Publicado em 22/03/2016 às 17:55 - Atualizado em 09/06/2025 às 22:14
Atividade do SGLT1 em células alveolares do pulmão de diabéticos modula a concentração de glicose e a proliferação bacteriana no líquido de superfície das vias aéreas (Imagem: Arquivo dos pesquisadores)
Quem tem diabetes sofre mais com infecções, porque o excesso de glicose no organismo pode causar danos ao sistema imunológico. Os glóbulos brancos, responsáveis pelo combate a vírus, bactérias e outros agentes infecciosos, ficam menos eficazes com a hiperglicemia. Além disso, segundo a Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde, “o alto índice de açúcar no sangue é propício para que fungos e bactérias se proliferem em áreas como boca e gengiva, pulmões, pele, pés, genitais e local de incisão cirúrgica”.
Agora, um grupo de pesquisadores da UFU, em parceria com outras universidades, acredita que pode solucionar esse problema. “Nossos resultados indicam que a SGLT1, proteína presente em células pulmonares, promove a diminuição da concentração de glicose e do volume de líquido pulmonar, reduzindo o risco de infecções respiratórias”, relata o professor Robinson Sabino-Silva, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICBIM/UFU) e credenciado nos programas de pós-graduação em Ciências da Saúde e em Odontologia da UFU.
Os pesquisadores partiram de um problema vivenciado nos hospitais. “A gente percebia, quando ia falar com o pessoal da clínica e lendo os trabalhos importantes, que indivíduos diabéticos morriam muito mais de infecções bacterianas ou tinham infecções especificamente no pulmão, que eram muito mais difíceis de serem tratadas”, relembra Sabino-Silva.
A SGLT1 é uma proteína naturalmente presente nos pulmões e em outros órgãos – e a ciência já sabia disso. “O que a gente mostrou pela primeira vez, que ninguém sabia, é que ela tem um papel muito importante para regular a quantidade de glicose e, consequentemente, das bactérias nesse líquido”, revela o docente.
O trabalho abre perspectivas para o desenvolvimento de novos fármacos para o tratamento de infecções respiratórias em pacientes diabéticos no âmbito hospitalar. “Mostramos que algumas drogas poderiam melhorar o funcionamento dessa proteína”, explica o professor. O grupo fez experimentos em ratos diabéticos, injetando dois tipos de fármacos: um que estimulava o efeito da proteína SGLT1 e outro que bloqueava o efeito dela. A pesquisa concluiu que a atividade da proteína SGLT1 em células alveolares do pulmão de ratos diabéticos modula a concentração de glicose e a proliferação bacteriana no líquido de superfície das vias.
O trabalho SGLT1 activity in lung alveolar cells of diabetic rats modulates airway surface liquid glucose concentration and bacterial proliferation foi publicado, em fevereiro deste ano, na revista Scientific Reports (leia aqui). A pesquisa foi desenvolvida em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Na UFU, também teve a participação da aluna Elaine Fávaro Pípi, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UFU, e do professor Luiz Ricardo Goulart, do Instituto de Genética e Bioquímica da UFU. Os pesquisadores integram o Grupo de Pesquisa em Fisiologia Integrativa e Nanobiotecnologia Salivar, do ICBIM/UFU.
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