Pular para o conteúdo principal

Projeto Rondon é oportunidade de conhecer os ‘Brasis’

Data de Publicação: 14/10/2009 - 07:43

Por Marco Cavalcanti

Grupo de alunos da UFU levaram conhecimento acadêmico para o agreste paraibano
            Enquanto quase a totalidade dos universitários brasileiros estava curtindo férias entre os meses de julho e agosto deste ano, um grupo de cerca de 800 deles estavam tendo, provavelmente, uma das mais importantes aulas de suas vidas: a participação no Projeto Rondon.             Idealizado em 1966, interrompido em 1989 e retomado em 2005, o Projeto Rondon é uma das maiores iniciativas sociais e educacionais do país. Longe de ser uma ação assistencialista, o trabalho visa dar oportunidade aos jovens voluntários de conhecerem um pouco da realidade brasileira a partir da troca de conhecimentos com lideranças comunitárias locais, servidores públicos, professores, agentes de saúde, organizações da sociedade civil e a comunidade em geral.             Da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), um grupo interdisciplinar de sete alunos, sob a coordenação de um professor, atuou durante onze dias em Serra Redonda, no Agreste paraibano. O município é uma das inúmeras áreas prioritárias de atuação estabelecidas pela coordenação do Projeto, a cargo do Ministério da Defesa.             Os alunos realizaram palestras, oficinas, reuniões, visitas e trabalhos de campo que abordavam o Trabalho, a Tecnologia e Produção, a Comunicação e o Meio Ambiente. “Nós tivemos um cuidado muito grande de não ‘despejar’ conteúdos em cima das pessoas. Fomos cautelosos e parcimoniosos”, afirma o professor do Instituto de Geografia Luiz Gonzaga Falcão Vasconcelos, que coordenou o grupo da UFU.             Apesar de ter participado de reuniões preparatórias, Elberth Teixeira, do 8º período do curso de Enfermagem, levou uma rasteira da realidade. “A gente passou noites em claro fazendo apresentação em PowerPoint para falarmos sobre racionamento de água. Chegamos lá e vimos que eles não têm água nem para beber”, conta.             Mas nada chocou tanto o rondonista do que se deparar, na comunidade do Matias, remanescente de quilombo, com uma criança de menos de três anos de idade com desnutrição severa. “Na desnutrição severa, a criança chega a consumir as proteínas do corpo dela como forma de obter energia”, explica Elberth. “Me senti aleijado por não poder fazer muito por ela. Foi um susto saber que existe isso no nosso país”, revela. É o Brasil conhecendo o Brasil.             Para o professor Falcão, as pessoas têm que despertar para a importância de  terem uma presença ativa na sociedade. “Por vezes, as pessoas renunciam a sua condição de insurgir, de questionar as condições estabelecidas. Trabalhamos nessa perspectiva lá, que chamamos de ‘educação para a cidadania’”, explica. “Temos a convicção de que as coisas podem ser melhores. Tanto podem que a gente foi lá, levou, trocou, aprendeu, ensinou. O problema é não ter continuidade”. conclui.     ‘É uma escola de humanidade’ “Eu fui mais esperançosa, achando que o Projeto Rondon era para beneficiar mais a comunidade do que o universitário, mas quando eu cheguei lá, eu vi que os beneficiários éramos nós mesmos” Lara Mujali, aluna do curso de Ciências Sociais   ‘É uma experiência maravilhosa’ “Para mim foi o que valeu a pena aqui na UFU até o momento. E não somente de trabalho de extensão. Foi a melhor experiência enquanto estudante aqui na Universidade, desde quando eu entrei. Ana Cláudia Lemos Gomes – aluna do curso de Biologia  

A11y