Pular para o conteúdo principal
BIBLIOTECA

Comissão estuda possibilidades de expansão da Biblioteca Central

Crescente insuficiência de espaços para estudo e acervo motiva discussões

Publicado em 18/10/2017 às 16:20 - Atualizado em 09/06/2025 às 22:15

biblioteca santa mônica

Crescente insuficiência de espaços para estudo e acervo motiva discussões (Foto: Milton Santos)

A história da Biblioteca de Alexandria, um dos principais centros de saber da Antiguidade no período helenístico, é ao mesmo tempo gloriosa e trágica. O lugar é conhecido tanto por sua importância histórica e influência em como sistematizamos conhecimento quanto pelo incêndio que deixou poucos rastros do que, segundo historiadores, seria um dos mais ambiciosos projetos de valorização do pensamento grego e de outros povos da época. Pouco se discutiu, no entanto, sobre as tentativas de expansão da biblioteca quando suas prateleiras já não eram suficientes para o acervo de papiros e manuscritos. O Museu de Alexandria, na época, cumpriu a função de uma espécie de biblioteca de pesquisa ou universidade.

O paralelo, apesar da distância temporal de mais de 2000 anos, pode ser encontrado hoje na Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O prédio da Biblioteca Central, um dos maiores símbolos da universidade no Campus Santa Mônica, foi inaugurado em 1991 e, desde então, tanto a UFU quanto seus alunos cresceram e se diversificaram. Apesar da construção das bibliotecas setoriais e de campi avançados, o prédio central é o que concentra maior volume de público.

De acordo com dados do Sistema de Bibliotecas (Sisbi) da UFU, 155.240 empréstimos de materiais informacionais foram feitos no ano de 2016, sendo 69.135 destes apenas na Biblioteca Central do Campus Santa Mônica (o número não inclui as renovações). Enquanto esse índice e o de frequência crescem nos últimos anos, a administração da Biblioteca tenta equilibrar o espaço disponível entre aumento das mesas para estudo e crescimento do acervo.

Pensando nesses problemas, a Comissão de Espaço Físico da Biblioteca Central Santa Mônica foi formada em 2013 para discutir as questões enfrentadas e as possibilidades de expansão. A comissão, que entregou relatório à administração da universidade no final de 2013, foi composta por representantes dos diferentes institutos, estudantes e técnicos da biblioteca.

De acordo com o relatório da comissão, cerca de 9 mil m² de espaço a mais seriam necessários para atender a critérios satisfatórios, levando em consideração o número de alunos da universidade e seu crescimento desde a construção da biblioteca central. O relatório apresenta a necessidade de aumento de alguns pontos de destaque, como o espaço para estudo individual (mais 2750m²) e coleções especiais (mais 2 mil m²).

Proposta

Partindo deste primeiro diagnóstico, uma segunda comissão foi formada no primeiro semestre deste ano para construir um projeto de expansão da biblioteca central. De acordo com o professor Alexandre Guimarães Tadeu de Soares, do Instituto de Filosofia (Ifilo/UFU) e integrante da comissão, a expansão da biblioteca discutida pela segunda comissão até agora consistiria em três fases: uma biblioteca de obras raras (Bora), espaços para abrigar professores e pesquisadores durante suas atividades de pesquisa e um instituto de estudos avançados.

“A primeira fase seria para abrigar essas coleções. É urgente porque a UFU paga aluguel para abrigar algumas delas. A começar pelo acervo do Jacy de Assis, que é um dos fundadores da universidade e tem um acervo riquíssimo. Têm livros raros lá e não há um espaço adequado para esse material”, explica.

A universidade tem hoje nove coleções especiais, que, em sua maioria, consistem em conjuntos de obras e referências que pertenceram a importantes acadêmicos que participaram da história da universidade e região. “São coleções que estão na Biblioteca sem tratamento e sem condições de uso. Estão no Santa Mônica, Ituiutaba, estão em salas alugadas. Estão precisando de ajuda, porque elas não têm tratamento nem de higienização de obra, nem de tratamento catalográfico”, argumenta Fabiana de Oliveira Silva, diretora do Sisbi e integrante da comissão.

De acordo com Silva, a falta de espaços adequados para essas coleções dificulta o acesso e a valorização das obras, que acabam “esquecidas” pelos estudantes e pesquisadores que poderiam usufruir do material. Além disso, quando a Biblioteca do Campus Santa Mônica foi construída, a universidade contava com três programas de pós-graduação, e hoje são mais de 40, de acordo com o anuário 2016 da UFU.

Os próximos passos da comissão para este ano e 2018 são a definição de um espaço físico para a construção da nova estrutura, elaboração de um projeto arquitetônico e sondagem de possibilidades para financiamento do projeto. Uma das localidades consideradas é o gramado em frente à Reitoria no Campus Santa Mônica. Neste caso, o projeto dividiria espaço com outras construções já previstas para ocupar o local.

Uma nova biblioteca voltada à pesquisa, que também abrigaria as coleções especiais, poderia suprir a necessidade de espaços voltados para a pesquisa de pós-graduação, principalmente nas áreas das ciências sociais e sociais aplicadas. “A biblioteca é o laboratório das humanidades. Diferentemente das engenharias e das áreas técnicas, que cada uma tem seu laboratório, nós temos um laboratório que serve para todas”, explica Soares.

Palavras-chave: Biblioteca espaço físico sisbi

A11y