor.

Valder Steffen Jr. também esteve na cerimônia de abertura dos jogos da UFU e em seu discurso deixou um abraço fraterno aos 2400 atletas das 20 atléticas da instituição que participam da Olimpíada, e ressaltou a importância do evento. “A nossa universidade é ensino, pesquisa e extensão, mas também é esporte, mas também é Olimpíada Universitária de 2023”, afirma o reitor.

 

Reitor da UFU discursando na abertura da Olimpíada UFU 2023
Reitor Valder Steffen Jr. é quem dá a palavra oficial de abertura dos jogos da UFU. (Foto: Milton Santos)

 

Vale ressaltar que as práticas esportivas são incentivadas pela UFU por meio  de ações e eventos organizados pela Divisão de Esporte e Lazer Universitário da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (Diesu/Proae) da UFU. A realização da Olimpíada Universitária da UFU é uma forma de promover a ampla mobilização da juventude universitária em torno do esporte  em diversas modalidades esportivas; propiciar a integração sócio-esportiva entre os universitários da UFU, estreitando os laços de amizade e congregando-os em um evento esportivo de qualidade; contribuir para a elevação da qualidade de vida e para o processo de formação integral do universitário, socializando o conhecimento sobre a importância da atividade física e do lazer na vida do ser humano; despertar e revigorar o interesse dos universitários em competições esportivas; entre outros objetivos explicitados no Edital Proae nº 10/2023.

E pode se dizer que a comunidade discente da UFU abraça com muita dedicação o esporte universitário e se empenha cada vez mais por melhores resultados. No primeiro final de semana de jogos, nos dias 16 e 17 de setembro, das 132 partidas programadas das modalidades coletivas - basquete, futsal, futebol, handebol, peteca e vôlei - apenas três delas não aconteceram por w.o, ocasionados por problemas de horário dos compromissos pessoais dos estudantes-atletas com o das partidas. 

Já no último final de semana, 23 e 24 de setembro, os dois dias foram dedicados às modalidade individuais - atletismo, judô, natação, tênis de mesa e xadrez - e o cheerleading, que é misto, e especialmente no atletismo e natação é possível ver como a dedicação dos estudantes-atletas cresce cada vez mais a ponto de quebrarem marcas recordes já estabelecidas na competição, mesmo acontecendo em um dos dias que a cidade registrou uma das maiores temperaturas do ano, 35ºc e 36ºc. Alguns deles quebraram o próprio recorde, uma ou duas vezes, e em outras provas os dois primeiros colocados quebraram o recorde anterior, como consta a seguir:

 

Recordes do Atletismo:

  • PROVA: 200m rasos
    ANTIGO: 27.4s - Luciana Medeiros (Medicina)
    NOVO: 27s - Isabela Martins (Medicina)
    26.2s - Luciana Medeiros (Medicina)

 

  • PROVA: 400m rasos
    ANTIGO: 1.03.8min - Luciana Medeiros (Medicina)
    NOVO: 1.02.2min - Luciana Medeiros (Medicina)

 

Luciana Medeiros, atleta da Medicina e dona dos recordes do 200m e 400m rasos da Olimpíada UFU, é também pentacampeã na competição. (Fotos: Ítana Santos)

 

  • PROVA: Arremesso de peso
    ANTIGO: 9.44m - Bruna Brito (Monetária)
    NOVO: 9.85m - Kelly da Silva (Educa)

 

Kelly da Silva, disputou com a atual campeã e recordista da competição, que ficou em terceiro lugar. Além do arremesso de peso, Kelly também venceu o lançamento de disco e se tornou tetracampeã do arremesso de peso. (Fotos: Ítana Santos)

 

  • PROVA: Rev 4x100m
    ANTIGO: 46.3s Engenharia Udi
    NOVO: 45.7s Monetária

 

  • PROVA: 800m rasos
    ANTIGO: 2.09min - Evertton Martins (Educa)
    NOVO: 2.08.7min - Vinicius Vieira (Monetária)

 

Vinicius Vieira, campeão dos 800m rasos da Olimpíada UFU 2023, cravou o novo recorde da competição vencendo o atual campeão da prova. (Fotos: Ítana Santos)

 

  • PROVA: Arremesso de peso
  • ANTIGO: 11.71m - Davi Laboissiere (Medicina)
    NOVO: 12.36m - Davi Laboissiere (Medicina)
    12.40m - Otávio de Oliveira (Aplicada)

 

  • PROVA: Salto em distância
    ANTIGO: 6.68m - Valter Lourenço (Educa)
    NOVO: 6.86m - Valter Lourenço (Educa)
    6.95m - Valter Lourenço (Educa)

 

Valter Lourenço, em sua segunda participação na Olimpíada UFU, quebrou o recorde da prova do salto em distância, que já era dele, feito ano passado, duas vezes neste ano. (Fotos: Ítana Santos)

 

Recordes da Natação:

  • PROVA: 50m costas
    ANTIGO: 00:35,62 - Ana Julia Campos (Direito)
    NOVO: 00:35,62 - Ana Julia Campos (Direito)

 

  • PROVA: 100m costas
    ANTIGO: 01:21,20 - Ana Julia Campos (Direito)
    NOVO: 01:20,72 - Ana Julia Campos (Direito)

 

  • PROVA: 100m peito
    ANTIGO: 01:10,48 - Guilherme Lisboa (Monetária)
    NOVO: 01:09,31 - Guilherme Lisboa (Monetária)

 

  • PROVA: 200m livre
    ANTIGO: 02:06,65 - Vitor Tomé (Computação)
    NOVO: 02:06,55 - Vitor Tomé (Computação)

 

  • PROVA: 100m costas
    ANTIGO: 01:08,78 - Geovani Paiva (Fisioterapia)
    NOVO: 01:07,51 - Benjamin Baeta (Eng. Udi)

 

A prática e os resultados do esporte universitário na UFU são extremamente positivos. Tanto que a universidade segue investindo na formação educacional dos estudantes e incentivando o esporte de alto rendimento por meio da parceria com o Praia Clube e juntos colhem ótimos resultados. O estudante de Zootecnia e conselheiro da Liga das Atléticas da UFU (Laufu), Matheus Marques, também discursou na abertura dos jogos e ressaltou a força que a UFU tem no esporte. “Que esse ano a gente possa, assim como nos anos anteriores, mostrar para a cidade, para o estado e o Brasil o quanto a nossa universidade é forte, o quanto o nosso esporte é forte, porque a gente sabe que outras universidades por aí tem medo de nos enfrentar e a gente vai mostrar isso, nesses quatro finais de semana, mais uma vez, porque nós somos a maior olimpíada universitária do país”, exclama Matheus. 

 

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