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Especial

Histórias de mães da UFU

Aluna, técnica e professora falam de suas relações com as filhas e a universidade

Publicado em 07/05/2015 às 14:11 - Atualizado em 09/06/2025 às 22:12

A UFU está cheia de mães, ensinando e aprendendo. Mulheres diversas, de famílias com as mais variadas configurações. Nesta véspera do Dia das Mães, o Comunica UFU conta a história de algumas delas e parabeniza a todas.

Estudante de doutorado concilia aulas com amamentação

Kellen e as pequenas Maísa e Mariana

Nas aulas de pós-graduação da Faculdade de Educação da UFU, a doutoranda Kellen Bernardelli ocupa, preferencialmente, a carteira ao lado da porta. O espaço facilita a saída na hora da chegada da bebê, Maísa, de cinco meses, que é levada à universidade para que possa ser amamentada pela mãe. É assim, em ritmo acelerado, que a estudante e professora alfabetizadora da Escola de Educação Básica (Eseba), também mãe de Mariana, de três anos, tenta equilibrar a rotina de múltiplas funções.

“Eu brinco que a amamentação é a tecnologia mais avançada do mundo: você sente que sua cria está com fome - isso é lindo! Ela abre um sorriso e mama com os olhinhos fechados e, depois, ri novamente como se estivesse me agradecendo”, derrete-se. Trabalhar, estudar, cuidar de duas crianças pequenas, administrar a casa. Como fazer tudo ao mesmo tempo, agora? “É importante estipular horários para as atividades. Além disso, consegui uma grande ajuda com a minha funcionária, que nos auxilia muito. Claro que alguma coisa não fica bem em alguns momentos, por exemplo, não terminei de ler todos os textos da semana”, assume, com bom humor.

Casada há 10 anos, Kellen cursou Pedagogia, atuou como coordenadora pedagógica nas redes estadual e municipal, é formadora de professores pelo Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, elaborou aulas para o Portal do MEC... Ufa! A receita para tudo isso? “Dizem que carro apertado é que anda: amo essa vida linda!”, celebra a doutoranda.

Técnica gerou duas filhas e ganhou terceira de presente

Valéria, Manuela, Ana Carolina e Ana Angélica

Valéria Belório tem três filhas: duas do ventre e uma do coração. Tem também trinta anos de UFU e alguns dias como aposentada: “parece que ainda estou de férias!” Aos 22 anos deu à luz sua primeira filha, Ana Carolina. Três anos depois começou a trabalhar na UFU, na Divisão de Compras. No ano seguinte, nasceu a segunda filha, Ana Angélica.

A vida de Valéria e das duas filhas foi sendo desenhada dentro da UFU. As meninas estudaram na Escola de Educação Básica da UFU e depois, na universidade. Ana Carolina cursou Enfermagem e Ana Angélica fez Ciências Contábeis. Hoje, as duas Anas são técnicas administrativas da UFU. Inspiradas pela mãe? “Pode até ser, mas quando elas fizeram a inscrição no concurso não me contaram”, lembra Valéria.

Em 2003, outra menina entrou na vida de Valéria. “Eu estava saindo para fazer um curso de capacitação, aí minha filha falou assim: 'mãe, você ganhou um presente, tá lá dentro de casa'. Aí cheguei e ela estava aqui. No primeiro momento ela já me chamou de mãe. Era pra ser minha mesmo”, recorda a chegada da Manoela, hoje com 13 anos. A menina é filha biológica de um tio de Valéria, mas foi a secretária quem a criou desde que a menina era um bebê.

Valéria estudou Secretariado Executivo e, após passar por outros setores da universidade, em 2005, foi convidada para ser secretária da Pró-reitoria de Administração e Planejamento (Proplad), onde permaneceu até se aposentar, no dia 30 de abril deste ano. Agora planeja descansar, viajar, fazer um trabalho voluntário e, é claro, ter mais tempo para suas meninas. “A maternidade é uma coisa maravilhosa que tem na vida da gente, porque os filhos preenchem o seu vazio”.

A luta para conciliar a carreira de mãe e professora

Sandra e a filha Bia

“É uma doação constante ao outro e um exercício amoroso que transcende qualquer coisa. Quando se quer ser mãe é preciso estar inteira em um amor incondicional”. É assim que a professora Sandra Garcia, do curso de Comunicação Social: Jornalismo, e mãe de Beatriz define o que é ser mãe.

Por não ter família residente em Uberlândia e nem a presença constante do marido, que mora e trabalha em São Paulo, Sandra comumente precisa recorrer a amigos para cuidar de sua filha quando precisa ir a um compromisso pessoal. Mas nem sempre isso é possível e ela precisa levar a pequena, hoje com sete anos, para reuniões de trabalho e para a sala de aula. A professora garante que já se preveniu contra essas situações e que isso não é um problema: “sempre levo papel e lápis de cor para ela desenhar, algum aparelho eletrônico para ela ver vídeos ou jogar e, às vezes, a tarefa da escola. Mas quando demora muito, a paciência dela se esgota e preciso conversar para ela segurar mais um pouco”.

Sandra conta que já passou por situações engraçadas quando precisou levar a filha para a universidade. Quando chegou a Uberlândia, em agosto de 2010, Bia tinha acabado de fazer três anos e, por vezes, a mãe a levava junto quando tinha que resolver coisas na UFU. Eram meses de muito calor e quando ela via os espaços da universidade ficava planejando: “aqui eu vou fazer uma piscina”. Sandra respondia: “mas Bia, quem vai ficar tomando conta da piscina quando você não estiver aqui?” E a menina retrucava: “Ah, vou deixar a Mimosa e a Lilica [personagens do Cocoricó] pra ninguém mexer na minha piscina!”. Outra história engraçada relatada pela professora aconteceu quando ela estava dando aula e a filha ficou desenhando no quadro. Quando viu, Sandra notou que a pequena a tinha desenhado. Prato cheio para os alunos acharem graça e, é claro, fazerem fotos.

Para Sandra, a maior dificuldade em ser mãe é saber que a vida não é mais só sua. Não dá mais para fazer programas que, antes, bastava querer ir. Nem para ter noites de sono completas ou sair sempre com os amigos em happy hours. “Tudo tem que ser planejado com muita antecedência, porque tem uma criança que depende de você. Como fui mãe mais velha, posso dizer que essas dificuldades não me deixam triste e, de vez em quando, também é possível organizar a rotina para fazer uma coisa ou outra”, declara.

Apesar das dificuldades, a professora garante que os prazeres em ser mãe são muito maiores. Para ela, se ver no outro e ver como alguém a idolatra tanto, sentir um amor inteiro, cuidar de alguém que é seu filho, acompanhar o desenvolvimento desse ser ao longo dos anos, ter orgulho, ter conversas surreais e rir com isso, ter uma companhia perfeita e apresentar o mundo a essa companhia supera qualquer adversidade.

Como Bia ainda é uma criança, Sandra considera que o maior desafio é ensinar valores fundamentais: respeito ao outro, respeito aos animais, a ideia de que nem tudo o que se vê pode ser comprado, o incentivo à leitura e a atividades que fujam um pouco aos eletrônicos e a compreensão sobre situações presenciadas na escola e em outros ambientes. “É difícil, dá trabalho e não dá para deixar na mão só da escola e de outras pessoas. Por isso que eu digo que nem todo mundo está preparado para ser pai e mãe”, finaliza.

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