Ensino, pesquisa e extensão: a atuação dos PETs da Universidade Federal de Uberlândia

São 44 anos desde que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) criou o Programa Especial de Treinamento — PET, em 1979. Cerca de 25 anos depois, em 2004, o projeto passou a ser responsabilidade da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (Sesu/MEC) e a ser nomeado como Programa de Educação Tutorial.

Dentre os principais objetivos definidos pelo MEC no Manual de Orientações em relação ao programa, destacam-se a vivência de atividades extracurriculares e interdisciplinares na universidade, sob a tutoria de um docente, de forma que o acadêmico possa experienciar ações que não se restrinjam às salas de aula, guiadas a partir dos eixos do ensino, da pesquisa e da extensão. A Universidade Federal de Uberlândia (UFU), atualmente, possui 40 grupos PETs, sendo 18 vinculados ao MEC e 22, institucionais. Na universidade, o programa no modelo institucional foi criado em 2006, por iniciativa da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd).

Estudante de Jornalismo e membro do PET Conexões e Saberes, Isadora Pinheiro explica como foi o processo seletivo para seu ingresso no grupo. “O PET que faço parte tem recorte racial e socioeconômico, este último sendo eliminatório. Então, para ser aprovado, é preciso fazer uma entrevista, apresentar uma carta de interesse, currículo acadêmico e a documentação necessária para comprovar os critérios de renda”. Ela frisa, ainda, que esse processo varia de acordo com a proposta de cada PET. “Alguns pedem para o aluno fazer uma prova, apresentar um seminário, estar com um projeto de pesquisa pronto; vai depender muito de como cada PET se organiza”, comenta.

Tutor do PET Engenharia Química há mais de dois anos, o professor Danylo de Oliveira acredita que integrar o programa desenvolve nos seus membros senso de responsabilidade e uma visão mais crítica ligada a questões de gênero, étnico-raciais e à saúde mental. “Os estudantes desenvolvem diferentes habilidades, tanto curriculares como extracurriculares, podendo aperfeiçoar a comunicação oral, escrita, a organização e o trabalho em equipe”, enumera.

Com base nos preceitos de pesquisa e extensão, o PET Engenharia Química desenvolve projetos e iniciativas que buscam abranger as necessidades tanto da comunidade interna quanto externa, como, por exemplo, a ministração de minicursos e workshops sobre as disciplinas que serão cursadas pelos demais estudantes, com o objetivo de evitar a evasão e retenção no curso. Além disso, cada estudante desenvolve uma iniciação científica individualmente enquanto membro do grupo, o que correlaciona as atividades práticas e teóricas.

Para o professor, a participação em projetos como o "UFU na Escola" e o "Vem pra UFU" permite aos alunos um contato direto com a comunidade externa, além de poderem mostrar tudo que é produzido dentro da universidade. “Assim, nós podemos despertar nossos olhares para outras necessidades ao nosso redor, o que pode mudar nossa forma de atuação no ensino e na pesquisa no nosso curso”, sublinha.

No ano de 2022, cerca de 4.500 alunos do Ensino Básico e Médio da cidade de Uberlândia e de regiões próximas foram atendidos pelo UFU na Escola. Por intermédio da iniciativa “Acolha uma escola”, entidades da UFU como os PETs, as Empresas Juniores, os Centros e Diretórios Acadêmicos realizaram visitas guiadas nos campi da universidade e desenvolveram ciclos de palestras, oficinas, atividades esportivas e culturais, rodas de conversa e outras ações com o propósito de aproximar da instituição os estudantes da Rede Pública de Ensino.

Alunos da Escola Estadual Hortêncio Diniz, em visita guiada pelo Campus Santa Mônica em 2022. Atividade foi intermediada pelo PET Estatística. (Foto: Milton Santos)

Na mesma perspectiva dos projetos idealizados pelo UFU na Escola, Isadora Pinheiro aponta que o PET Conexões e Saberes realiza ações em escolas públicas do Ensino Médio na cidade há alguns anos, tendo como base os dois eixos temáticos do grupo: estudos sobre negritude e ações educomunicativas. No ano passado, os petianos elaboraram uma oficina sobre fact checking (checagem de fatos) e leitura crítica de mídia para os estudantes. “Eles analisaram reportagens, notícias e puderem escrever, eles mesmos, os próprios textos. As atividades são sempre alinhadas nessa temática educomunicativa”, relata.

Para o ex-petiano e aluno do curso de Engenharia Química Gabriel Bonifácio, a experiência no programa foi fator decisivo para o seu desenvolvimento pessoal e acadêmico. O aluno recorda que, durante o tempo em que participou do projeto, pôde ministrar minicursos e desenvolver uma pesquisa na área da microbiologia, além de participar de ações educativas em parceria com o ABC do Glória. “Durante a pandemia, nós desenvolvemos cartilhas e atividades relacionadas às áreas de Química, Física e Matemática para os alunos que faziam parte da instituição. Era um material bem simples, mas ajudava bastante”, conta.

Finalizando, Bonifácio enfatiza a importância do programa não só no seu crescimento acadêmico, mas também na experiência empregatícia. “Pude aprimorar e até alcançar algumas características que eu não tinha antes, como análise crítica e resolução de problemas; tudo isso me ajudou no processo de entrada no mercado de trabalho. O que eu aprendi no PET vai muito além do que é mostrado nas salas de aula.”

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