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Plantas medicinas e fitoterápicos

Data de Publicação: 09/06/2009 - 05:59

Por elianemoreira@dirco.ufu.br

Encontros acontecem semanalmente e têm como proposta, difundir o uso de fitoterápicos na medicina
Para azia ou má digestão, um copo de boldo". "Ao sentir dores nas pernas, passe arnica e eucalipto com álcool". Quem nunca tomou um chá, ou procurou ajuda nas "garrafadas"? Receitas, que muitos já ouviram da avó, ou mesmo, dos mais "entendidos" em plantas medicinais, pois como diz o velho ditado, "de médico e louco cada um tem um pouco". Os números estão aí para confirmar. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% da população usam plantas medicinais, uma tradição secular. Mas afinal, o que são plantas medicinais? Segundo o professor de farmacologia, Hudson Canabrava, do Instituto de Ciências Biomédicas, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), é qualquer planta que apresente, em um ou mais de seus órgãos, substâncias que podem ser usadas com fins terapêuticos, ou que podem servir como precursores para a síntese químico-farmacêutica. Com o objetivo de difundir o uso de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos, o professor coordena um grupo de estudos que se reúne toda terça-feira, às 18 horas. O encontro, que é aberto à comunidade, reúne profissionais e alunos de diversas áreas da saúde. "Esse grupo é uma das ações realizadas pela Rede FitoCerrado, a proposta é ser um ponto de partida para difusão do fitoterápico, promovendo uma discussão voltada para a possibilidade do uso dessas plantas na medicina", esclarece Canabrava. O aluno Rodrigo Ferreira Alves, do 3º ano do curso de Medicina da UFU, participa do grupo de estudos. Ele conta que conheceu a fitoterapia durante estágio que fez no exterior. "Viajei para Portugal em 2007, fiquei lá durante um ano, estudando políticas de saúde de outros países, percebi que os fitoterápicos são muito utilizados na Espanha e Alemanha. As vantagens vão desde a segurança do medicamento, aos menores efeitos colaterais e ao custo". Contudo, quando se fala em fitoterapia logo há associação com as plantas medicinais. É importante deixar claro a diferença. "A planta medicinal é toda aquela que apresenta princípios ativos que, em qualquer um dos seus órgãos, pode ser utilizada para tratar ou prevenir doenças. Na medicina popular é utilizada in natura ou com processamento simples, em forma de chá, e nem sempre tem comprovação científica. Já o fitoterápico é preparado a partir de uma ou mais plantas, que sofrem processo técnico de padronização, de maneira que os princípios ativos são extraídos, porém não isolados, constituindo o fitomedicamento, com controle de qualidade e padrão de segurança", reforça o professor Hudson Canabrava. O uso do medicamento fitoterápico, segundo o professor, é mais comum em algumas especialidades como clínica médica, psiquiatria e ginecologia. Vários destes medicamentos são de prescrição obrigatória. "O Brasil, por questões conjunturais e históricas, utiliza muito menos medicamento fitoterápico do que deveria, então é necessário resgatar não só a nossa cultura, mas aproveitar a nossa enorme biodiversidade, porque talvez um dos caminhos do Brasil, na área de produção de medicamento, seja explorar especialmente a nossa flora, a maior do mundo. As nossas maiores possibilidades estão no desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos", enfatiza Canabrava. Rede FitoCerrado O Grupo de Estudos de Plantas Medicinais e Fitoterápicos é uma das ações desenvolvidas pela Rede FitoCerrado, uma Organização Não Governamental (ONG) ancorada pela Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis da UFU. A proposta da Rede é promover ações, baseadas no interesse de plantas medicinais e preservação do bioma do Cerrado. A Rede é coordenada pelo professor de Bioquímica Foued Salmen Espindola, do Instituto de Genética e Bioquímica, da UFU. A ONG promove ainda, oficinas para a comunidade sobre plantas medicinais, encontros e simpósios. "Nosso maior desafio é estimular as prefeituras a terem horto, laboratório fitoterápico municipal, com farmacêuticos e os médicos prescrevendo esses medicamentos e distribuindo para a população". Outro desafio que a Rede tem pela frente é a implantação de um Horto Escola de Plantas Medicinais. Os recursos no valor de R$50 mil já foram liberados, por meio de emenda parlamentar, agora está sendo analisado o local para a implantação. "O Horto vai servir de instrução à capacitação de agricultores e familiares. Esse é o papel da Universidade, a pesquisa em benefício da população", ressalta o professor.  

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