Publicado em 23/10/2017 às 21:05 - Atualizado em 09/06/2025 às 22:15
Os políticos fizeram um apelo à reitoria para que o Samu entre em operação (foto: Marco Cavalcanti)
A gestão superior da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) recebeu, na manhã desta segunda-feira (23/10), uma comitiva de deputados, prefeitos da região e representantes do Governo de Minas Gerais para debaterem a viabilidade da implementação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em Uberlândia. Os políticos fizeram um apelo à reitoria para que o serviço entre em operação. Depois dessa conversa, todos se dirigiram à Prefeitura de Uberlândia para discutirem o assunto com o prefeito da cidade.
Segundo o secretário de Estado de Desenvolvimento Agrário de Minas Gerais, Neivaldo de Lima Virgílio (Professor Neivaldo), que estava representando o governo na reunião, os R$ 12 milhões que deveriam ter sido liberados pelo estado já estão empenhados em quase sua totalidade. “O governo do estado está comprometido, quer que o Samu aconteça de fato na nossa região para atender os 26 municípios. Nós queremos que Uberlândia esteja inserida nesse processo para que saia um Samu fortalecido”, afirma.
O prefeito de Ipiaçu e presidente da Associação dos Municípios da Microrregião do Vale do Paranaíba (Amvap), Leandro Luiz de Oliveira, acredita que não tem como o Samu funcionar sem o Hospital de Clínicas de Uberlândia (HCU). “Ele faz os atendimentos de urgência e emergência para nossa região. O Samu já iria dar os primeiros socorros e direcionar o paciente. Às vezes, nem chegaria a vir para o HCU”, opina Oliveira.
Leandro de Oliveira afirma que não tem como o Samu funcionar sem o HCU (foto: Marco Cavalcanti)
O reitor da UFU, Valder Steffen Júnior, afirmou que o HCU já atende toda a região e outras cidades também, totalizando três milhões de pessoas. Segundo ele, é importante saber da situação que existe no hospital hoje, como o fato de que há, hoje, cerca de 110 macas no corredor, além dos 490 leitos em operação. “É um sistema que está funcionando, mas é muito instável. Qualquer dificuldade no repasse de recursos, o hospital balança inteiro”, observa.
Ele explica que suas preocupações estão relacionadas ao fato de o HCU estar em seu limite de atendimento. Além disso, afirma que é importante que tanto o gestor municipal de saúde quanto o HCU tenham muito clara a questão do cenário e da regulação do acesso dos usuários aos serviços do SUS.
“É preciso que os senhores nos ajudem na hora de montar como é que vai ser feita essa regulação. É claro que ela conversa com todos os lados, todo os atores. Se for transferido alguém, tem que ver sob que condições vem, quando vem, quais os hospitais e unidades básicas que estariam aptas para receber e de que forma. Isso precisa estar muito claro”, ressalta o reitor.
Conforme observou o deputado estadual Leonídio Bouças, presente nas duas reuniões, Uberlândia é a única cidade com mais de 500 mil habitantes no Brasil que ainda não dispõe de um Samu. Bouças destacou que o debate é para que as equipes técnicas da área da saúde das instituições envolvidas discutam uma solução para o problema.
O prefeito de Uberlândia, Odelmo Leão, fez críticas ao governo do estado (foto: Marco Cavalcanti)
Segundo o prefeito, gestor da saúde no município, o governo estadual não investe na estrutura necessária para receber a demanda da região. “Transportar não é o problema. O problema é onde é que põe [os pacientes]. Esse é o problema”, resumiu. Uma das sugestões apontadas por Odelmo Leão é a desapropriação por interesse público, pelo governo do estado, do Hospital Santa Catarina. O hospital é credenciado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas atualmente está fechado.
“Sob o ponto de vista do transporte do paciente não há dúvida do ganho em qualidade. O problema é que somos o único hospital público que é 100% SUS, aberto 24 horas. Então, se não for feito um trabalho sério, com as secretarias de saúde dos vários municípios, como nós estamos no limite da nossa capacidade de atendimento, isso pode trazer dificuldade no nosso hospital, além daquelas que nós já temos”, acrescenta o reitor da UFU.
Conforme relata Steffen, o entendimento é de que é necessário que o governo do estado ajude no fortalecimento da estrutura de saúde da região - principalmente em cinco hospitais, de diferentes condições, de diferentes tamanhos,de diferentes infraestruturas localizados em Patrocínio, Monte Carmelo, Araguari, Ituiutaba e Uberlândia.
Paralelamente, uma comissão formada pelos secretários municipais das cidades mencionadas, pelo secretário de saúde de Uberlândia, por representante do HCU e pelo presidente da rede Samu vai avaliar tecnicamente a situação de cada unidade de saúde.
Outro tema a ser discutido pela comissão diz respeito à regulação. “Quando a gente vai considerar algumas especialidades [de alta complexidade], podemos chegar até 3 milhões de pacientes potenciais. Isso coloca sobre a gente uma responsabilidade muito grande”, argumenta Steffen.
Palavras-chave: saúde Samu atendimento urgência HCU prefeitura
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