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Ciência

A formação dos futuros professores

Como o Pibid e a Residência Pedagógica proporcionam experiência aos estudantes de licenciatura

Publicado em 24/07/2019 às 14:23 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:56

 

Foto: Arquivo do Pibid/UFU

 

Você conhece ou já ouviu falar do Pibid? O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), de maneira simplificada, valoriza e apoia quem está estudando para ser professor, em especial nos primeiros anos de graduação. Criado em 2007, proporciona aos estudantes de licenciatura um contato com a realidade das escolas públicas desde o início da sua formação acadêmica para que desenvolvam atividades didático-pedagógicas sob orientação de um docente da universidade e de um professor da escola. Os focos de atuação do programa são as escolas públicas de educação básica.

 

 Objetivo

Com a intenção de melhorar a formação docente inicial, o objetivo do Pibid é promover a integração entre a educação superior e a educação básica das escolas estaduais e municipais como espaços de formação. Dessa forma, o programa incentiva a formação de professores, em nível superior, para a educação básica e contribui para a valorização do magistério.

 

Foto: Arquivo pessoal

 

A proposta é contribuir com as instituições de ensino superior na promoção de uma formação inicial de qualidade aos professores dos cursos de licenciatura, além de inserir esses futuros profissionais no cotidiano de escolas da rede pública de educação. Ao proporcionar essas oportunidades de criação e participação em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar, faz com que esses licenciandos possam buscar a superação de problemas identificados no processo de ensino público.

        

Como funciona?

O programa é fomentado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e oferece bolsas de estudo aos professores coordenadores, aos professores da educação básica e para os licenciandos. As Instituições de Educação Superior (IES) interessadas em participar do Pibid apresentam à Capes seus projetos de iniciação à docência conforme os editais de seleção publicados.

As instituições aprovadas pela Capes recebem cotas de bolsas e recursos de custeio e capital para o desenvolvimento das atividades do projeto. Os bolsistas do Pibid são escolhidos por meio de seleções promovidas por cada IES.

 

Foto: Arquivo do Pibid/UFU

 

Dentro do programa há o papel do coordenador institucional, ou seja, o gestor do Pibid em uma instituição de ensino superior. É papel dele acompanhar as atividades previstas no projeto, dialogar com a rede pública de ensino, selecionar coordenadores de área, entre outras funções institucionais. Todos os detalhes podem ser conferidos no último edital publicado ou no site da Capes. 

 

O Pibid na UFU

Na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), o Pibid passou por quatro edições, de 2008 a 2018. Nesse período, em torno de 2.500 estudantes passaram pelo programa. Atualmente  participam cerca de 300.

 

Foto: Arquivo Pibid/UFU

 

O projeto está presente em todos os cursos de licenciaturas dos campi de Uberlândia e do Pontal. Segundo a coordenadora do Pibid na UFU, Renata Carmo de Oliveira, se considerarmos todas as escolas parceiras desde o início do programa, são 25 escolas estaduais, 16 escolas municipais e duas federais em Uberlândia e seis escolas municipais e 11 estaduais em Ituiutaba.

 

Qual a importância do Pibid para a educação brasileira?

A coordenadora do projeto afirma que o Pibid é um dos maiores programas de apoio ao magistério e que tem um papel de importante no cotidiano das escolas. O programa, que é desenvolvido nos primeiros anos de formação, é essencial para a ambientação no futuro profissional, além de ser um elo muito forte entre a academia e a comunidade. Oliveira ressalta que “ouvir e ver a aproximação da comunidade com os membros do programa é o que há de mais gratificante”.

Licenciada em Ciências Sociais, Elora Martins participou do projeto e avalia a prática. “Com certeza o Pibid foi um diferencial em minha formação, pois me colocou em contato com diversas realidades de diferentes escolas, nas quais pude observar como o ensino de Sociologia pode ser manejado em diferentes situações”.

Além disso, o programa contribui com a formação continuada dos professores. Com o contato permanente com os licenciandos e atividades planejadas e realizadas no programa, o professor da educação básica, supervisor do Pibid, se mantém em processo permanente de aperfeiçoamento dos saberes necessários à atividade docente, o que o assegura uma ação sempre renovada para o processo de ensino aprendizado. Tudo isso o incentiva a retornar à academia para sua efetiva formação contínua por meio de  cursos de especialização, mestrado e doutorado.

 

Foto: Arquivo pessoal

 

A formação continuada se dá por meio da contemplação de três dimensões da formação docente: a dimensão científica (atualização dos saberes adquiridos no decorrer da carreira), a dimensão pedagógica (atualização das práticas metodológicas aplicadas  em sala) e a dimensão pessoal (no sentido de causar inquietações aos professores quanto a suas crenças, valores e atitudes para que, assim, sua atuação docente tenha evolução).

“Nós entendemos que ampliar o tempo e espaço de formação dos professores é de extrema importância para a carreira desses profissionais. Com o programa, nós possibilitamos aos futuros professores e também aos professores da rede uma formação ampliada”, reforça Oliveira. Segundo a coordenadora, o Pibid é importante no processo de ampliação da formação, pois potencializa o processo de formação e faz com que os bolsistas possam vivenciar a realidade do que é ser docente.

 

Residência pedagógica

Um programa correlato, e também voltado aos estudantes de licenciatura, o Programa de Residência Pedagógica (PRP) foi implementado pela primeira vez em 2018, e consiste em um programa nacional que, em linhas gerais, visa aperfeiçoar a formação dos licenciandos projetos e ações que levem os  licenciando a exercitar de forma ativa a relação entre teoria e prática profissional docente. Assim, nos programas de formação inicial oferecidos pela Capes, atualmente, o Pibid é voltado para graduandos da metade dos cursos de licenciatura e o PRP atende os graduandos que estão cursando a segunda metade de seus cursos.

Em ambos os programas, o aluno deve pertencer a IES públicas ou privadas sem fins lucrativos. Um dos diferenciais da Residência Pedagógica é o plano de dois meses para cursos de formação para todos os integrantes do programa na IES que precede a integração desses nas escolas parceiras. Como o Pibid, o PRP visa à aproximação entre as universidades e secretarias de educação. O objetivo do Ministério da Educação (MEC), segundo Oliveira, é estimular um plano conjunto entre as IES e as escolas de educação básicas estaduais, municipais e federais para formação docente diante das reais demandas do ensino público.

 

Foto: Arquivo do Pibid/UFU

 

Um dos desafios para as IES é integrar o PRP de maneira a não conflitar com os estágios supervisionados, uma vez que tal componente curricular é obrigatório para todos os discentes de licenciatura. O último edital, publicado pela Capes, em março de 2018, ofertou 45 mil vagas nacionais para o PRP, destinadas somente a licenciados em formação a partir do quinto período ou segunda metade da graduação. Além do orientador na instituição de ensino, o aluno tem um preceptor, que é um professor da educação básica atuante na escola em que ele irá realizar o estágio.

 

Quais os impactos dos cortes para o programa?

Com o lançamento do Programa Residência Pedagógica pelo MEC, um dos primeiros impactos foi a divisão na quantidade de bolsas originalmente ofertadas para o Pibid, que agora é dividida por dois, ou seja, o montante de bolsas alcançado, nos últimos 10 anos, para um programa de formação foi dividido: metade para o Pibid e outra metade para a Residência Pedagógica. Dentro da UFU, houve uma redução relativa na quantidade de bolsas ofertadas, se considerarmos o Pibid. Segundo dados da coordenadora dos programas, o edital 2013 a 2018, em Ituiutaba e Uberlândia, contava com 757 licenciandos, 112 professores de educação básica e 55 docentes da UFU. Já o edital que está em vigência tem cerca de 300 estudantes, 50 professores da educação básica e 25 docentes da UFU envolvidos.

Esses dados mostram como o atual edital provocou mudanças significativas no tamanho deste programa na UFU. Mas, se consideramos as bolsas captadas pelo PRP na UFU, mantivemos o número de cotas nos programas de formação inicial. “Um ponto a se destacar é que os editais Pibid e PRP 2018 trouxeram critérios de avaliação das propostas apresentadas pelas Instituições de Ensino Superior, distintos dos editais anteriores”, reforça Oliveira.

 

Foto: Arquivo pessoal

 

Ao ser questionada sobre a possibilidade do fim do programa, Oliveira afirma que, se for considerada a interrupção do Pibid e da Residência Pedagógica, “isso nos levaria a uma perda na formação dos licenciandos, uma vez que os programas possibilitam a ampliação da formação docente inicial”.

Em relação à redução das cotas de bolsas, para a coordenadora do programa, isso impacta o número de estudantes atendidos e, consequentemente, a garantia de uma formação ampliada para poucos, o que vem em caminho contrário ao objetivo do programa. Além disso, não só a redução de cotas de bolsas como a não continuidade dos programas podem até levar à inviabilização da permanência de estudantes na universidade, uma vez que a bolsa se torna um importante apoio financeiro para os licenciandos. A universidade deixaria de captar recursos que se somam à sua receita para o apoio e desenvolvimento profissional e da instituição.

Palavras-chave: série educação Pibid Residência Pedagógica Divulgação Científica

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