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Divulgação Científica

5 anos do Meninas da Física

Conheça o projeto que busca dar visibilidade e aumentar o número de mulheres na ciência

Publicado em 16/12/2022 às 14:42 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:39

Dezembro de 2017. Visando desenvolver o Tubo de Crookes, um experimento elétrico num tubo de descarga inventado pelo físico inglês William Crookes, duas alunas e dois professores do Instituto de Física da Universidade Federal de Uberlândia (Infis/UFU) se uniram. E foi aí que um deles, o professor Lucio Neves, nomeou o grupo como “Meninas da Física”.

Meninas da Física completa cinco anos. (Foto: Arquivo pessoal)

Em janeiro de 2018, o edital do Programa Embaixadores Nucleares, lançado pela Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), acendeu uma ideia: desenvolver atividades que divulgassem mulheres pesquisadoras da energia nuclear e abordassem a temática de forma positiva. Durante aquele ano, enquanto as ações eram desenvolvidas, mais alunas queriam fazer parte.

No ano seguinte, o “Meninas da Física” se tornou um projeto de extensão. O objetivo permanece o mesmo de quando começou: destacar as mulheres na ciência, atrair novos talentos e dar uma base para o grupo desenvolver habilidades. “A gente via a necessidade de ter um projeto como esse na nossa universidade, principalmente no nosso instituto”, conta Evelyn Prais, estudante do bacharelado em Física, uma das primeiras participantes e coordenadora-geral do projeto.

Assim, o grupo cresceu, tanto em número quanto em extensão. Logo na primeira inscrição, meninas que faziam cursos da área de Engenharia, Medicina e Enfermagem também entraram para o projeto. Agora, estudantes de 53 cursos das mais diversas áreas já passaram pelo grupo.

Nesses cinco anos, 231 mulheres de 64 instituições já passaram pelo “Meninas da Física”. Elas estavam alocadas em 16 estados diferentes. Atualmente, são 86 participantes, todas mulheres.

Os homens aparecem apenas na coordenação-geral: o professor Lucio Neves, um dos fundadores, e o professor Gustavo Almeida, que agregou o grupo anos depois - ambos do Infis. O grupo de coordenadores conta, também, com a professora Ana Perini. As outras áreas são coordenadas por estudantes.

E os trabalhos produzidos pelo “Meninas da Física” se prendem a um tópico pouco falado: a divulgação científica. As participantes vão a escolas, junto com o projeto UFU na Escola, participar de eventos científicos e buscam levar a ciência para mais pessoas e lugares.

“Hoje eu não vejo o nosso projeto sem a iniciação científica. A divulgação científica é um instrumento para quem está na área de extensão”, ressalta Prais. A estudante conta que os professores auxiliam no processo de simplificar a linguagem e que as ações desenvolvem o conhecimento, tanto das participantes quanto da população.

“A gente tem essa noção do quanto é importante divulgar o nosso trabalho e o que é produzido dentro da UFU. É uma universidade pública e as pessoas precisam saber o que a gente faz aqui dentro, qual o conhecimento que é produzido e a importância dos pesquisadores comunicarem isso para o público em geral”, afirma Elis Lopes, aluna do bacharelado em Física.

 

Sendo uma menina da física

O grupo conta com mais de 80 participantes. (Foto: Arquivo pessoal)

“Desde que o projeto começou a tomar forma, eu sou admirada”, conta Laura Ribeiro, pós-graduanda em Engenharia Elétrica. A mestranda entrou no projeto quando ainda estava na graduação de Engenharia de Controle e Automação e permanece auxiliando as outras participantes e apoiando nas ações.

Ribeiro relata que iniciou na divulgação científica ainda no Ensino Médio, fazendo Iniciação Científica. Para ela, esse contato foi essencial para seu ingresso na graduação, principalmente na área de Engenharia. “Projetos dessa forma dão coragem e incentivo para as meninas. Eu achei que essa área não era para mim, vim com esse apoio e agora estou na pós-graduação. Então, eu vejo que dar oportunidades, mostrar que estamos aqui, estamos nesses cursos, nessas áreas, nessas posições profissionais, é dar visibilidade e esperança que as meninas também podem estar nessa área”, ressalta.

Já Lopes relata que conheceu o projeto “Meninas da Física” no evento Vem pra UFU e ingressou no grupo logo no começo da graduação. “É um jeito de as meninas se encontrarem, conversarem e terem um espaço só para elas, principalmente por ser um curso que tem predominância masculina”, destaca. A aluna relata que as ações de divulgação científica promovidas em escolas são essenciais para desmistificar a ideia de que algumas áreas são mais masculinas.

Evelyn Prais conta que o projeto também busca impactar a vida de outras mulheres. A estudante relata que, quando entrou no projeto, insistiu com sua mãe para que ela voltasse a estudar e finalizasse o Ensino Básico. E ela não só voltou, como é uma estudante de Química na UFU.

A estudante avalia que houve uma mudança de postura dentro do próprio instituto. Ela relata que passou por muitas dificuldades em torno do assédio moral e sexual nas aulas ao iniciar o curso. Porém, desde o surgimento do “Meninas da Física”, ela sente que o apoio a fortaleceu e influenciou na diminuição dos casos. “Hoje a gente está fazendo barulho. A gente sabe onde recorrer, apoiar uma a outra e denunciar”, revela. Um dos canais para fazer essas denúncias é a Ouvidoria da UFU

 

Semana da Mulher na Ciência

“Afinal, não tem como falar de mulher na ciência sem falar de ciência”. Foi com esta frase que o tema do evento de comemoração de cinco anos do “Meninas da Física” surgiu. Prais conta que, desde 2017, sonhava em ter um evento que ressaltasse as mulheres na ciência.

Assim, visando comemorar os cinco anos do “Meninas da Física”, na primeira semana de dezembro de 2022 ocorreu a Semana da Mulher na Ciência. O evento foi gratuito e aberto para todo o público, com emissão de certificado e transmissão no YouTube. Algumas palestras ficaram salvas e podem ser conferidas aqui.

Nos três dias de programação, os participantes contaram com oficinas, minicursos, palestras e apresentações orais de trabalhos selecionados. A abertura ficou por conta de uma conversa com Débora Peres Menezes, primeira mulher presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF). As demais palestras abordaram a saúde feminina, as vivências das mulheres na ciência e outros aspectos que influenciam nessa área.

O público foi majoritariamente feminino, mas vários alunos estiveram presentes no evento. Prais destaca que a proposta do projeto é continuar abrindo espaços para as mulheres na ciência. “Eu não me vejo em outro lugar, principalmente fora do ‘Meninas da Física’”, acrescenta.

 

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Palavras-chave: Meninas da Física Semana da Mulher na Ciência

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