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Saúde

Saiba o que é erisipela, condição que afetava o Papa Bento XVI

Causada por bactérias que se propagam pelos vasos linfáticos, a doença pode atingir a gordura do tecido celular e provocar necroses

Publicado em 12/01/2023 às 14:28 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:39

O pontífice morreu aos 95 anos, no dia 31 de dezembro de 2022. (Foto:vaticannews.va)

Marktl am Inn, 16 de abril de 1927, Alemanha. Em um sábado santo nasce Joseph Aloisius Ratzinger, o menino que, 78 anos mais tarde, seria Papa e o primeiro a abdicar ao cargo pela vontade divina, desde Gregório XII.

Em uma infância marcada pelo terror do período nazista, Ratzinger viu o pároco da igreja que frequentava ser açoitado, o desespero de sua família católica em meio à realidade hostil na Alemanha da época e os extremos da violência dos homens.

Ao longo da vida teve sua fé alimentada pelos ensinamentos cristãos e, como Papa, buscava ser pastor da Igreja e pescador de fiéis, como mandava os segmentos de Cristo.

Anos depois de sua renúncia, para além dos jardins do Vaticano – onde viveu desde 2013 – e antes mesmo que os fogos de artifício cortassem o céu dando início ao ano de 2023, Bento XVI faleceu no dia 31 de dezembro de 2022, após proferir a frase “Senhor, eu te amo”.

Fragilizado pela idade avançada (95 anos), em 2020 o jornal alemão Passauer Neue Press já anunciava que o papa emérito sofria de uma doença infecciosa no rosto chamada erisipela. Marcada pelo surgimento de erupções cutâneas e episódios de dor intensa, as causas, sintomas e prevenções da infecção – que também atingiu o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro –, são esclarecidas por Francielly Gastaldi, médica infectologista no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU/Ebserh).

 

E-RI-SI-PE-LA

A doença infecciosa, causada pelas bactérias Estreptococos e Estafilococos – que já existem no organismo humano –, pode ser acarretada quando elas se aglomeram em porções mais profundas da pele, provocando sintomas que vão desde o surgimento de áreas avermelhadas até necrose.

Para além das regiões com feridas expostas, que naturalmente facilitam a entrada desses microrganismos em maior quantidade no indivíduo, porções com inchaços também podem ser mais suscetíveis à erisipela. Isso acontece porque, nessas áreas, a derme se torna mais fina e, consequentemente, mais fácil de ser penetrada.

Gastaldi esclarece que, tanto Bolsonaro quanto Bento XVI, podem ter desencadeado a erisipela através de algum trauma gerado nas regiões em que a infecção se desenvolveu. Em outros casos, a doença também pode se desenvolver por insuficiências venosas, diabetes, outras infecções e herpes zóster – tratando de situações que ocorrem na face, como a do Papa emérito.

 

Sintomas

Dor, pele avermelhada e quente, mal-estar e líquido eliminado na região afetada: esses são alguns dos sintomas provocados pela erisipela. Em casos mais graves, o acometimento também pode gerar febre alta, enjoo e até levar o paciente a óbito, caso a doença não seja devidamente tratada.

Por produzir mais toxinas em menos tempo, os Estafilococos são mais prejudiciais à saúde, de modo que os sintomas podem se desenvolver mais rapidamente, acarretando até mesmo processos de necrose.

“As toxinas começam a circular por todo o corpo, atingindo outras áreas e provocando sintomas que variam de pessoa para pessoa; por isso, o perigo da doença. Existem alguns que demorarão a desenvolver necroses, outros terão em apenas 24 horas; as situações são diversas e precisam ser avaliadas”, esclarece a infectologista.

(Arte: Gabriel Reis)

 

Melhor prevenir do que remediar

Quando se trata de maneiras para evitar a erisipela, todo o processo pode ser resumido em uma única frase: cuidados com a pele. Ao contrário do que muitos podem pensar, a pele é o maior órgão do ser humano e exerce uma função protetora constante, evitando que os mais variados seres tenham contato com nosso organismo.

Caso a derme esteja fragilizada por condições patológicas, como em pacientes com diabetes e hanseníase, a entrada de bactérias como os Estreptococos e Estafilococos são mais propícias. Gastaldi recomenda que ações básicas como manter a pele hidratada, prevenir lesões e cuidados de higiene são essenciais para prevenir a erisipela.

“Existem pacientes em que não conseguimos diferenciar se na área da infecção há um conjunto de trombose ou não, de tão grave que a doença pode ser. Então, é preciso que o atendimento médico também seja rapidamente procurado. Em alguns casos, a aplicação de antibióticos na veia será ministrada”, explica Gastaldi.

(Arte: Gabriel Reis)

 

Caso perceba que tenha tido uma lesão e a área tenha ficado muito dolorida, inchada e avermelhada, o diagnóstico médico poderá comprovar ou não a erisipela e evitar que a situação se agrave.

“Existem inúmeras infecções de pele e todas elas podem evoluir para uma erisipela e, o que poderia ser facilmente resolvido caso avaliado no início, depois pode se tornar algo mais complexo”, finaliza a infectologista.

 

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