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Ciência

Pesquisas da UFU sobre formigas do Cerrado estão na categoria 1A do CNPq

Estudos abordam ecologia de comunidades e conservação de locais que têm espécies ameaçadas

Publicado em 26/04/2017 às 13:51 - Atualizado em 09/06/2025 às 22:15

Segundo o professor, as pesquisas envolvem outros docentes e alunos (Foto: Marco Cavalcanti)

Há seis anos, o professor Heraldo Luis de Vasconcelos, do Instituto de Biologia da UFU, está na categoria 1A de pesquisadores do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a mais alta em nível de produtividade científica. O docente tem, atualmente, três pesquisas em andamento que, de modo geral, abordam a ecologia de comunidades de formigas no Cerrado e a conservação de locais que têm espécies ameaçadas.

Uma das pesquisas teve o término do seu financiamento em dezembro do ano passado, mas o professor continua fazendo análises de dados e publicações. Segundo ele, esse trabalho tem uma abrangência maior, pois busca estudar a biota brasileira. Vasconcelos integra a equipe para pesquisar o Cerrado e, mais especificamente, a parte dos insetos sociais. “O que a gente tem procurado fazer são amostragens em várias regiões de Cerrado; fomos a vários locais que possuem a vegetação do Cerrado para coletar formigas”, conta o professor. Foram encontradas algumas espécies novas, como uma que era conhecida apenas na região da Austrália, mas que foi achada em Tocantins.

Vasconcelos também analisou a variação da quantidade de espécies em relação à latitude. “No caso do Cerrado, nas regiões mais quentes e secas, mais próximas do Nordeste, existem menos espécies e vai aumentando para o Sudeste”, explica. Além disso, a formiga Tocandira, típica da região amazônica, também foi encontrada durante a pesquisa. “Isso mostra que o Cerrado tem um mosaico de espécies, com as que são típicas do bioma e as que vêm de outros biomas”.

A influência de fatores locais e regionais sobre a estrutura de assembleia de formigas arbóreas no Cerrado é o tema de outra pesquisa de Vasconcelos, realizada na Reserva do Panga. “A ideia é explicar como são os padrões de diversidade de formigas que nidificam [formam ninho] nas árvores do Cerrado e o que mantém a coexistência de espécies nesses lugares”, explica. Já foi possível verificar a influência da espécie de árvore, da oferta de recurso alimentar, entre outros resultados.

Coleta de formigas no topo de árvores, realizada na Reserva do Panga. (Foto: Arquivo do pesquisador)

Outra pesquisa, que ainda está sendo desenvolvida, aborda os padrões de biodiversidade e processos ecológicos em ecossistemas do Cerrado na região do Triângulo Mineiro e Sudeste de Goiás. O estudo faz parte do Programa Ecológico de Longa Duração (Peld) do CNPq e tem um enfoque em monitoramento e acompanhamento ao longo do tempo. “Eu me reuni com colegas do Instituto [de Biologia] e a gente mandou uma proposta com foco na Reserva do Panga. Então envolve os meus trabalhos com formigas e de outros professores com abelhas, árvores etc.”. A ideia é monitorar as transformações que estão acontecendo na fauna e flora do Cerrado devido às mudanças climáticas. Foram, aproximadamente, 170 projetos submetidos, dos quais 30 foram financiados, e a pesquisa do Inbio/UFU ficou em oitavo lugar.

Todas essas pesquisas, segundo Vasconcelos, além de contribuírem para o avanço no conhecimento científico, também têm desdobramentos para a área de conservação. “A gente tem de selecionar locais que são prioritários para criação de novas áreas de conservação, em função do que sabemos sobre as espécies que estão lá”. Ele explica que isso acontece da seguinte maneira: se tiver uma espécie de ampla distribuição, ela pode estar em qualquer lugar e não é problema; mas se for uma que está, de alguma forma, ameaçada, ela passa a ser prioritária.

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Palavras-chave: pesquisa Ciência CNPq 1A Biologia

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