O acesso a bancos de dados, e-mails, interatividade por meio da internet, telefonia e televisão são exemplos de como a computação é utilizada para tornar mais fáceis e seguras uma série de tarefas do dia a dia das pessoas. Com isso, a demanda por profissionais que atuem nesse segmento é crescente, ocasionando a escassez de mão de obra qualificada. Com o objetivo de instigar os estudantes do ensino médio de Patos de Minas a conhecerem e se interessarem pela profissão, a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) criou o projeto “Robocode: aprendendo algoritmos e linguagem Java de forma rápida e divertida”. O projeto foi estruturado para que os alunos do ensino médio tenham contato com algoritmos e linguagem de programação, estimulando o raciocínio lógico-matemático. Geralmente, os estudantes só têm contato com esses conteúdos na universidade, e somente nos cursos das áreas de Ciências Exatas e Engenharias. Esse aprendizado tardio resulta em altos índices de evasão escolar. “Ao levarmos esse conhecimento aos alunos antes do ingresso no ensino superior, eles já terão uma noção mais realista do que é o curso, além de já terem uma base em conteúdos que serão abordados”, explica o professor do curso de Engenharia Eletrônica da UFU de Patos de Minas, Laurence Rodrigues do Amaral, coordenador do projeto. Esse aprendizado ocorre com o auxilio do Robocode, um jogo usado para aprender a programar, principalmente na linguagem Java. Escolas e universidades estão usando esse ambiente como parte do ensino voltado para a programação e também para estudar Inteligência Artificial, uma vez que ele tem como característica o fácil entendimento, sendo uma maneira divertida de se aprender a programar. Esse jogo educativo consiste em desenvolver um tanque de guerra robô para a batalha contra outros tanques em Java ou .NET. No torneio, as batalhas de robôs estarão sendo executadas em tempo real e na tela. O projeto é constituído de quatro etapas. A primeira delas, já realizada, consistiu no treinamento dos bolsistas nas tecnologias de programação. Já na segunda etapa, eles elaboraram palestras e mini-cursos sobre o tema para serem realizadas em escolas, da rede pública e privada, de Patos de Minas, disseminando os conteúdos obtidos nos treinamentos para cerca de 100 estudantes. E para testar a aplicabilidade prática do aprendizado adquirido na etapa anterior, nos dias 14 e 15 de dezembro será realizado o “I Torneio de Robocode da UFU/Patos de Minas”, terceira fase do projeto, que é aberta ao público. Por fim, os dados obtidos no projeto serão utilizados na elaboração de um artigo científico, para que a experiência seja compartilhada em eventos da área. Aprendizado compartilhado Para o professor Laurence, mais importante do que o aprendizado técnico é o amadurecimento e a responsabilidade que os participantes estão adquirindo ao participarem do projeto Robocode. “Nosso objetivo é estimular a busca autônoma pelo conhecimento. É muito bacana ver o quanto os bolsistas estão motivados e envolvidos com o projeto. Esperamos poder despertar o mesmo interesse em todos que participarem das atividades de disseminação”, diz. Outro ponto a ser destacado é que o projeto é realizado em conjunto por alunos do ensino médio e da graduação. Vinicius Miranda Sousa e Luis Fernando de Oliveira, da Escola Estadual Marcolino Barros, são bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Júnior (PIBIC) e Douglas Rafaell Pereira, Igor Kern Brito de Freitas e Vilmondes Ribeiro Silva, estudantes de Engenharia Eletrônica, e Alinne Brandão, da Engenharia de Alimentos, são bolsistas do PIBIC. “Estou atuando como coorientador do Vinicius e do Luis e essa experiência está sendo muito enriquecedora para mim. Além disso, o projeto está sendo bem recebido pelas escolas e pelos alunos”, conta Vilmondes. Além dos conhecimentos adquiridos com o projeto Robocode, os estudantes do ensino médio também tiveram a oportunidade de participar da II Mostra de Ciência e Tecnologia, que aconteceu nos dias 16 e 17 de outubro em Ituiutaba, e do VI Workshop de Dissertações em Ciência da Computação, que aconteceu de 7 a 9 de novembro em Uberlândia. “Ter contato com diferentes trabalhos e projetos está sendo muito interessante para nós, até mesmo para podermos decidir em qual área vamos querer atuar”, acredita Luis Fernando. “Sem dúvida, foi um mundo novo, cheio de oportunidades, que se abriu para a gente com o Robocode”, acrescenta Vinicius.