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Práticas que transformam

Diário de Ideias visita a Escola Municipal Professora Josiany França

Um diálogo pedagógico que leva autonomia ao estudante

Publicado em 30/07/2020 às 17:01 - Atualizado em 22/08/2023 às 22:04

O Projeto Diário de ideias fez parte da vida da nossa família desde o ano de 2018, quando minha filha, Ana Júlia, foi aluna da professora Luciana Muniz no 1° ano de escolaridade na Eseba. Eu, professora, estava muito entusiasmada com seu ingresso no 1° ano do Ensino Fundamental. Ela, prestes a ser alfabetizada, saiu da Educação Infantil muito bem assessorada; já conhecia todas as letras, e arriscava até algumas palavras com sílabas simples. Faltava pouco, mas nossa ansiedade era imensa.

Começamos no primeiro bimestre a fazer os registros no diário. Não foi fácil o início, pois sempre queria opinar e, às vezes, até interferir na atividade e a Ana Júlia sempre resistente dizendo: “A atividade é minha e não é isso o que quero fazer”. Muitas vezes tivemos embates e, com o diário, Ana Júlia começou a lutar pelo espaço dela, começou a chamar a minha atenção para observar que éramos diferentes e eu precisava respeitar e observar as suas escolhas.

Comecei a não mais interferir e só observar; percebi que os registros estavam progredido, a desenvoltura na escrita e na leitura também fluíam com harmonia. Enquanto isso em meu trabalho, na direção da Escola Municipal Professora Josiany França, aqui em Uberlândia, no Bairro Jardim Canaã, estava sempre avaliando o trabalho realizado, com professores, pais, equipe gestora (pedagogos, direção e vice-direção). A alfabetização nos Anos Iniciais era uma preocupação constante. A equipe da escola era aberta ao diálogo com os alunos, mas precisava aliar o diálogo ao pedagógico, precisava dar voz aos alunos. Ela estava sempre estudando e em busca de práticas pedagógicas diferenciadas para conseguir um melhor desempenho na alfabetização. 

Em casa, eu estava atenta ao desenvolvimento de minha filha, o gosto dela por tudo que ouvia e discutia nas rodas de conversa; observava que os temas discutidos iam além do conteúdo do primeiro ano; o planejamento estava sendo conduzido pelo que as crianças traziam na roda de conversa. A professora conseguiu fazer com que os alunos fossem protagonistas do planejamento e das ações dentro da sala de aula, proporcionando aos alunos possibilidades de conhecerem temas de interesse deles, e não apenas uma imposição feita pelo planejamento escolar.

Ana Júlia relatava os temas que vivenciava nas rodas de conversa com muito gosto e prazer, aumentava seu interesse em aprofundar estes temas: “Mamãe, vamos pesquisar sobre capitais de outros países”; “Como podemos fazer para ajudar as pessoas que vivem na rua?”. Os temas discutidos nas rodas faziam com que ela tivesse uma visão diferenciada do mundo, que tivesse um olhar diferente para tudo que estivesse ao seu redor; seu olhar atento às placas, outdoors, tudo despertava sua curiosidade. Isto foi me encantando; percebi que o Projeto Diário de ideias estava proporcionando à Ana Júlia a alfabetização tão sonhada por nós, mas com um conteúdo além do que era proposto no currículo e também estava conseguindo levar as famílias para participarem deste processo junto com as crianças, pois foi proporcionado a nós, pais, fazer oficinas para a turma de nossos filhos, uma experiência muito enriquecedora para os pais e extremamente emocionante para as crianças.

Adenilce e Ana Júlia trabalhando na composição artística de palavras no Diário de Ideias

Na escola comecei a comentar com a equipe gestora sobre o desenvolvimento de minha filha e como nós estávamos felizes com tudo que o projeto estava proporcionando a ela e a todas as crianças que participavam dele. Sendo assim, decidimos convidar a professora Luciana para ir até lá e explanar sobre esta experiência maravilhosa na alfabetização. Um grande desejo que tive foi que outras crianças também pudessem ter a oportunidade de viver o Projeto Diário de Ideias, que a oportunidade que minha filha estava tendo na alfabetização, com este projeto, pudesse ser também vivenciada por outras crianças, por outras famílias, por outros professores. E que com essa vivência iríamos conseguir dar voz às crianças, conseguindo um diálogo pedagógico.

Procurei a professora Luciana e coloquei meu encanto pelo projeto e também o grande interesse da equipe da escola por experiências enriquecedoras e que proporcionam a autonomia do estudante. Ela, com toda sua sabedoria e sensibilidade, procurou a nova direção da escola no ano de 2019 e conseguiu efetivar a proposta na Escola Municipal Professora Josiany França, realizando a formação in loco com as professoras do 1° ao 3° anos durante o ano todo, conseguindo atingir mais de 300 crianças e suas famílias. Trazendo para este espaço escolar uma experiência espetacular que deu vida à escola e ao processo de alfabetização ali realizado!

Palavras-chave: Práticas que Transformam

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