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Calouros

Recepção aos ingressantes no Pontal contou com intervenção de feministas

Coletivo das Miga é formado por estudantes de Ituiutaba

Publicado em 06/04/2017 às 18:14 - Atualizado em 09/06/2025 às 22:15

Ingressantes do Campus Pontal aguardando o início do evento (foto: Fabiano Gourlart)

Ituiutaba, Campus Pontal da UFU. Dia 5 de abril, 19 horas. No anfiteatro, começava o evento de recepção aos ingressantes. Cantou-se o Hino Nacional, os gestores da instituição compuseram a mesa para apresentar todas as possibilidades oferecidas para os calouros da UFU e promover sua integração com os veteranos. Antes mesmo da primeira fala das autoridades, uma aluna se levantou e começou a relatar incidentes relacionados a preconceitos acontecidos com mulheres. Era Mirene Martins, 19 anos, estudante do 5º período do curso de Serviço Social no Pontal. Ela é integrante do Coletivo das Miga, grupo formado por mulheres discentes da UFU em Ituiutaba, com representantes de vários cursos, que trabalha com a inserção e a afirmação da mulher na sociedade de forma coletiva.

De acordo com Marins, o coletivo surgiu a partir de demandas da universidade, ela conta: “Éramos amigas muito próximas e estávamos relatando coisas do dia-a-dia, umas com as outras, quando percebemos que passávamos pelo mesmo tipo de repressão, preconceito e assédio por sermos mulheres. Sentimos a necessidade de ter um coletivo, pois se isso estava acontecendo entre nós, estava acontecendo também com outras meninas dentro da universidade que muitas vezes não tinham noção de o que fazer e como seguir”. O grupo acredita que a universidade ainda é um espaço muito machista. “O machismo vem hierarquizado. Desde o aluno que está do seu lado, companheiro de sala, até o professor que está dando aula para você e te assedia, ou faz alguma piadinha machista”, ressalta a estudante. Para participar do coletivo basta entrar em contato pelo Facebook ou comparecer às reuniões que acontecem quinzenalmente no gramado do Campus Pontal às 17h. “A mina não precisa ser feminista para participar, não temos rótulos, é um grupo que ela pode confiar e ter ajuda nesta caminhada”, finaliza Marins.

O evento continuou com a pró-reitora da Pró-reitoria de Assistência Estudantil (Proae), Elaine Calderari, que mostrou as possibilidades que a UFU oferece, desde as bolsas - bolsa de mobilidade, de alimentação, de transporte -, acessibilidade e creche - até os setores de atendimento psicológico e de apoio pedagógico. “Esse é um momento de boas-vindas, de mostrar ao estudante que ele pode ter orgulho de estar em uma universidade pública, gratuita e de qualidade“.

“Bichos”

Mudar de cidade ou continuar morando com os pais é uma das questões que passa pela cabeça dos estudantes ao chegarem em época de vestibular e após aprovados. Tainara Sena tem 19 anos, está no primeiro período da Pedagogia e mora em Monte Alegre de Minas. “Estou pensando em me mudar para Ituiutaba, pois seria mais prático para mim. Utilizo o transporte que a prefeitura oferece para vir estudar”, relata Sena. Apesar da distância, a estudante afirma: "Estou bem animada e feliz, já fiz bastante amizade. Sei que só tem três dias, mas estou gostando das professoras, das pessoas, das conversas…”

Para outros alunos, como Thiago Cardoso, 19 anos, graduando de contabilidade, é preciso mudar de cidade. “Eu fazia faculdade particular em Ribeirão Preto, fiz o Enem, estava na expectativa de passar em Contabilidade, pelo conceito do curso no Enade. Minha mãe e meu pai me ajudaram e incentivaram, e me mudei para Ituiutaba” expôs Cardoso.

Já os ingressantes ituiutabanos passam por outras experiências e expectativas. Eliseu de Moura Souto, calouro no curso de História, é morador da cidade e conta: “Moro com minha mãe. Tinha me mudado para Uberlândia para trabalhar, saí do emprego e como está difícil a reinserção no mercado de trabalho eu optei por voltar para minha cidade e estudar, por ser uma área mais cômoda e conhecer os professores”.

Outro tema que aflige os recém-ingressados em universidade é o tratamento dado aos calouros. Na UFU o trote é proibido e punível com expulsão. O veterano do curso de Geografia, Murilo Wolf, também é contrário a essa cultura de transição pela qual passa o recém-aprovado: “Acredito que tudo começa ao chamar o calouro de 'bixo'. É uma coisa pejorativa e dá margem a toda essa cultura de marginalização das pessoas que estão ingressando. Podemos fazer o trote de outra forma sem ter que sujar e humilhar pela rua”. Como veterano, o discente diz ainda o que espera dos ingressantes: “Minha expectativa é que eles estejam, justamente pelo cenário político do Brasil, engajados em mudar essa situação e que o conhecimento nos ajude a mudar esse país que está na depressão”.

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