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Gestão

Por um lugar melhor para se viver

Reitor e gestores visitam Moradia Estudantil e recebem reivindicações de estudantes

Publicado em 03/10/2015 às 16:55 - Atualizado em 09/06/2025 às 22:12

Moradores entregaram carta à Reitoria (Foto: Diélen Borges)

A casa estava preparada para a visita no fim da tarde de segunda-feira. Cartazes por toda parte anunciaram com antecedência: no dia 28 de setembro, o reitor Elmiro Santos Resende visitará a Moradia Estudantil da UFU. Às cinco ele estava lá, acompanhado do prefeito universitário Reges Teodoro, da pró-reitora de extensão, cultura e assuntos estudantis Dalva de Oliveira e do diretor de assuntos estudantis Leonardo Barbosa.

São 26 apartamentos e 117 moradores. Em cada apartamento vivem até seis estudantes. Dois são destinados a pessoas com deficiência, mas não estão ocupados ainda. Os apartamentos têm três quartos, sala, cozinha, banheiro, lavanderia, móveis e eletrodomésticos.

Os visitantes foram recebidos pela gestora da Moradia Estudantil, a assistente social Maria de Fátima Oliveira. Ela mostrou o lugar onde pretendem criar uma horta comunitária e contou que estão desenvolvendo os projetos de Qualidade de Vida na Moradia Estudantil e de Rede Acadêmica Solidária. “Nós iniciamos com a área de nutrição. Estamos fazendo avaliação física, para saber como os alunos estão, palestras educativas e estamos com ideia de fazer oficinas de culinária com pratos rápidos, para poder ajudar a melhorar a alimentação, nos fins de semana principalmente”, explica.

A assistente social Maria de Fátima Oliveira levou Elmiro Resende, Leonardo Barbosa, Reges Teodoro e Dalva de Oliveira aos diferentes espaços da Moradia (Foto: Diélen Borges)

Fátima subiu com os gestores para um salão com vista para o Parque do Sabiá, onde estava marcado o encontro com os moradores. Enquanto esperavam os alunos que acabavam de chegar dos seus apartamentos, o reitor relembrou seus tempos de república: “eu, que já morei durante um bom tempo da minha formação em uma casa parecida com essa, sei da importância que é, pois se estabelecem vínculos, respeito e principalmente solidariedade”.

Dalva falou do desafio de se construir uma Moradia Estudantil do zero. “Estamos aqui para ouvi-los. É tudo novo para a gente, é a primeira moradia. Então, como fazer isso?”, problematizou a pró-reitora. “Nosso desafio é fazer com que a moradia seja o melhor lugar para que vocês possam ter todas as condições para concluir os cursos de vocês. E que nesse lugar se construam laços de compartilhamento, para levar para a vida esse momento especial que tiveram aqui”, declarou.

O prato e a pauta do dia

Stela Gonçalves, Elora Martins e outros moradores explicaram suas propostas (Foto: Diélen Borges)

Chegaram os alunos que eram aguardados, trazendo pratos, talheres e a janta que preparam para os visitantes usando como ingredientes a cesta básica que recebem trimestralmente na Moradia. Mas antes, tinham a pauta de reivindicações.

“É inegável que a Moradia da UFU tem que servir como referência. Eu conheço outras moradias e é inegável o padrão de vida que a gente tem aqui. Mas só um lugar bacana pra gente dormir não é suficiente”, adiantou Stela Gonçalves, aluna da Geografia. A estudante se mostrou preocupada com os dados da pesquisa sobre o perfil do graduando da UFU, que revelou que metade dos residentes na Moradia Estudantil fazem apenas três refeições por dia.

Pedro Cândido, aluno do curso de Direito, agradeceu pelo encontro com os gestores. “Realmente, é um momento histórico a visita da equipe administrativa da universidade aqui na nossa casa. Nós nos sentimos muito honrados por poder falar com vocês e por vocês sentirem como nos sentimos dentro da Moradia Estudantil”, revelou. Pedro não desperdiçou a oportunidade e expôs suas angústias: “nós somos o perfil dos estudantes pobres, negros, vindos de escolas públicas, que hoje felizmente estão ocupando este espaço que antes não era ocupado por pessoas da nossa classe”.

Os moradores reclamaram do local onde foi construída a moradia, no bairro Tibery, por estar longe de todos os campi. Pedro explicou que, quando os passes de ônibus atrasam, eles têm que andar cerca de 4 km a pé, à noite, quando voltam das aulas – o que é pior para as meninas, mais vulneráveis às situações de violência. Dalva lembrou que foi uma decisão tomada por outra gestão e Fátima explicou que, na época, se pensou em um lugar entre os campi – Santa Mônica, Umuarama e Educação Física –, justamente para que não se privilegiasse nenhum dos espaços.

Alunos prepararam jantar para os visitantes (Foto: Diélen Borges)

O debate avançou até que a bela vista nas janelas do salão se modificasse: o destaque já não eram as árvores do parque, mas as luzes dos postes. Os alunos pediram a inclusão da Moradia Estudantil como ponto de parada do transporte intercampi e a intercessão da UFU junto à Prefeitura Municipal para que as rotas do transporte público sejam alteradas para contemplar melhor o endereço da Moradia.

Abordaram também a necessidade de melhorar a alimentação nos fins de semana, sugerindo o convênio da UFU com restaurantes próximos, uma bolsa que visasse à complementação da alimentação e/ou o fornecimento de marmitas pelo Restaurante Universitário para o jantar aos sábados. Pediram ainda internet de mais qualidade e atendimento psicológico na Moradia Estudantil – afinal, são mais de cem jovens que deixaram suas famílias e viverão juntos por cerca de cinco anos.

Organizados, os moradores realizam assembleias periódicas para acompanhar o panorama da assistência estudantil da UFU e os serviços prestados na Moradia. Todas as demandas debatidas no encontro foram registradas em uma carta para a reitoria. Os gestores se comprometerem com os estudantes a responder às suas propostas, também por escrito, em até dez dias.

“É gratificante ver como as coisas estão sendo gerenciadas. Essa vinda aqui é para nos certificarmos de como [a Moradia Estudantil] está e também para ouvir deles [os estudantes] as novas reivindicações. É assim mesmo que a gente vai construindo esse espaço tão importante,” avaliou o reitor. A reunião terminou com janta para todos: arroz, feijão e macarrão.

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