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Projeto resgata autoestima e cidadania dos pacientes

Data de Publicação: 10/03/2010 - 08:05

Por portal.dirco

Por meio de atendimento psicopedagógico pacientes aprendem a ler e a escrever enquanto passam por sessão de hemodiálise
  Imagine ficar de três a quatro horas ligado a uma máquina de hemodiálise três vezes por semana? O que parece penoso é a realidade de muitos pacientes que sofrem de doenças renais, entre eles está Jorge Ribeiro Martins.    Há quase três anos ele viaja cerca de 180 km, de Patrocínio até Uberlândia, três vezes por semana, para fazer hemodiálise. Nos últimos seis meses, a rotina de Jorge Martins durante as sessões do tratamento mudou. Em meio a jogos, músicas e com a ajuda da psicopedagoga Pérsia Karine Rodrigues Kabata, o paciente está descobrindo um mundo novo: o mundo das letras. A iniciativa faz parte do projeto “Psicopedagogia e Educação em Saúde”, desenvolvido pelo setor de Psicologia da Saúde do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), que tem como um de seus objetivos a alfabetização de adultos.   Quando chegou ao HC-UFU, Jorge não sabia ler e tinha dificuldade até para assinar o nome. Ele frequentou a escola quando criança, “mas ia um dia e depois não ia mais”. Não conseguiu sair do primeiro ano. Também participou de um curso de  alfabetização de adultos, em Patrocínio, cidade onde mora “Participei uns três meses, mas era difícil, porque o dia que chegava daqui, não dava conta. Estava passando mal. Outro dia não dava para a minha mulher me levar. Desisti”, afirma. No hospital, ele encontrou o apoio e a confiança que precisava para aprender a ler.       Por meio da proposta sociointeracionista, a psicopedagoga trabalha as aprendizagens e as reaprendizagens dos pacientes, tornando-os sujeitos do processo do conhecimento. “Sou apenas uma mediadora. A partir do diagnóstico da história de vida do paciente traço estratégias e metas. Utilizo jogos, músicas, sempre partindo de algo que seja significativo para o paciente. Este é o ponto-chave da aprendizagem, pois aprendemos aquilo que é significativo para nossas vidas”, explica Pérsia. No caso de Jorge Martins, para dar início ao processo de alfabetização, a psicopedagoga utilizou fotos da família. Deu certo. “Hoje já estou lendo e agradeço à Pérsia, pois o que eu sei foi ela que me ensinou”, declara. Feliz com os conhecimentos adquiridos, Jorge faz planos e revela o seu maior desejo: tirar a Carteira Nacional de Habilitação. “Tenho carro, mas é a minha mulher que dirige, pois não tenho carteira. Quero, até o final deste ano, tirar a habilitação”, acredita.   Benefícios Além de ajudar a passar o tempo durante as sessões de hemodiálise, vários são os benefícios que o projeto “Psicopedagogia e Educação em Saúde” proporciona aos pacientes.   Para o médico Emerson Nunes Costa, chefe da Unidade de Hemodiálise do HC-UFU, saber ler a receita e a bula do medicamento favorece uma maior adesão ao tratamento. “A partir do momento que ele sabe da necessidade da medicação, do horário e da maneira correta de utilizá-la, o paciente ajuda no acompanhamento”, garante.   Diante de tantos benefícios, a equipe não esconde a satisfação em realizar um trabalho que proporciona ao paciente, mesmo em meio à dor e ao sofrimento, descobrir um espaço de vida. “Isto é humanização”, garante Pérsia.  

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