Audiência pública foi transmitida pela TV Universitária (foto: Milton Santos)
Representantes do Hospital de Clínicas de Uberlândia da Universidade Federal de Uberlândia (HCU/UFU) estiveram na noite de sexta-feira (29/05) na Câmara de Vereadores para participar de uma Audiência Pública que discutiu a situação atual do hospital e da saúde no município.
Para o diretor geral em exercício do HCU, Hélio da Silveira, a audiência foi “uma boa oportunidade para mostrar para a comunidade os problemas que o hospital está enfrentando”.
O médico, que é diretor-clínico do hospital, destacou a corresponsabilidade da classe política pela situação da instituição e de toda a rede de atenção à saúde do município e região. “Especificamente para o Hospital de Clínicas, alega-se problemas de várias ordens: de organização, de gerenciamento... mas o grande problema do hospital é de financiamento. O hospital tem despesas que crescem em um ritmo muito maior do que a inflação. A “inflação” da ordem médica é, pelo menos, duas vezes maior do que a inflação da economia” disse.
Silveira citou, ainda, a contínua inclusão de procedimentos de alto custo inerentes à evolução da Medicina: “A caneta do médico incorpora isso a todo o momento e a instituição não tem financiamento adequado para acompanhar”.
Em relação ao gerenciamento, o diretor destacou que a questão é uma preocupação diária no HCU. “Trabalhamos isso todos os dias, para melhorar faturamento, diminuir desperdícios... Mas a gente sabe o seguinte: os hospitais que já atingiram excelência em gerenciamento, têm problemas semelhantes ao nosso. A gente conclui, com isso, que o problema é realmente de financiamento”, reforçou.
Alair Benedido de Almeida, diretor-executivo da Fundação de Assistência, Estudo e Pesquisa de Uberlândia (Faepu), gestora financeira do HCU, apresentou um gráfico mostrando o crescente distanciamento entre as receitas e despesas no orçamento destinado ao hospital.“O financiamento nunca acompanha o nível de despesa do hospital, ou seja, as receitas que o HC recebe estão, historicamente, abaixo do nível de atividade [hospitalar]”, mostrou.
O diretor da Faepu revelou que o endividamento crescente da fundação já está em aproximadamente R$ 45 milhões, com projeção para 2015 de R$ 60 milhões.
“Um dos grandes problemas que temos na saúde é a partidarização na saúde. É a politicagem da saúde, em detrimento das políticas públicas. Nós queremos mais políticas para a saúde e menos politicagem em saúde”, criticou Almeida, durante a audiência pública transmitida ao vivo pela TV Universitária. “O problema da saúde é estrutural, não é um problema para ser resolvido da noite para o dia”, acrescentou.
“Queremos, dessa audiência pública, formalizar um documento que enviaremos ao Ministério da Saúde, ao MEC [Ministério da Educação], para que, em conjunto, possamos fazer com que os recursos, que ora não estão vindo para o município, possam chegar aqui”, declarou o vereador Roddi, que propôs a audiência.
Participaram vereadores, deputados das esferas estadual e federal, o superintendente regional de saúde, o secretário municipal de saúde, o diretor da Fundação de Saúde do Município de Uberlândia (Fundasus), o coordenador das Unidades de Atendimento Integrado (UAIs) e representantes do Corpo de Bombeiros e de sindicatos de trabalhadores.