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Um uberlandense na terra dos vikings

Data de Publicação: 04/06/2009 - 07:54

Por portal.dirco

Adilson José de Assis*   Uma das melhores formas dever melhor nossa cultura, o que temos de bom e o que necessita ainda ser melhorado, é por comparação. Neste sentido, viver em outro país, mesmo que pelo período de um ano, auxilia muito. Cheguei na Dinamarca há cerca de três meses a fim de realizar estágio de pós-doutorado como bolsista da Capes na Universidade Técnica da Dinamarca, localizada na cidade de Lyngby, mas que faz parte da grande Copenhague, a capital do país.   Sair para cursar pós-graduação, em qualquer nível, não é uma tarefa fácil, principalmente em um outro país. Há um caminho longo e às vezes tortuoso a trilhar. Inicialmente, tem-se que estabelecer o contato com um grupo externo e ser aceito nele. Depois, elaborar um projeto a fim de ser submetido às agências de fomento para pedir bolsa. Depois, vem a burocracia interna, relativa ao pedido de afastamento, e a externa, com o pedido de visto. Após tudo isto vencido, há ainda a organização da vida pessoal, para ficar fora uma temporada, envolvendo mudanças na cidade de partida e de destino. Vencido tudo isto e chegando ao novo país, vem a fase de conhecer a cultura, se adaptar a ela na medida do possível, a barreira do idioma, tomar ciência das obrigações legais etc. Mas vale a pena, pois o aprendizado técnico e pessoal é grande, apesar dos pequenos sacrifícios e renúncias.   A Dinamarca possui uma das maiores rendas per-capita do mundo e, em consequência, os preços são elevadíssimos, do aluguel, passando pelo transporte, até a alimentação. A regra aqui é comprar apenas o necessário, sem consumismo, o que é bom. As diferenças salariais entre quem ganha mais e quem ganha menos são pequenas. O país tem uma rede de proteção social invejável, com educação e saúde gratuitos, em todos os níveis. Apesar do seguro desemprego durar até quatro anos e garantir quase o salário integral, o índice de desemprego não passa dos 2%. Claro que tudo isto demanda recursos e os impostos aqui são pesadíssimos, mas ninguém parece reclamar. Aliás, são extremamente prestativos, gentis e parecem estar sempre de bom humor e alegres. Apesar do idioma oficial ser o dinamarquês, praticamente toda a população fala inglês fluentemente.   O transporte público aqui é muito eficiente, mas quase 40% da população usa a bicicleta como meio de transporte, inclusive eu. Há ciclovias locais, regionais e nacionais, bem sinalizadas e de impecável conservação. O terreno plano favorece seu uso, mas o clima frio e chuvoso na maior parte do ano é um desafio a ser vencido, principalmente por mim, um "habitante dos trópicos". As casas não possuem muros, apenas cercasvivas, e pode-se andar a pé ou de bicicleta pelas ruas a qualquer hora do dia e da noite sem medo de qualquer tipo de violência. Além da bicicleta, ter e cuidar de um jardim pessoal é uma atividade sagrada para eles. Nos fins-de-semana de clima favorável as famílias saem juntas para passear, fazer pic-nic e outras atividades recreativas, ao ar livre, curtindo o sol e a boa vida. Só para constar, em 2007 ocorreram apenas 47 assassinatos no país, que tem pouco mais de cinco milhões de habitantes. * Professor na Faculdade de Engenharia Química da UFU http://dkumanoticia.wordpress.com

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