Pró-reitoria está de nome novo

Marlene Borges: "Não faz mais sentido tratar as pessoas como recursos". (Foto: Milton Santos)

É o que explica a professora Marlene Marins de Camargos Borges, atual gestora da Progep. “O processo de alteração do nosso nome começou a tramitar em março de 2015 e se justificou pelo entendimento da importância do papel das pessoas nas organizações. Tendo como base este prisma, não faz mais sentido tratá-las como ‘recursos’, algo que passa uma conotação de controle. O termo ‘gestão’ é mais adequado e traduz o nosso interesse em investir nos servidores da UFU, capacitá-los, desenvolver os seus potenciais e habilidades. Quanto mais qualidade na atenção ao servidor, melhor será o resultado da atuação dele”, sublinha a pró-reitora.

Opinião – Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Administração da UFU, o professor Valdir Machado Valadão Júnior é um dos entusiastas desta mudança de nomenclatura e cita que já há algum tempo esse procedimento vem acontecendo em uma série de organizações. “A substituição do termo ‘recursos humanos’ por ‘gestão de pessoas’ é uma tendência na área de administração e para o nosso caso é também uma orientação dentro de todas as Universidades Federais”, informa.

Brincando que o nome anterior, Proreh, “soava como algo para trás, uma verdadeira ré”, ele demonstra otimismo quanto às novas perspectivas surgidas a partir do “nascimento” da Progep. “Quero acreditar que essa troca de nomes, para o nosso caso, virá acompanhada de mudanças mais profundas e significativas na questão do trabalho, em nível individual, por meio de melhor qualificação e qualidade de vida ao trabalhador; para os grupos, gerando transparência, novos processos e diálogo; e, em nível organizacional, apontando para a qualidade no trabalho e reciprocidade para com a comunidade”, pondera. E completa: “Vamos andar em frente. O primeiro passo foi dado – gestão de (com) pessoas. Cabe a nós, pessoas, construir outros significados para o lugar que trabalhamos. A universidade nos dá essa possibilidade.”

Parecer – Relator do processo que culminou com a adoção do nome Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas, o professor Welington de Oliveira Cruz alegou, em seu parecer, que a demanda era pertinente por ir ao encontro de decretos e legislações vigentes, bem como da própria função do setor, “uma vez que não se caracteriza mais por ser um mero departamento de pessoal ou administração pessoal”.

Cruz utilizou como base um conceito apresentado pelo pensador Raymond Williams, na obra Marxismo e Literatura, para pontuar que, embora possa parecer simplista para alguns, a mudança de nomenclatura não o é, tendo em vista que as palavras, os conceitos e a própria língua carregam consigo, implícita ou explicitamente, uma definição dos seres humanos no mundo. “Assim, a mudança de nomenclatura irá mobilizar conceitos e definições importantes para a função e cumprimento dos objetivos e da missão institucional que a Pró-Reitoria exerce na Universidade Federal de Uberlândia”.

Em outro trecho do relatório, o professor aponta que a Administração de Recursos Humanos pode ser considerada estratégica, tendo a função específica de integração e motivação das pessoas dentro da organização. “Por isso, preocupações com a qualidade de vida no trabalho, com a melhoria do clima, com a formação de uma cultura organizacional salutar e com o relacionamento interpessoal são exemplos de atividades da ARH nas organizações”.