Publicado em 25/02/2015 às 09:11 - Atualizado em 09/06/2025 às 22:13
O desafio de conter o vírus Ebola mobiliza cientistas de várias partes do mundo. Uma destas equipes que tentam conter o avanço da doença reúne professores da Universidade da Califórnia (UC Davis), nos Estados Unidos, como Karen McDonald, Abhaya Dandekar, Somen Nandi e Raymond Rodriguez. Também faz parte do grupo a pesquisadora Tâmara Prado de Morais, aluna de doutorado do Programa de Pós-graduação em Agronomia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
O projeto é intitulado "RAPID: Novel Bioreactor-Based Systems for Producing Anti-Ebola Monoclonal Antibodies in Nicotiana benthamiana Plant Cell Suspension Culture" (RAPID: Utilização de sistemas de biorreatores para a produção de anticorpos monoclonais contra Ebola a partir da cultura de suspensão celular de Nicotiana benthamiana). O estudo é financiado pelo National Science Foundation, órgão americano responsável por promover o progresso da ciência. Orientada nos Estados Unidos pelo professor Abhaya Dandekar, Tâmara de Morais explica que o projeto é fragmentado em etapas. “Cada uma dessas fases é desenvolvida por um laboratório diferente, de modo a garantir o sigilo de todo o processo”, afirma.
Segundo Tâmara, esta pesquisa contribuirá para o desenvolvimento de novos processos de biofabricação de proteínas contra o vírus Ebola, aumentando significativamente a capacidade de produção da vacina. “Atualmente, os anticorpos contra o Ebola (medicamento conhecido como ZMapp, produzido pela empresa americana Mapp Biopharmaceutical) são obtidos em plantas de tabaco. No entanto, trata-se de um processo de baixo rendimento. No trabalho proposto, a produção será em cultura de células vegetais (e não na planta inteira), o que possibilita o cultivo em biorreatores. Assim, ao otimizar as condições de fabricação, espera-se obter aumento de 100 vezes na produtividade para a mesma massa de material vegetal. Além do Ebola, esta metodologia poderá ser aplicada na produção de vacinas contra outras doenças”, explica Tâmara. A partir desse estudo, os demais laboratórios darão continuidade ao processo de produção da vacina contra o Ebola.
Ciência sem Fronteiras
Atualmente, Tâmara de Morais realiza Doutorado Sanduíche pelo Programa Ciência sem Fronteiras (bolsista CNPq) na Universidade da Califórnia. No Brasil, ela está sob orientação do professor José Magno Queiroz Luz, do Instituto de Ciências Agrárias, e sob coorientação do professor Luiz Ricardo Goulart Filho, do Instituto de Genética e Bioquímica. Ela pesquisa o desenvolvimento de plantas resistentes a fitobacterioses através da expressão de proteínas vegetais antimicrobianas.
José Magno Queiroz Luz enfatiza que, por se tratar de uma estudante com um diferencial de dedicação, competência e responsabilidade, Tâmara soube aproveitar a oportunidade para participar de outra pesquisa. “Isso tornará o treinamento ainda mais completo”, destaca o orientador. Para o professor, “nossos estudantes que estão no exterior devem explorar ao máximo aquilo que a instituição possa oferecer”. E completa: “para nós da UFU, é orgulho ter uma estudante participando de trabalhos de tão alto nível como este que a Tâmara está envolvida”.
A doutoranda tem 28 anos, é engenheira agrônoma e mestre em Agronomia pela UFU. Durante a graduação, foi bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET) e realizou intercâmbio acadêmico na Universidad Autónoma Chapingo (México), estagiando nos laboratórios de Biologia Molecular e Cultura de Tecidos Vegetais. Também foi bolsista CNPq de Apoio Técnico à Pesquisa no Laboratório de Biotecnologia Vegetal da UFU.
Palavras-chave: EBOLA
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