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MOBILIDADE INTERNACIONAL

Estudantes bolivianos desenvolveram na UFU projeto de criação de tilápia com menor tempo e custo

Mobilidade internacional no curso de Agronomia aconteceu através do Programa Marca

Publicado em 08/10/2020 às 10:25 - Atualizado em 22/08/2023 às 20:29

Jhenny Vedia Maturano e Victor Hugo Soreta Adan, com o professor Fernando Juliatti, durante o 2º semestre de 2019 (Foto: Arquivo Pessoal de Fernando Juliatti)

O projeto “Produccion de tilapias en estanques con geomenbrana” foi desenvolvido durante período de mobilidade internacional na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) pelos estudantes Jhenny Vedia Maturano e Victor Hugo Soreta Adan, que são da Universidad Mayor Real Pontificia de San Francisco Xavier de Chuqisaca, da cidade de Sucre, a capital constitucional da Bolívia. A proposta consiste na implantação de um sistema de produção de peixes em tanques de terra revestidos com geomembrana, uma manta de liga plástica, elástica e flexível.

Os estudantes de agronomia observaram a necessidade do consumo das proteínas e vitaminas presentes nos peixes e projetaram a produção de tilápia vermelha sem espinha e de fácil digestão para pessoas com problemas gástricos. O diferencial está na criação em menor tempo e custo, com a implementação de novas variedades de tilápia, como o tipo GITF, que é produzido através de melhoramento genético e apresentou os melhores resultados nas pesquisas realizadas.

 

Mobilidade internacional

A mobilidade internacional dos estudantes bolivianos foi possibilitada pelo Programa Marca. Segundo o Ministério da Educação (MEC), o programa visa melhorar a qualidade acadêmica por meio de sistemas de avaliação e acreditação e mobilidade acadêmica. Participam instituições da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, que possuam cursos de graduação avaliados e aprovados pelo Sistema de Acreditação Regional de Cursos Universitários do Mercosul (ARCU-SUL).

No Brasil, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Secretaria de Educação Superior (SESu), do MEC, são os responsáveis pela administração, como a prestação de bolsas e auxílios. Normalmente, o programa tem início em cada instituição conveniada no mês de junho e vai até dezembro. As disciplinas concluídas fazem parte do histórico do aluno e podem ser eliminadas no curso de origem.

Maturano afirma que para todo aluno é um grande sonho conhecer uma potência sul-americana, como o Brasil. Durante o período de intercâmbio, aprendeu muito sobre o pensamento empreendedor na área da agronomia. “Graças a esses tipos de programas existentes entre países, os alunos têm a oportunidade de viajar com o objetivo de aprender e experimentar. É por isso que vim para a Uberlândia” *¹, comenta.

Já para Adan, o programa Marca dá a oportunidade de abrir visões para novos horizontes, costumes e culturas. Ao comparar a cidade de Sucre com Uberlândia, a qual ficou por seis meses, ele constata haver uma grande diferença no consumo e no conhecimento sobre a tilápia. “Na cidade de Sucre há mais complicações, como a falta de informação sobre a importância do consumo deste produto. Não temos parques de diversões onde se possa passar um fim de semana em família para degustar uma porção de peixe” *², explica o pesquisador.

O consumo foi a principal diferença notada por Maturano, que observa a introdução do peixe na alimentação boliviana como um possível diferencial no retardar do envelhecimento e na saúde cardiovascular da população. “No meu país a comida é muito diferente do Brasil. Consome-se muito chili, batata, macarrão, alimentos que sempre contêm temperos e o consumo diário desse tipo de alimento faz com que as pessoas engordem e tenham problemas digestivos, em outras palavras, problemas de saúde” *³, analisa.

 

Projeto

A escolha da tilápia, para o projeto, deve-se a sua fácil adaptação ao ambiente e alta reprodutibilidade. A ideia é fornecer o produto sem a espinha. “Ter que tirar as espinhas todos os dias é algo que incomoda facilmente as pessoas e por isso não consomem diariamente. Me chamou a atenção que esse peixe não é conhecido no meu país e alguém me disse que a melhor maneira de começar é ser o primeiro ou buscar algo e melhorar” *4, conta Maturano.

O objetivo é a produção e comercialização de tilápia vermelha baseada em uma política de oferta de preços justos ao consumidor, de modo a melhorar a qualidade de vida na Bolívia. “Minha política, que estou empregando em meu projeto é muito simples. Me colocar na situação econômica de uma pessoa de classe baixa em minha sociedade que não pode consumir carne de peixe porque os preços dos distribuidores nos mercados da cidade não são acessíveis” *5, informa Adan.

Os procedimentos de produção vão desde a análise das condições do solo para a construção e fertilização da lagoa, com o posterior monitoramento da qualidade da água e da alimentação das espécies a serem produzidas, para o então abate dos peixes que resultam no produto final. Devido a não existência de um especialista da área na UFU, o projeto contou com a colaboração do diretor regional da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (Agrotap).

A supervisão foi realizada pelo professor Fernando Cezar Juliatti, do Instituto de Ciências Agrárias (ICIAG) da UFU. Ele conta que todo processo de orientação é realizado pelo coordenador do curso de graduação local e que é uma grande troca de conhecimentos. “A mobilidade acrescenta além da troca acadêmica ou formação, a troca cultural e integração entre os países conveniados. Todos ganham com essa integração”, opina.

Para o professor, a pandemia de coronavírus não afetou o andamento dos projetos, uma vez que a orientação, durante o período, ocorreu de forma remota e o projeto já se encontra em fase de implantação. Em breve, Juliatti participará da defesa dos trabalhos de conclusão de curso dos estudantes na Bolívia, de forma remota.

Além do projeto que será executado, os alunos possuem subprojetos que pautam a confecção de artesanatos com a pele de tilápia e a extração de colágeno que pode ser industrializado. Adan conclui que o total aproveitamento da tilápia geraria mais oportunidades de trabalho e melhoraria o quesito economia em toda cadeia produtiva.

 

*Entrevista foi realizada na língua espanhola e as falas originais, que foram traduzidas, estão disponíveis abaixo:

1- “Es decir que gracias a este tipo de programas que existen entre países los estudiantes tenemos la oportunidad de viajar con el objetivo de aprender, experimentar. Es por ese motivo que llegué a Uberlândia”.

2- “En la ciudad de Sucre son más las complicaciones como la falta de información de la importancia del consumo de este produto. No contamos con parques de diversiones donde un fin de semana se pueda pasar en familia para degustar una porción de pescado”.

3- “Acá en mi país la comida es muy diferente a la de Brasil. Acá se consume mucho el ají, papa, fideos comidas que siempre contienen condimentos y el consumo diario de este tipo de comidas con lleva a que la gente tienda a engordar y tener problemas digestivos es decir problemas en la salud”.

4- “Estar sacando espinitas a diario algo que hace que la gente se fastidie con facilidad y es por eso que no lo consumen a diario. Bueno a mí me llamo mucho la atención que este pez no es conocido en mi país y alguien me dijo que la mejor forma de emprender es el ser el primero o buscar algo y mejorarlo”.

5- “Mi política que yo estoy empleando en mi proyecto es muy sencilla. Ponerme en la situación económica de una persona de clase baja en mi sociedad la cual no puede consumirla la carne de pescado porque simplemente no está a su accesibilidad los precios de oferta de los distribuidores en mercados de las ciudades”.

 

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Palavras-chave: Estudantes bolivianos Produção de tilápia agronomia Programa Marca Mobilidade Internacional

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