A Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Uberlândia (FEMEC/UFU) desenvolveu um projeto que visa melhorar a segurança estrutural de aeronaves e facilitar as condições de manutenção dos aviões, por parte das empresas aéreas. A pesquisa “Monitoramento da saúde estrutural de aeronaves (Structural Health Monitoring – SHM)” foi feita em parceria com a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) e com a Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” (Unesp). O dispositivo desenvolvido consiste na utilização de sensores/atuadores inteligentes, instalados em pontos críticos da estrutura da aeronave, que identificam falhas na estrutura e emitem sinais quando algo sai da normalidade. O integrante da equipe técnica da Embraer, Paulo Anchieta da Silva, compara o papel desempenhado pelo SHM nos aviões com o sistema nervoso do corpo humano. “Quando sofremos um corte, o sistema nervoso rapidamente envia informações para o cérebro de que há algo errado e em que local isso está acontecendo. O SHM é um sistema sensorial que funciona da mesma forma, detectando os problemas e os locais onde estão ocorrendo na aeronave”, explica. A tecnologia do SHM também pode ser aplicada em outras estruturas, como automóveis e metrôs.  A expectativa de economia com a implantação do SHM é de 30%, pois permite que a manutenção seja automatizada, além de garantir maior segurança nos voos. Paulo acrescentou que a parceria com a UFU, que teve início em 2006, deve ser estendida para que, juntas, as instituições desenvolvam um modelo comercializável do sensor. “A Embraer tem como uma de suas estratégias firmar parcerias com as Universidades, pois acreditamos que elas estão na vanguarda no desenvolvimento de tecnologias. A troca de conhecimentos entre a nossa equipe e os professores e estudantes da UFU foi muito enriquecedora e os resultados certamente beneficiarão a Embraer e o nosso país”, acredita Paulo.  Pesquisa transformada em benefício para o país O professor da FEMEC, Valder Steffen Júnior, destaca alguns dos benefícios gerados pelo projeto. “Os ganhos não se restringem a criação de tecnologia para a área aeronáutica. Também representa um trabalho de formação de recursos humanos de elevado nível, produção científica de ponta e inovação”, diz. O reitor da UFU, Alfredo Júlio Fernandes Neto, ressaltou durante o evento os avanços em pesquisa na universidade. “Por meio de projetos como esse, nós damos um retorno para a sociedade do trabalho que está sendo desenvolvido aqui”, destaca. O diretor executivo da Fundação de Apoio Universitário (FAU), Carlos José Soares, afirmou que ter a Embraer como parceira é um motivo de orgulho para a universidade e que “projetos como esse demonstram o potencial que a academia tem de contribuir para a produção de conhecimento que pode ser aplicado em benefício da melhoria da qualidade de vida das pessoas”. Essa também é a opinião do pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFU (PROPP), Alcimar Barbosa Soares, que lembrou que há alguns anos, projetos que envolviam transferência de tecnologia eram um sonho na universidade, mas que se tornaram realidade. “Nosso primeiro programa de pós-graduação foi fundado em 1985, pela FEMEC. E, hoje, temos o orgulho de estar em 14º lugar na avaliação da CAPES dos cursos de pós-graduação do Brasil”, diz. A pesquisa, que teve um custo de R$ 8 milhões, foi patrocinada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), orgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.