Experimento em Monte Carmelo identifica deficiência de nutrientes em cafeeiros

Parte da equipe reunida durante experimento. Foto: Arquivo dos pesquisadores

Como avaliar se um cafeeiro está com deficiência de macronutrientes, como nitrogênio e magnésio, por exemplo? Professores e alunos do Campus Monte Carmelo da UFU conduziram um experimento em uma casa de vegetação na Fundação Carmelitana Mário Palmério (Fucamp), com o objetivo de ajudar a responder a essa pergunta.

O convencional para fazer esse tipo de análise nas plantas é coletar algumas de suas folhas e levá-las ao laboratório. O experimento realizado na Fucamp traz uma proposta diferente: observar a planta no próprio campo, preservando as amostras de folhas analisadas e, então, perceber alguns parâmetros que possam ser utilizados para identificar sintomas de deficiência de macronutrientes.

O experimento foi feito usando cafeeiros cultivados em solução nutritiva, uma combinação de água com nutrientes. De acordo com o professor Enio Costa, vinculado ao Instituto de Ciências Agrárias (Iciag/UFU) e coordenador do experimento, é possível controlar a quantidade e os tipos de nutrientes que serão colocados nessa solução e, consequentemente, controlar que nutrientes essas plantas vão absorver. Ele explica que os parâmetros observados "poderão ser, posteriormente, utilizados no campo, viabilizando a avaliação do estado nutricional de plantas".

Cafeeiros cultivados em solução nutritiva e utilizados no experimento. Foto: Arquivo dos pesquisadores

O experimento

As medições dos nutrientes tinham resultados imediatos e preservavam a planta. Foi usado equipamento portátil de fluorescência de raios-X para determinar quantitativamente os elementos nas folhas-diagnóstico dos cafeeiros. Outros exemplos de equipamentos usados no experimento são um medidor de clorofila e um sistema portátil para medir fotossíntese. Foram feitas também fotografias aéreas, que serão processadas em programas computacionais na tentativa de desenvolver software que possa diagnosticar deficiências nutricionais em uma fase que ainda não é possível visualizar a olho nu. Após todas essas medições, as plantas foram coletadas para uma nova etapa de análises.

De acordo com Costa, "a viabilidade de uso desses parâmetros contribuirá para outros estudos, sobretudo envolvendo lavouras cafeeiras tratadas com águas residuárias da cafeicultura (ARC)". Essa prática consiste em reaproveitar a água que resulta do processamento do café, momento em que os grãos são lavados e descascados, por exemplo. A água resultante desse processo é rica em nutrientes e, por isso, pode ser usada nas lavouras para enriquecer nutricionalmente as plantas.