Publicado em 14/04/2015 às 12:21 - Atualizado em 09/06/2025 às 22:13
Lucas Tondini (Estagiário de Graduação)
Nesta quinta-feira, 16/04, acontece o coquetel de lançamento do livro Rap e política: percepções da vida social brasileira, de Roberto Camargos, doutorando do Instituto de História. A obra é a versão praticamente integral da dissertação que o autor apresentou ao Programa de Pós-graduação em História (PPGHI) com vistas a obter o título de mestre em História. Em 2012, o trabalho foi escolhido como a melhor dissertação defendida no PPGHI. Além disso, em 2013, o texto foi contemplado com o Prêmio Funarte de Produção Crítica em Música. Assim que veio a público, o livro foi comentado pela revista História Viva, virou dica de aula na Carta na Escola, de Carta Capital, apareceu em outras revistas e jornais e ganhou repercussão junto a rappers de grupos nacionalmente conhecidos e reconhecidos, como o Racionais MC’s e Realidade Cruel.
No livro, o autor analisa o universo cultural e musical do rap, abordando-o como um processo vivido ativamente por múltiplos sujeitos, evidenciando que uma prática originalmente concebida em outro país, difundida por meios de comunicação de massa e produtos culturais diversos (filmes, discos etc.), foi apropriada e convertida em modo de expressão, lócus de reflexão e atuação sociopolítica por/de setores tidos como marginais na sociedade brasileira.
De acordo com Campos, o rap (ou, mais precisamente, os rappers) tem cumprido o papel de comentador crítico da realidade brasileira - embora esse universo cultural não se resuma tão somente a isso. Por isso, ele cumpre o papel de pensar, elaborar e construir simbolicamente sentidos e significados para essa sociedade. "Apesar de ser um universo muito heterogêneo, arrisco a dizer que o rap tem cor, lugar e classe social. E faz questão de não apagar essas características de sua poética. Pelo contrário, tudo isso aparece com um peso muito forte. Mas os rappers, mesmo sendo majoritariamente porta-vozes do gueto, da favela, da periferia, dialogam com outros setores da sociedade brasileira e, ao menos potencialmente, tem tudo para se fazer ouvir por todos. O problema é que nem sempre essa sociedade está disposta a ouvir o recado dos 'manos', em especial aquela parte dela que constitui alvo das críticas que os rappers produzem", explica o doutorando.
Campos explica que os compositores do rap, em geral, dedicam parte considerável de sua produção poética e musical à construção de críticas aos valores dominantes e a certas práticas que são dominantes em seu tempo histórico, marcado pela hegemonia do neoliberalismo. Suas mensagens visam denunciar as desigualdades sociais, a concentração de renda, o acesso desigual aos equipamentos públicos e à cidade, a violência do Estado contra os pobres e negros e, de forma contundente, atacam o racismo arraigado nas relações existentes na sociedade brasileira. Com as mensagens organizadas sob a forma de música, mostram que existem leituras/representações alternativas para a sociedade brasileira e, sobretudo, que não há consenso e/ou aceite absoluto em relação ao modo como a vida social se produz e reproduz.
O coquetel será realizado na Casa da Cultura, localizada na Praça Coronel Carneiro, 89, das 19h30 às 21h30. Na ocasião, o livro será comercializado a preço promocional de R$ 28.
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