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Ciência

Depois de mais de um ano de pandemia, entenda por que as máscaras continuam tão importantes

Convidamos um professor da UFU para esclarecer algumas dúvidas sobre as máscaras de proteção contra o coronavírus

Publicado em 30/04/2021 às 15:13 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:51

 

Arte: Viviane Aiko

 

O Brasil acumula mais de 400 MIL MORTES causadas pelo coronavírus em pouco mais de um ano de pandemia. As restrições de aglomerações continuam e, com o surgimento de novas variantes, aparecem mais dúvidas. Quais as máscaras seguras? O surgimento das variantes afeta a utilização das máscaras? Devo utilizar duas máscaras? Existe alguma forma de testar sua efetividade?

Com o intuito de esclarecer essas questões, convidamos o professor Mauricio Foschini, do Instituto de Física da Universidade Federal de Uberlândia (INFIS/UFU), para explicar melhor sobre a efetividade das máscaras.

 

Quais são as máscaras mais seguras?

De acordo com o professor, a máscara mais eficiente é a PFF2, também conhecida como N95, projetada para segurar o máximo de partículas até um determinado tamanho. De acordo com a Anvisa, “respiradores com classificação PFF2 seguem as normas brasileiras ABNT/NBR 13698:2011 e ABNT/NBR 13697:2010 e a europeia e apresentam eficiência mínima de filtração de 94%. Já os respiradores N95 seguem a norma americana e apresentam eficiência mínima de filtração de 95%.”

Sobre a PFF2, Foschini explica: “Ela tem filtros: um filtro que barra partículas grossas, depois tem uma parte bem hidrofóbica e outra bem hidrofílica, uma repele água e outra absorve bastante água.”

Quando partículas de água entram em contato com a máscara, elas ficam retidas na parte hidrofóbica, para não infectar nem você, nem o ambiente. Mas se a água ficasse presa na máscara, você poderia se contaminar ao entrar em contato com ela e, por isso, a parte hidrofílica absorve esse líquido. É importante lembrar que: se a máscara está molhada, até mesmo pela sua própria saliva, ela já não tem o mesmo efeito e, por isso, deve ser trocada.

As opções de máscaras PFF2 com válvula são seguras? Quando se utiliza uma máscara com válvula, você está protegido, mas não está protegendo os outros ao seu redor. Isso ocorre porque esse equipamento permite que partículas escapem pela válvula. O ideal é utilizar as máscaras sem válvula, mas, caso a máscara com válvula seja a única opção, Foschini sugere usar uma de tecido junto. Desta forma, você protege a si mesmo e aos outros ao seu redor.

Na pesquisa desenvolvida pelo professor, a N95 teve um índice de efetividade de no mínimo 95%, podendo chegar até 99,8%. A máscara cirúrgica chegou bem próximo desse índice, marcando até 99,3%. A cirúrgica não é a mais eficiente entre as máscaras porque, comparada a PFF2, por exemplo, não se adequa tão bem ao rosto: “Se tiver alguma frestinha, o ar entra pela fresta e diminui muito a eficiência”, comenta Foschini.

E as máscaras de tecido? Em geral, a pesquisa mostrou que elas têm índices que variam de 65% a 85% de efetividade. Foschini explica que as máscaras de tecido comercializadas em grande escala são embebidas com soluções que contém nanopartículas de prata, comprovadas por serem antibactericidas e antivírus. “Elas eliminam agentes nocivos da nossa saúde e que vão estar retidos na máscara”, de forma a auxiliar na proteção contra o coronavírus.

 

Por que é tão importante utilizar máscara?

Utilizar máscara ao frequentar locais com outras pessoas é a principal forma de se proteger da Covid-19, mas o que acontece em situações onde existem pessoas sem máscaras no ambiente?

Se alguém infectado com o coronavírus está em um ambiente sem máscara, essa pessoa joga aerossóis para o ar. Essas gotículas vão secar e as maiores vão cair sobre uma superfície, mas os vírus do tamanho de nanômetro (que corresponde a 0,000000001 metro) ainda vão ficar suspensos no ar por muito tempo.

As máscaras não conseguem reter partículas tão pequenas, nem mesmo as mais eficientes, como a N95. “Nesse caso é muito perigoso, porque a pessoa que ficou sem máscara contaminou o ambiente de tal forma que diminui a eficiência da N95. Se eu estou com a máscara de tecido, eu retenho uma grande parte dessas partículas, então o ambiente está muito menos contaminado. Se a outra pessoa estiver com uma outra máscara de tecido, ela fica protegida também. Não é tão eficiente, mas ainda tem uma proteção”, afirma o professor.

A frase é professor Mauricio Foschini, do Instituto de Física da UFU (Arte: Viviane Aiko)

Por isso, é importante que todos utilizem máscara. Mas quando estou sozinho no ambiente, posso ficar sem máscara? Quando se trata de locais frequentados por outras pessoas, o ideal é permanecer sempre de máscara. “O ambiente tem que continuar preservado. Não é porque estou sozinho que não posso contaminar um ambiente a que possam ir outros indivíduos”, comenta Foschini.

 

As variantes afetam a utilização de máscaras?

O professor explica que, enquanto não alterar o tipo de vírus, o tamanho físico dele não altera significativamente. Por isso, a utilização das máscaras permanece eficiente. Há uma alteração genética que faz as novas variantes serem mais contaminantes e agressivas, mas não têm muitas mudanças no seu tamanho. “As máscaras são eficientes, mas todos têm que estar de máscara. Não precisa ser cirúrgica ou N95 se todos estiverem de máscara no ambiente e se manterem o mais afastados possível”, afirma.

O importante é seguir as recomendações já estabelecidas: evitar aglomerações, utilizar máscara e não encostar na máscara para não se contaminar.

 

Devo utilizar duas máscaras?

Em alguns locais, já existe a recomendação de utilizar duas máscaras, como a sugestão de usar a de tecido, por baixo, com a cirúrgica, por cima. Essa foi uma alternativa para tentar conservar a máscara cirúrgica. “Não que vai ajudar a cirúrgica a reter o vírus, mas a máscara de tecido vai se sujar com a saliva da pessoa que está usando. Ela umedece rápido, então você troca e preserva mais a cirúrgica para ter que trocar menos”, esclarece o professor.

Utilizar duas máscaras do mesmo tecido aumenta muito pouco sua eficiência, por isso, é sugerido intercalar os materiais. Mas, mesmo assim, Foschini explica que não há um aumento significativo da eficiência das máscaras. “O que temos que nos preocupar é em usar máscara e usar corretamente, então ela tem que estar muito bem ajustada no rosto. Não adianta aquela máscara para baixo do nariz ou que não faça o contorno do seu nariz corretamente. A máscara tem que estar adequada e apertada no rosto para não passar ar pelos buracos.”

Foto: Alexandre Costa

 

Como testar a efetividade das máscaras em casa?

Se você tem um umidificador em casa, você pode colocar a máscara onde o vapor é liberado. Ao colocar contra uma luz forte, como a lanterna do celular, será possível ver as gotículas de água passando. “Você vai ver a névoa passando pelo tecido, se a máscara tiver baixa eficiência. Com alta eficiência já passa bem menos. Se você coloca uma cirúrgica, você vai ver que ela é bem hidrofóbica, ela repele a água, e vai passar muito pouco, às vezes é difícil visualizar a olho nu. Mas uma máscara com baixa eficiência, você pode ver até os canais dos poros se formando”, explica o professor.

Se você não tem umidificador, pode fazer o teste usando um desodorante aerossol, por exemplo. Não é a forma mais recomendada, porque, como é um produto com componentes químicos, pode alterar alguma camada da máscara, nos casos da PFF2 ou N95. Mas, se esse teste for feito, o ideal é descartar ou lavar a máscara depois de utilizado o desodorante.As máscaras de tecido podem ser lavadas normalmente, mas a PFF2, não. Nesse caso, não lave a máscara, nem borrife álcool. Para reaproveitá-la, deixe descansando entre três e sete dias após o uso.

Para reaproveitar sua máscara PFF2, deixe descansando por, no mínimo, três dias. (Foto: Diélen Borges)

 

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Palavras-chave: máscara COVID-19 coronavírus Proteção pandemia

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