Publicado em 21/09/2021 às 19:18 - Atualizado em 22/08/2023 às 20:25
Ao longo desta terça-feira (28/09), uma votação eletrônica irá eleger o diretor da Escola Técnica de Saúde da Universidade Federal de Uberlândia (Estes/UFU) para o próximo quadriênio (2021/2025). Os candidatos são o atual diretor, Douglas Queiroz Santos, e Luiz Carlos Gebrim de Paula Costa. Confira, abaixo, a parte final da entrevista concedida por eles a quatro estagiários de Jornalismo da Diretoria de Comunicação Social (Dirco/UFU), no último dia 14.
Portal Comunica UFU – Como o protagonismo dos membros da comunidade será efetivado na condução das ações futuras da Estes?
Douglas Queiroz Santos – A nossa gestão, nos últimos quatro anos, é participativa. E nos futuros não vai ser diferente. A Estes tem uma particularidade muito importante, se comparada com as outras Unidades Acadêmicas: temos engenheiros, biólogos, químico, médico, dentista, engenheiro mecânico etc. Essa “multiformação” possibilita que a escola tenha ideias muito inovadoras e diferentes. Cabe, então, ao gestor aproveitar esse protagonismo dos membros, dando suporte para apresentação de novas ideias. Foi isso que ocorreu na nossa gestão. Tivemos ideias de montar, por exemplo, um curso técnico em Eletricista para egresso no sistema prisional; isso em uma Escola Técnica de Saúde. Esse protagonismo tem que continuar. Ideias novas de pessoas, com suporte da direção.
Luiz Carlos Gebrim de Paula Costa – Precisamos ter mais reuniões. Foram poucas nessa última gestão e muitas decisões foram por mensagens de WhatsApp. Nas diversas reuniões que iremos propor, levantaremos as ideias, as organizaremos e geraremos pontos em comum, que são os de que a escola precisa. Vamos deixar o site da Estes mais comunicativo, melhorar essa comunicação. Trabalhar muito com a questão da comunidade externa; são muitas dúvidas que a comunidade externa tem sobre a nossa escola. Como coordenador de curso, recebo e-mails e ligações perguntando: “Quanto custa um curso na Escola Técnica de Saúde? ou “quais cursos vocês têm?”. Eles precisam ser mais conhecidos. Temos cursos que são ofertados há mais de 40 anos, totalmente gratuitos, para toda a comunidade e a população não os conhece. Precisamos mudar isso e melhorar a nossa imagem. Por isso, também vamos criar um plano de marketing institucional.
Qual é a sua opinião sobre como tem se dado a implementação da política de cotas na Educação Profissional?
Santos – Este tema me orgulha muito, porque foi na nossa gestão que pautamos no conselho para que a Escola Técnica seguisse os mesmos moldes da graduação, ou seja, nós implementamos as cotas na Estes. É preciso atender a todos e todas com igualdade. Não basta colocar a cota; nós temos que implementá-la e já termos espaço para isso, um centro de atendimento às pessoas com necessidades especiais. Como já estamos abertos para receber, com a implementação das políticas, precisamos criar um ambiente mais acolhedor – e, ainda mais, por sermos uma escola na área de Saúde. Isso será um ponto que o espaço físico está separado e será um ponto também de relevância para os nossos próximos quatro anos.
Gebrim – Participei da comissão que deu o parecer positivo para que essa cotas de políticas raciais e deficiência física sejam realidade na Escola Técnica de Saúde. Porém, precisamos atender bem esses alunos cotistas. Por isso, pretendo implementar uma série de atividades que vão entender como é este estudante: o Napne [Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas]. Quem vem com a cota de deficiência física precisa ser bem atendido. Precisamos ser mais treinados, precisamos de mais recursos humanos, mais psicólogos, assistentes sociais e pedagogos para a escola. Lembrando que precisamos trabalhar como uma instituição de ensino, não como empresa. Vamos tentar fazer que a Estes esteja cada vez mais próxima das pró-reitorias, já que ela faz parte da UFU. Vamos colocar nossos alunos com maior estreitamento com as ações das diversas pró-reitorias – de Ensino, Pesquisa, Assistência Estudantil, Extensão e Cultura. Esta é a nossa grande proposição.
Falando agora sobre a evasão escolar: como o sr. avalia o cenário atual na Estes e quais são as suas propostas para diminuir esta taxa?
Santos – Evasão é um tema que tinha que estar na mesa de todo gestor. É necessário um olhar muito focado dele para esse tema. Vou além da questão da evasão. Costumo falar sobre um indicador, que é a plataforma Nilo Peçanha, que trabalha com o Índice da Educação Profissional e trata da eficiência acadêmica, levando em consideração a evasão, a retenção e o percentual de concluintes, pois, além da evasão, pode-se ter um alto índice de retenção. Nossos alunos não estão conseguindo um aproveitamento nas disciplinas. Para isso, criamos um programa de monitoria para que possamos minimizar a diferença que existe. Quando os alunos entram, há alguns com 18 anos, que acabaram de sair do Ensino Médio, e outros com 60 anos, que estão há 30 ou até mais anos sem sentar em um banco de uma escola ou uma universidade. Essas diferenças precisam ser minimizadas para evitar a evasão.
Douglas Queiroz Santos, candidato à reeleição. (Foto: Arquivo pessoal)
Outra questão que realizamos foi o Programa de Permanência, que traz diversos auxílios para os nossos alunos que estão com vulnerabilidades. Se a pessoa está fazendo um curso profissionalizante ou atuando no mercado de trabalho e precisa daquele recurso para se manter, sem ele, ela vai evadir. Então, a evasão sempre esteve no nosso olhar. Para isso, nós também criamos e vamos manter a Bolsa-Pesquisa e a Bolsa-Extensão para que os alunos possam ter acesso aos programas e editais e possam contribuir com a nossa sociedade, através das atividades que eles vão exercer, seja na extensão, seja na pesquisa, e tenham a percepção financeira também.
Vamos criar um novo programa, que estou propondo para este mandato, o “Meu Primeiro Emprego”. Nós estamos criando a Coordenação de Estágio, em que cada curso vai ter um coordenador que vai dar suporte, juntamente com a diretoria, para que a gente possa trazer as empresas para dentro da Estes e fazer com que elas conheçam as nossas estruturas e o nosso potencial. E vamos criar um banco de dados para vagas de estágio e de emprego para os alunos e egressos da nossa escola técnica. Tudo isso com um olhar no combate à evasão.
Gebrim – Este é um problema muito sério no Brasil inteiro. Quando o aluno escolhe determinado curso técnico e vê que aquele curso oferece a oportunidade de fazer uma grande transformação social na sua vida e o prepara para o mercado de trabalho, vemos que conseguimos cumprir o nosso papel social: formar profissionais com grande qualidade. Sabemos que muitos pontos interferem na vida social de um aluno: questão financeira, psicológica, social, como um todo.
Então, precisamos fazer esse acompanhamento com firmeza. Nós temos um plano de combate à evasão escolar da Estes. Por sinal, também participei de sua elaboração e precisamos realmente efetivá-lo, com a participação de todos os coordenadores de curso. A direção também precisa ajudá-los, pois são eles e os professores que estão firmemente ligados a esses alunos. O que podemos fazer além: solicitar mais recursos humanos – pedagogos, psicólogos, assistentes sociais –; trabalhar toda essa questão social e psicológica; ofertar o simples – o Bolsa-Estágio, Bolsa-Laboratório, aumentar cada vez mais o Auxílio-Permanência da Estes –; estimular e facilitar que esse estudante consiga ter esses auxílios.
Fale um pouco sobre as suas propostas para melhorias de acessibilidade e demais necessidades de infraestrutura...
Santos – Os blocos 4K e o 6X, onde se encontra a Estes, já têm um certo nível de acessibilidade, como rampas e elevadores. Na nossa gestão, contratamos uma empresa para trabalhar a identificação visual e colocamos placas em braile em todas as portas. É preciso avançar. Temos alguns corredores e corrimãos que não atendem às normas técnicas. Para isso, a diretoria da Estes vai se apoiar no suporte da Prefeitura Universitária, através dos engenheiros e arquitetos, para atendermos e criarmos um projeto de adequação total dos dois blocos.
Já avançamos bastante, mas tem muito ainda o que se fazer, porque a questão da acessibilidade tem muitas especificidades. E não é somente o que serve ao cadeirante; temos outras questões que exigem um olhar específico. Com isso, vou contar com a Prefeitura Universitária e os profissionais adequados para orientar a gestão.
Gebrim – Trabalhei junto com a comissão no ano passado e nesse ano também para avaliar as condições estruturais em que a Estes precisa ser melhorada. Fizemos um levantamento muito importante, que vai desde a altura de bancadas ao alargamento de portas. Entendemos que precisamos dotar de alguns equipamentos específicos para a população que precisa de ação especial. Por exemplo, em questão de estruturação de material alternativo, específico para a população com problemas audiovisuais, precisamos comprar alguns equipamentos. Fizemos o orçamento de todo esse material e encaminhamos para a atual direção. O Ministério da Educação (MEC), em conjunto com outros ministérios, cria programas para que possamos fomentar essas ações. São obras caras. A escola está crescendo com uma diversidade de obras e temos que pensar se elas estão sendo bem planejadas também para atender esse público. Enfim, são vários pontos que levantamos durante a condução dessa comissão, avaliamos e criamos um projeto na época, que foi encaminhado para a direção. Ele está completinho, indicando do que precisamos para tornar a Estes mais acessível para a comunidade.
Como avalia a relação de cursos atualmente oferecidos? Existe demanda e viabilidade para a criação de novos cursos na Escola Técnica de Saúde?
Santos – Nós temos sete cursos regulares e expandimos de 185 para 660 vagas. Então, a Estes está em pleno crescimento, processo de expansão. Temos uma equipe de servidores muito bem qualificada e uma estrutura invejável em nível nacional, com laboratórios extremamente modernos e equipamentos de última geração. Também expandimos o espaço físico.
Quanto à oferta de novos cursos, vejo como possibilidade através do Centro de Educação a Distância (CEaD), que pode interagir, não somente os professores da Estes, mas qualquer professor de Unidade Acadêmica. Podemos montar um curso de formação inicial continuada na área de Comunicação. As únicas unidades capazes de certificar esse curso junto ao Ministério da Educação (MEC), em Uberlândia, são a Estes e os Institutos Federais. Está dentro no know-how da Educação Profissional. Há possibilidade, mas, agora, com as Unidades Acadêmicas. Acho que até que o nome Estes, Escola Técnica de Saúde, talvez tenha que mudar, porque nós passamos os muros somente da área de Saúde.
Gebrim – Temos uma procura muito grande em Enfermagem, Análises Clínicas, Próteses Dentárias e Saúde Bucal. Tivemos a abertura do novo curso, de Segurança do Trabalho, que foi um sucesso, devido à demanda de mercado. Alguns cursos da área Ambiental estão tendo procura um pouco baixa. Vamos tentar estruturar para que isso mude; sabemos que precisamos divulgá-los melhor.
Em termos de novos cursos, vai ter um plano de trabalho com uma estruturação para que sejam criados conforme a orientação do MEC e da Setec [Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica]. Queremos criar outros cursos específicos para a capacitação de profissionais e já temos sendo criados diversos cursos de formação inicial continuada, que estavam na plataforma do Pronatec [Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego] e agora estão na “Novos caminhos”. Queremos fomentar cursos que sejam importantes para a comunidade em Uberlândia; queremos estimular e criar um grupo de trabalho para a primeira graduação tecnológica da Estes. Já temos um projeto em mente, que seria algo muito importante. São cursos que não são nem bacharelado nem licenciatura; eles possuem, em média, três anos e formam tecnólogos. O grande problema de criar cursos novos é nosso orçamento limitado; se ampliamos demais sem um planejamento orçamentário correto, diminuímos o que já é curto para os demais. Manter um curso técnico é caro. O orçamento precisaria aumentar, mas ele só vem diminuindo. Se não trabalharmos para que tenhamos uma sustentabilidade, criamos cursos sem conseguir mantê-los e isso é um grande problema de gestão. Não basta criar para fazer marketing.
Luiz Carlos Gebrim de Paula Costa. (Foto: Arquivo pessoal)
O que não pode deixar de ser feito na Estes até 2025, quando terminará o mandato do diretor que será eleito no final deste mês?
Santos – Na minha opinião, não pode deixar de ser realizado o Centro de Educação a Distância. Nós temos que levar esse know-how que a Escola Técnica tem para fora de Uberlândia, outras regiões que carecem no tocante à Educação Profissional. Então, este CEaD não pode deixar de ser colocado até 2025. Com esse centro, também vai dar um suporte para uma modernização ainda maior. Sabemos que a educação 4.0 avança muito fortemente e o que se usava, por exemplo, há 10 ou 5 anos, hoje foi substituído por outras tecnologias. Precisamos que os nossos alunos tenham acesso a elas, para que, quando chegar a vivência do mercado de trabalho, eles estejam preparados. No mais, também não podemos deixar de modernizar os laboratórios nem de nos preocuparmos com a eficiência acadêmica. Não basta gerar números; temos que gerar números com qualidade. A Estes tem um know-how muito forte e uma credibilidade muito grande na região e temos que manter a qualidade. Crescendo, mas com qualidade.
Gebrim – Três pontos são os principais: vagas, combate à evasão e participação da comunidade. Mas não podemos esquecer que a escola está crescendo, aumentando a oferta de vagas e trocando as entradas anuais por semestrais na maior parte dos cursos. Isso cria a necessidade de mais espaço físico e recursos humanos. Por isso, precisamos concluir as obras passadas e novas obras, tais como de laboratórios. Vai ter um ponto também importantíssimo, de gerenciar esse orçamento limitado, para conseguirmos concluir as diversas obras necessárias, como as estruturais e de acessibilidade. Temos que buscar parcerias por emendas parlamentares; conseguir um orçamento extra; além de criar grupos de trabalhos para que consigamos recursos financeiros de órgãos de fomento. Enfim, precisamos estruturar a Escola Técnica de Saúde da UFU com um cronograma de gestão, onde sabemos quando tudo começa e quando termina.
Para finalizar, qual mensagem gostaria de deixar para os eleitores?
Santos – A mensagem que eu gostaria de deixar é a seguinte: eu e toda a nossa equipe estamos nos colocando à disposição para mais quatro anos. As portas já estão abertas. Nós conseguimos avançar muito. De fato, tivemos diversas dificuldades, até mesmo por conta da pandemia e da questão orçamentária, mas observe o crescimento que tivemos nos últimos anos. Então, peço a vocês que, de alguma forma, simpatizam com as nossas propostas, para que nos acompanhem na rede social, vejam o plano de gestão, ouçam o podcast e os nossos áudios. Avaliem com carinho as propostas. Se vocês simpatizarem com elas e acreditarem que podemos continuar mais quatro anos fazendo para todos e todas uma educação melhor, peço que votem pela recondução do nosso grupo à direção da Escola Técnica de Saúde da Universidade Federal de Uberlândia.
Gebrim – Temos que decidir entre duas candidaturas. A democracia é o ponto principal: escolher as melhores propostas, num ambiente democrático, onde podemos realmente optar e eleger o nosso próximo gestor, para o mandato até 2025. Vamos estruturar essa gestão participativa com toda a comunidade. Então, não é só uma mensagem de campanha. Ao longo da gestão, vocês todos estarão juntos. Por isso, nosso lema é “todos juntos”. Não vamos nos separar se formos eleitos. Esta é a grande mensagem!
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Palavras-chave: Eleições ESTES direção Candidatos entrevistas Douglas Queiroz Santos Luiz Carlos Gebrim de Paula Costa
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