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Pesquisa

Mulheres corredoras amadoras, esta pesquisa é para vocês!

Fisioterapeutas da UFU buscam descobrir a relação da presença do valgo dinâmico e a força do tronco na performance da corrida amadora

Publicado em 02/01/2023 às 10:09 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:39

O que é valgo dinâmico? Ou o que significa quando falamos “fadiga do core na cinemática dos membros inferiores”? Você pode não saber, mas, se é mulher e corredora, saiba que estes termos têm relação com a sua vida e a sua prática esportiva. Aliás, com a nossa prática esportiva. Eu mesma costumo correr um percurso de pelo menos 5km três vezes na semana e, por isso e alguns outros fatores, acabei participando de uma pesquisa com duas pós-graduandas do curso de Fisioterapia da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da Universidade Federal de Uberlândia (Faefi/UFU) que tem relação com esses termos que citei anteriormente.

Foto: Freepik

As fisioterapeutas Gina Curi e Franciele da Costa estão pesquisando exatamente a relação do esforço excessivo dos músculos do tronco e o valgo dinâmico com a prática da corrida por mulheres. São dois trabalhos que conversam entre si. Elas pesquisam, respectivamente, o “Efeito da fadiga do core na cinemática dos membros inferiores durante testes funcionais e corrida em mulheres corredoras iniciantes e sem valgo dinâmico” e a “Análise biomecânica em corredoras amadoras com e sem valgo dinâmico durante testes funcionais”.

As fisioterapeutas buscam, por meio destas pesquisas, ver quais as alterações no padrão de movimento dos membros inferiores durante a corrida amadora que possam estar relacionadas ao enfraquecimento por esforço excessivo dos músculos do tronco – aquela história de fadiga do core na cinemática que eu disse no início – e avaliar o movimento e a força dos músculos dos membros inferiores durante testes funcionais em corredoras amadoras com e sem valgo dinâmico de joelho – que é quando temos o joelho mais virado para dentro.

Ambas são orientadas pelo professor Valdeci Dionísio, que, pela familiaridade dos temas, indicou que elas desenvolvessem o trabalho juntas. “Eu queria pesquisar alguma coisa sobre ativação muscular e plataforma de força. Não tem muita coisa a ver com cinemática, não. Aí eu fui atrás do professor, ele deu uma ajudinha com umas ideias e, então, a gente casou tudo. Juntamente com isso, a Gina já estava com ele, com a ideia de fazer o mestrado; então, ela veio com a ideia dela, mais de fadiga muscular do tronco e incluiu essa parte do trabalho e também a de cinemática. Juntamos tudo e montamos um trabalho nesse sentido”, afirma Costa.

Execução dos exercícios para atingir a fadiga corporal e realizar a segunda parte dos testes de eletromiografia e cinemática. (Foto: Arquivo pessoal)

As voluntárias para esta pesquisa precisam ser mulheres de 20 a 35 anos, que correm até 20km por semana e há menos de dois anos. Eu, que tenho 23, costumo correr entre 15km e 18km por semana e pratico esse esporte com frequência semanal desde o afrouxamento dos protocolos de contenção da covid-19; ou seja, há mais ou menos um ano e meio. Por isso, acabei me voluntariando para participar do estudo assim que recebi a pauta para escrever esta matéria – e eu estava extremamente empolgada para fazer os testes, viu? E também estou convocando todas minhas companheiras de corrida para participarem da pesquisa. É só se inscrever no formulário online que as meninas entrarão em contato.

Nós, voluntárias, passamos por dois testes que acontecem em dois dias diferentes – pelo bem da sua força física, porque, vai por mim, cansa um pouquinho. No primeiro dia, acontecem a coleta dos dados antropométricos e os testes de força. No segundo, são feitos os testes de eletromiografia e cinemática. Como são cada um deles? Vou contar a você um pouquinho.

 

Dados antropométricos e testes de força

Dados antropométricos são as medidas das nossas dimensões físicas. No caso desta pesquisa, as fisioterapeutas coletaram informações quanto ao meu peso, altura, além da altura e circunferência dos meus membros inferiores. Já os testes de força muscular avaliam, com um dinanômetro, a força do tronco, além dos membros inferiores. Fechando as coletas do primeiro dia, também precisei fazer alguns exercícios de isometria – aqueles em que ficamos com o corpo imóvel em alguma posição que trabalhe um conjunto de músculos, como a posição de prancha – e abdominais. Isso tudo após um aquecimento de 5 minutos na esteira, correndo na máxima velocidade confortável para o meu corpo.

Exercício no teste de resistência feito no primeiro dia de coleta. (Foto: Leíse Alves)

 

Eletromiografia e cinemática

Eletromiografia é um exame que avalia os músculos por meio dos sinais elétricos que eles liberam. Esses sinais são registrados por eletrodos colocados em pontos estratégicos do corpo e ligados a um equipamento. Já a avaliação cinemática consiste na captura de imagens da pessoa por câmeras de vários ângulos, enquanto ela realiza os movimentos solicitados. As imagens são passadas diretamente para um computador e, com o auxílio de um programa especializado, é feita a análise cinemática.

Desta forma, para estes testes, eu precisei colar vários eletrodos na perna – que no meu caso foi a esquerda, por ser a dominante para as minhas ações, como chutar uma bola – e alguns pontos refletivos para a captura das imagens do teste de cinemática – além de alguns espalhados pelo membro inferior, havia também um ponto em cada ombro.

Momentos de captação de imagens no teste de eletromiografia e cinemática. (Foto: Arquivo pessoal)

 

Os resultados

A pesquisa ainda está em fase de coleta de dados e as análises devem começar em meados de fevereiro. Os resultados obtidos servirão para, além dos objetivos acadêmicos e científicos, auxiliar as voluntárias a terem consciência do próprio corpo, do desempenho nos testes e como evitar lesões, como diz Costa: “Com esses resultados que nós vamos passar para elas, de acordo com a ativação muscular e a angulação dos membros inferiores, vamos passar alguns exercícios preventivos para evitar lesões durante a corrida. Então, são exercícios de fortalecimento mesmo que serão passados de acordo com cada uma.”

Esses resultados e exercícios podem auxiliar as corredoras a evitar lesões como a Síndrome da Dor Femoropatelar e da Banda Iliotibial. Dor Femoropatelar é uma dor geralmente sentida na parte da frente do joelho que pode piorar durante o movimento da corrida, agachamento ou descer escadas. Já a da Banda Iliotibial é uma dor sentida na lateral do joelho que, usualmente, acontece logo no início do movimento de dobrar o joelho. Para evitar essas e outras lesões, é importante realizar exercícios para preparar o seu corpo e aumentar a sua capacidade para a demanda da sua corrida. Eles irão atuar em quatro capacidades básicas do músculo: força, resistência, potência e flexibilidade.

 

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Palavras-chave: pesquisa fisioterapia Corrida Mulheres Esporte

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