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Ozonioterapia no tratamento de animais

Data de Publicação: 05/05/2009 - 05:40

Por elianemoreira@dirco.ufu.br

Ozonioterapia é aplicada nas criaturas em estado terminal e que não responderão à medicação convencional.
          “Os resultados têm superado as expectativas”. A afirmação é do professor César Augusto Garcia, diretor da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, referindo-se ao ozônio (O3) no tratamento de animais. A ozonioterapia, como é chamada, é utilizada em pesquisas nos animais do Hospital Veterinário que estão em fase terminal e não respondem ao tratamento convencional, mediante autorização do proprietário.             A introdução da técnica no tratamento de animais começou há cinco anos na UFU, mas o professor conheceu o gás ainda em Alfenas, há 25 anos, quando era utilizado por produtores para evitar a acidificação do leite. “Os produtores borbulhavam o gás dentro do recipiente, onde era armazenado o produto. Como o ozônio é bactericida, eles evitavam que o leite ficasse azedo”, explica César.             Antes de introduzir o ozônio em pesquisas, o gás foi testado pelo professor em diversas situações: conservação de alimentos, tratamento de efluentes, exterminações de insetos, ácaros e pragas, e esterilizações de ambientes e instrumentos cirúrgicos. “Para avaliarmos os resultados, fazíamos a contagem microbiológica antes e após o uso do gás, e percebíamos que a redução das bactérias era intensa”. Só a partir destas experiências que César optou pelo uso do ozônio no tratamento dos animais.   Tratamento             O ozônio (O3) é um gás instável, incolor, de odor metálico, com propriedades bactericida, viricida e fungicida, e é produzido a partir do oxigênio (O2) que, ao sofrer descarga elétrica  dentro de um gerador, se divide produzindo duas moléculas de oxigênio atômico (O) que, por sua vez, se unem à outras moléculas de O2, transformando no ozônio. A fonte de O2 é uma ampola de oxigênio com 99,5% de pureza que alimenta um gerador de ozônio. O que sai do gerador, constituído de 5% de ozônio e 95% de oxigênio, é aplicado no animal.             A aplicação do O3 pode ser sistêmica ou local, dependendo da doença. A primeira atinge todo organismo do animal e é feita por auto-hemoterapia (o sangue é retirado da jugular do animal e misturado ao ozônio e, em seguida, é aplicado novamente) e por insuflação retal (o gás é introduzido pelo reto do animal). As aplicações locais são feitas diretamente nas lesões, com o ozônio misturado a outras substâncias como água bidestilada e deionizada ou óleo de girassol, milho e oliva. A aplicação local pode ser feita também com a ajuda de um bag, saco inflável que é colocado na parte do corpo que receberá a aplicação, e ainda, peri e intravertebral, no caso de inflamações em nervos e hérnia de disco.             A ozonioterapia já mostrou grandes resultados em diversas patologias como: habronemose (ocasionada pelo depósito de larvas de moscas sobre o ferimento), tumor sarcoide (comum em equinos), lesões por fungos e erlichiose canina (transmitida pelo carrapato). “Quando o animal está acometido da erlichiose, o número de plaquetas no sangue diminui consideravelmente. Percebemos que, após a primeira aplicação do ozônio, as plaquetas atingem valores superiores ao normal”, explica César Augusto. O uso do ozônio só não é aconselhável por inalação. “Quando inalado em grandes quantidades é tóxico, cancerígeno e pode provocar deformações genéticas. Por isso, todos os geradores, equipamentos utilizados na transformação do O2 em O3, devem ser utilizados em ambientes ventilados e possuir filtro destruidor dos resíduos”, esclarece o professor.   Seres humanos             O uso da ozonioterapia em humanos é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Isto acontece porque até hoje não existe gerador de ozônio registrado. O processo é longo e burocrático. Aliado a isso, existe a pressão de multinacionais que fabricam antibióticos. O ozônio é o maior concorrente, já que tem o mesmo efeito a custo bem inferior. Para o tratamento, são necessários apenas a ampola de oxigênio e o gerador, que custa em média R$5 mil”, destaca o professor. Isto explica também o fato do ozônio ser usado somente no tratamento de animais que não respondem mais aos antibióticos. “Como a legislação não permite o uso em humanos, nos tratamentos de rotina, por precaução  não usamos em animais”.  

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