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Flores de Perséfone: a poesia de Dora Ferreira da Silva e o sagrado

Publicado em 10/03/2014 às 14:25 - Atualizado em 22/08/2023 às 20:12

Nesta sexta-feira, 14/03, professora da UFU lança livro sobre a poetisa

A pesquisa da professora Enivalda Nunes Freitas e Souza, do Instituto de Letras e Linguística (Ileel) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), sobre a escritora Dora Ferreira da Silva resultou na publicação do livro “Flores de Perséfone: a poesia de Dora Ferreira da Silva e o sagrado”. A obra será lançada nesta sexta-feira, 14/03, às 19h30, na Casa da Cultura de Uberlândia.

O lançamento contará com a presença de Inês Ferreira da Silva Bianchi, filha da poetisa, e é aberto ao público. A obra é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de Minas Gerais  (Fapemig) e foi publicada pela Cânone Editorial de Goiânia, no final de 2013. Em dezembro, Enivalda Nunes lançou Flores de Perséfone na Universidade de Lisboa.

Leia a entrevista com a autora do livro, Enivalda Nunes Freitas e Souza.

Como foi feita a sua pesquisa do livro Flores de Perséfone?

É uma pesquisa, sobretudo, bibliográfica. Fiquei dois anos lendo os poemas, depois passei à sistematização dos temas. Desde 2009, da elaboração do projeto de Pós-Doutorado, não estudo outro escritor. Dora Ferreira da Silva me arrebatou e me consome, e eu me entrego à sua obra com muita alegria. Bem, mas eu não fiquei só com os poemas, a obra poética em si. Li entrevistas, as traduções que ela fez dos poetas místicos. Em 2012, o Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro franqueou-me o acervo da poeta, após acelerar os trabalhos de catalogação do espólio. Eu devo imensamente a Élvia Bezerra, responsável pela Literatura do Instituo Moreira Salles. Sem a boa vontade de Élvia, eu não teria conhecido as cartas que Carlos Drummond de Andrade enviou à amiga Dora nem teria sabido da amizade zelosa que lhe devotou o acadêmico Ivan Junqueira, quem se empenhou para que Dora Ferreira da Silva conseguisse financiamento para publicar sua "Poesia reunida", em 2009. Após a pesquisa no Instituto Moreira Salles, consegui fazer contato com Inês Ferreira da Silva Bianchi, filha da poeta. Inês é sempre generosa e gentil, está muito feliz pelo trabalho. Espero não decepcioná-la. Em síntese, o livro surgiu assim: leituras e sistematização dos poemas, eleição de poemas representativos de uma temática (o sagrado), análises dos poemas selecionados, leituras de obras que Dora traduziu, entrevistas com pessoas que conviveram com a poeta.

Como a obra é organizada?

Vale lembrar que tem um prefácio maravilhoso da grande estudiosa da poesia pelo viés do imaginário, Ana Maria Lisboa de Mello. O primeiro capítulo é sobre a vida de Dora Ferreira da Silva, aquela mulher culta, de formação sólida, que fez de sua casa um espaço cultural para receber escritores. Dora promovia a cultura. O segundo capítulo é intitulado “Amizades, cartas e depoimentos”: depoimento de Inês, cartas de Drummond, carta de Guimarães Rosa, cartas de Ivan Junqueira e de Rodrigo Petrônio. Aí o livro segue sua vocação, que é a análise da poesia de Dora. Tem um capítulo sobre a sociedade alternativa que o filósofo Vicente Ferreira da Silva (marido de Dora), Dora e amigos criaram nas montanhas do Itatiaia, em Penedo, coisa que durou pouco, mas a poesia de Dora consagrou, para sempre, as montanhas, a floresta. Gosto muito desse capítulo porque ele é revelador da concepção mais primária do sagrado: o homem que percebe a natureza como um templo, fazendo do contato com esta um exercício do sentido de religiosidade que todos conhecem, mesmo o “ateu”. O arquétipo da Criança, o mito da Capela Perigosa, a relação da poesia com a mística e a morte (estátuas), os anjos, são temas que compõem o livro. Finalmente, faço um levantamento de tudo o que Dora traduziu e dos ensaios que escreveu. Certamente, está incompleto, mas fiz esforço para alcançar o que pudesse, consultando o IEB – Instituto de Estudos Brasileiros – São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade. O trabalho de pesquisa ainda se completará. Os anexos contêm, ainda, a fortuna crítica de Dora Ferreira da Silva: levantamento de tudo o que foi escrito sobre ela.

Quem é o público-alvo da obra?

Gostaria muito que qualquer pessoa – pessoas sem formação acadêmica – lesse o Flores de Perséfone. Quando escrevo penso na minha mãe, mulher que não conheceu escola superior, mas que sabe apreciar poesia e acompanhar um raciocínio. A teoria da Crítica do Imaginário é, ao mesmo tempo, sistemática e saborosa. Quem não gosta de aprender ouvindo histórias? Do tipo: o primeiro poeta foi Orfeu; sua poesia harmonizava o mundo e comovia até as Fúrias. Orfeu nos fala do poder da linguagem poética etc., etc. Qualquer pessoa pode compreender uma elaboração similar a essa. Acredito, também, que a parte biográfica de Dora seja boa para atrair leitores. Enfim, o livro é para apreciadores de poesia, estudantes, jornalistas, psicólogos, professores de literatura e de língua portuguesa, roqueiros...

Onde os interessados podem adquirir o livro?

O livro estará à venda no lançamento, naturalmente. Mas pode ser pedido diretamente pela Editora, a Cânone Editorial.

Nome do Responsável
Profa. Enivalda Nunes Freitas e Souza
Local
Casa da Cultura de Uberlândia
Data do Evento
14/03/2014
A escritora Dora Ferreira da Silva é tema do livro "Flores de Perséfone" (Foto: Divulgação)

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