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Ciência

Estudo da Engenharia Química desenvolve chá comestível em formato de bolinha

A proposta visa proporcionar maior ingestão dos compostos presentes na bebida

Publicado em 07/12/2018 às 16:45 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:56

O pó é transformado em grânulos e, no futuro, serão recobertos por chocolate (Foto: Milton Santos)

O chá é uma das bebidas mais consumidas no mundo e cai muito bem nos dias frios ou quando o corpo está cansado em razão de um resfriado. Essa bebida, que também previne doenças, costuma ser tomada pela população por meio da infusão da água com a erva. Porém, em breve, poderá ser experimentada em um novo formato.

Essa é a proposta do estudo da mestranda Ana Paula Rehder, orientada pelo professor Marcos Antonio de Souza Barrozo, no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química, da Universidade Federal de Uberlândia (PPGeq/UFU).

A ideia é juntar os compostos presentes no chá e formar uma “bolinha”, por meio de um processo denominado aglomeração. Dessa forma, o chá se torna visualmente mais interessante e com um paladar mais agradável, já que será possível adicionar substâncias que contribuem para a absorção dessa bebida, como, por exemplo, o chocolate.  

 

A transformação

Para chegar ao produto final, foi necessário realizar alguns procedimentos. Na primeira etapa da pesquisa, que iniciou no segundo semestre de 2017, Rehder fez análises para identificar o nível de compostos bioativos presentes no “chá gelado”, produto escolhido para o estudo. A bebida é uma mistura de chá branco, verde, menta e hortelã.

Para isso, foi utilizado um equipamento denominado HPLC, que realiza a cromatografia líquida de alta eficiência - um método de separação de compostos químicos em solução. Os resultados identificaram compostos bioativos que auxiliam na prevenção de várias doenças.

O próximo passo, ainda em desenvolvimento, é transformar o formato do chá: o pó passa a ser bolinhas. Nessa etapa, é necessário utilizar um equipamento semelhante a um cilindro, sendo possível alterar sua inclinação para formar os grânulos do tamanho desejado.

Pesquisa é realizada no Laboratório de Engenharia Bioquímica da UFU (Foto: Milton Santos)

Rehder explica que a mudança na forma visa proporcionar uma ingestão maior dos compostos presentes na bebida. “Inicialmente estamos fazendo as bolinhas, mas o próximo passo é tornar comestível e analisar o que é melhor. Nos estudos que extraímos os compostos, a gente viu que com a água se extrai muito menos. Às vezes só tomando a infusão do chá não dá para ingerir todos os compostos que ele possui”, explica.

 

Quase pronto para o consumo

Para finalizar o projeto, a pesquisadora conta que serão necessários estudos para identificar a quantidade de cada composto que deve haver em cada bolinha. “A ideia é simular uma solução do estômago humano para saber o quanto ele absorveria. Estamos olhando também em artigos de estudos de nutrição para ver quanto indicam”.

Com o objetivo de tornar o chá em bolinha mais atraente e de fácil ingestão, é preciso utilizar algum tipo de alimento com gordura. Assim, surgiu a ideia de recobri-lo com chocolate, já que evita o processo de degradação, além de manter as propriedades. “Às vezes, a pessoa vai olhar e falar ‘não quero’, mas, com o chocolate ou outra coisa que dê um gosto bom, a pessoa vai ingerir”, acredita Rehder.

 

Os benefícios

Após análise, a pesquisa identificou que o chá tem quantidades elevadas de antioxidantes - moléculas de defesa e proteção celular. Essas moléculas são fundamentais para combater os radicais livres produzidos em excesso no nosso corpo, que causam cansaço e doenças degenerativas.

“Quando coloco o chá extraído no recipiente, ele oxida quase tudo, tendo muito poder antioxidante. Então, ele evita que os radicais livres fiquem soltos no corpo e previne doenças crônicas, cardíacas e, principalmente, o câncer”, explica Rehder.

A pesquisa é realizada em parceira com a empresa Provanza e desenvolvida no Laboratório de Engenharia Bioquímica (Labio/UFU). Rehder comenta que um dos chefes dessa empresa viu um produto semelhante em Vancouver. Em seguida, entrou em contato com o professor Barrozo, que aceitou o convite para realizar o estudo juntamente com mestranda.

Palavras-chave: Chá Engenharia Química tecnologia inovação saúde

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