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De volta ao passado

Data de Publicação: 21/12/2009 - 16:13

Por elianemoreira@dirco.ufu.br

Professor da UFU participa de expedição no Acre e localiza fósseis do jacaré Purussaurus brasiliensis
O professor do curso de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia, Douglas Riff, participou de uma expedição em agosto deste ano a um dos mais importantes sítios paleontológicos do Brasil. Ele visitou o “Niterói”, do período Mioceno, formado há oito milhões de anos no estado do Acre e localizado nas proximidades da capital, Rio Branco, à margem direita do Rio Acre. O sítio foi descoberto por pesquisadores da Universidade Federal do Acre (UFAC), na década de 1980.   Riff participou da pesquisa, atendendo ao convite do professor Jonas Pereira de Souza Filho, da UFAC. O local reúne fósseis de mamíferos extintos (preguiças gigantes, além de roedores e primatas), répteis, aves, peixes e microfósseis.   Os trabalhos de escavações foram feitos em uma área de aproximadamente 2 km. Durante seis dias, os pesquisadores conseguiram coletar microfósseis de ostrácodes (grupo de crustáceos) e fragmentos mandibulares de jacarés como gaviais (que hoje só existem na Índia) e o gigante Purussaurus brasiliensis, jacaré que chegou a medir 12 metros, o maior do planeta.   Muitos fósseis encontrados estavam expostos. “A correnteza do rio leva o solo e expõe as rochas onde estão os fósseis. Por isso, o trabalho deve ser frequente, pois a cada período chuvoso, a paisagem se renova e eles aparecem, é um processo dinâmico. Sítios paleontológicos sempre apresentam novidades”, explica o professor.   Além das escavações, os pesquisadores traçaram o perfil estratigráfico, um estudo que determina como se dá a sucessão de fósseis e sedimento no sítio fossilífero. “Coletamos amostra do sedimento que serve de guia para entendermos os fósseis expostos”, ressalta o professor. Esta parte da pesquisa é desenvolvida por geólogos da Universidade de Brasília (UnB). Depois de coletados, os fósseis de maior porte são envolvidos em papel higiênico, alumínio e em bandagens de gesso. “Fazemos um invólucro para evitar que a peça se danifique”, explica Douglas Riff.   Na bagagem, o professor trouxe fragmentos de oito crânios de jacarés extintos que servirão para iniciação científica de alunos da UFU. Para Riff, especialista na área, essas pesquisas são fundamentais para compreendermos o mundo em que vivemos. “Os fósseis são os únicos testemunhos de mundos que já se foram”.   E o trabalho de pesquisa não para por aí. Em fevereiro de 2010, será publicado na Inglaterra, pela Editora Wiley-Blackwell, o livro Amazônia: Landscape and Species Evolution: A Look into the Past, em que o professor redigiu um dos capítulos (que trata dos répteis fósseis mais comuns na Amazônia, crocodilos e tartarugas) ao lado de outros pesquisadores. A obra traça um registro fóssil e geológico da Amazônia mostrando sua origem e evolução.  

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