Dados do Ministério da Saúde demonstram que a cada ano nascem no Brasil cerca de 3,5 mil crianças com doença falciforme e 200 mil portadoras do traço falciforme. No estado de Minas, segundo dados do Programa Nacional de Triagem Neo Natal (2008), a cada 1,4 mil que nascem, uma tem a doença e a cada 23 que nascem, uma tem o traço falciforme. A prevalência da doença é maior nos estados com grande concentração de afrodescendentes. O “Programa de Ações Psicossociais e de Saúde Abordando a População Negra com Doença Falciforme” da Divisão de Relações Comunitárias, vinculado a Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis da Universidade Federal de Uberlândia (DIVCO/PROEX/UFU) foi criado, segundo os coordenadores, para identificar as famílias com a doença, por meio de atividades planejadas. “A proposta diz respeito a sociedade para formulação de políticas públicas para as pessoas com doença falciforme e está articulando vários projetos, subdivididos em eixos temáticos, educação, saúde e cultura, com enfoque nas questões étnico-raciais”, explica a professora do curso de Fisioterapia da UFU e coordenadora do Programa, Célia Regina Lopes. O Programa, de acordo com a professora, vai promover espaços de discussões, relacionados às políticas públicas, com recorte étnico-racial e da saúde da população negra com a doença. Ainda, de acordo com Célia, para a maioria dessas pessoas, dois fatores têm grande influência na qualidade de vida: a descendência escrava africana e o baixo nível sócio econômico. Aos participantes do Programa são ofertadas ações integradas nas áreas cultural, educacional e de saúde. “O programa é caracterizado pela congruência de diferentes projetos e os participantes definem aqueles que desejam participar”, ressalta Célia. Os interessados devem procurar a DIVCO por meio do telefone (34) 3239 4861. Sobre a doença A doença falciforme é uma das doenças hereditárias mais comuns no Brasil e apresenta, já nos primeiros anos de vida, manifestações clínicas importantes, o que representa um sério problema de saúde pública no país. Essa doença atinge, principalmente, a população negra. É resultante de alteração genética, caracterizada pela presença de um tipo anormal de hemoglobina denominada S(HbS). Esta faz com que as hemácias adquiram a forma de foice (daí o nome de falciforme) em ambiente de baixa oxigenação, dificultando sua circulação e provocando obstrução vascular.