Publicado em 28/12/2022 às 17:29 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:39
Segundo a Organização Mundial de Saúde, 3,5 bilhões de pessoas no mundo são afetadas por doenças bucais. (Foto: CPBIO/UFU)
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), aprovou, em 21 de dezembro, o projeto que cria o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Saúde Oral e Odontologia na Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Esta é a primeira vez que um INCT é aprovado na Odontologia brasileira. A proposta, liderada pela UFU, foi uma das 58 aprovadas pelo CNPq em diversas áreas do conhecimento apresentadas a partir de uma chamada pública. Para esses novos INCTs, serão destinados recursos no valor de R$ 324 milhões, oriundos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
O INCT Odonto será coordenado por Carlos José Soares, docente da Faculdade de Odontologia (FO/UFU). Como explica o professor, a FO/UFU vai ser, por meio do Programa de Pós-Graduação em Odontologia (PPGOdonto), o centro de gestão financeira, administrativa e científica da proposta.
“Construímos uma rede de 48 pesquisadores de 18 estados, envolvendo 22 instituições de ensino superior do país e seis do exterior para atuarmos em rede na implementação dessa proposta de geração de conhecimento, inovação e desenvolvimento de políticas públicas para saúde bucal. Isso reforça o papel de liderança da Odontologia da UFU no cenário nacional e internacional”, relata Soares.
Para o INCT Odonto, serão investidos R$ 4.674.000. O montante será utilizado para a aquisição de equipamentos (R$ 1.029.000), custeio de insumos para pesquisa, de diárias, passagens e outros serviços (R$ 2.850.000). O restante (R$ 795.000) será destinado a bolsas para pesquisadores, incluindo as de Iniciação Científica, de pós-doutorado, e de extensão e de apoio técnico à pesquisa. Mas esses recursos podem ainda ser ampliados, com contrapartidas das fundações de amparo a pesquisas estaduais, como a Fapemig, em Minas Gerais.
Carlos Soares afirma que o ineditismo do instituto valoriza ainda mais a conquista e que ela vai além do aspecto financeiro para o desenvolvimento da pesquisa. “Ela reforça a trajetória de crescimento do grupo da Odontologia da UFU e nos credencia para buscar maiores conquistas nos rankings nacionais e internacionais”, diz o docente.
A escolha pela UFU para sediar o instituto se deve, segundo Soares, ao protagonismo da FO/UFU na construção da proposta, que teve a participação de outros cientistas do PPGOdonto, como o docente Robinson Sabino da Silva.
“Idealizamos uma proposta que tem características inovadoras e de forte relevância social por se voltar às pesquisas para o SUS [Sistema Único de Saúde] com incremento de novas tecnologias de diagnóstico, de levantamentos epidemiológicos e de protocolos de tratamento com menor custo. Ter a UFU à frente desse projeto inédito na Odontologia mostra a relevância do grupo de pesquisa e reflete a forma coesa e integrada que ele tem trabalhado”, reforça o docente.
ONU
Conforme relatório publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS/ONU) em novembro de 2022, já era de 3,5 bilhões o número de pessoas afetadas por doenças bucais (cerca de 45% da população global). O negligenciamento do tema na agenda de saúde dos países membros fez com que a ONU requisitasse prioridade para estratégias de monitoramento de saúde oral e novas tecnologias odontológicas para saúde pública.
Partindo desse contexto, o INCT em Saúde Oral e Odontologia tem a proposta de “subsidiar a construção de políticas públicas e induzir a inovação tecnológica em parceria com a indústria odontológica visando ao benefício da sociedade”.
O objetivo é desenvolver, articular e consolidar duas competências: criação de um Observatório Nacional de Saúde Oral e seus agravos para impactar políticas de saúde pública e o desenvolvimento de plataformas de diagnóstico, protocolos de tratamento e biomateriais odontológicos inovadores em parceria com o setor industrial da Odontologia.
O INCT, coordenado por Soares e por Saul Martins Paiva (vice-coordenador), docente da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), funcionará com dois núcleos articulados: Epidemiologia Clínica e Inovação para Clínica e Indústria Odontológica.
O núcleo de Epidemiologia Clínica será integrado por pesquisadores das universidades federais do Amazonas (UFAM), dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), de Santa Catarina (UFSC), da Paraíba (UFPB), do Pará (UFPA), de Goiás (UFG), da UFU e da UFMG; da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e da Universidade de São Paulo (USP).
Carlos José Soares, docente da Faculdade de Odontologia, vai coordenar o INCT. (Foto: CPBIO/UFU)
Esse núcleo promoverá a criação de um Observatório Nacional de Saúde Oral e seus agravos, o que poderá subsidiar tomadas de decisões voltadas para a construção de políticas públicas odontológicas baseadas em estudos epidemiológicos.
O outro núcleo, de Inovação para Clínica e Indústria Odontológica, terá pesquisadores das universidades federais do Ceará (UFC), de Pernambuco (UFPE), de Brasília (UnB), UFU, UFG, UFPA, UFPB, UFAM e UFSC; das estaduais de Ponta Grossa (UEPG), de Campinas (Unicamp), do Sudoeste da Bahia (UESB), Paulista (Unesp) e USP, além duas instituições privadas: Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp) e Centro Universitário do Maranhão (Ceuma).
Esse segundo núcleo pretende desenvolver plataformas diagnósticas, protocolos de tratamento e novos biomateriais odontológicos por tecnologias de fronteira do conhecimento. O trabalho será realizado em parceria com o setor industrial da Odontologia, focado na ampliação do acesso e aprimoramento de serviços de saúde bucal de clínicas odontológicas privadas e no SUS.
“Um dia meu sonho foi ver consolidada a pesquisa na FO/UFU; esse sonho é hoje realidade e foi construído por muitas mãos, e se reflete em conquistas como essa do INCT. Conseguir aglutinar todos esses pesquisadores de destaque no país e no exterior que acreditaram e confiaram na nossa proposta me deixa muito feliz, mas reforça a responsabilidade de gestão”, comenta Carlos Soares.
A primeira reunião com os 48 pesquisadores do país envolvidos no INCT está prevista para janeiro de 2023. Em março, durante o acolhimento dos ingressantes no PPGOdonto, será realizada uma solenidade para instalação do instituto.
A FO/UFU
A Faculdade de Odontologia da UFU conta hoje com o curso de graduação em Odontologia, com mais de 400 alunos matriculados e 54 docentes. A FO/UFU desenvolveu, em 2022, 67 projetos de extensão, transferindo conhecimento e promovendo atenção à saúde e qualidade de vida das pessoas.
O Programa de Pós-Graduação possui nota 6 na Capes, que denota o nível de excelência na Odontologia brasileira. São 47 alunos de mestrado e 56 de doutorado, orientados por 28 docentes permanentes e três colaboradores. Já foram defendidas no PPGOdonto 416 dissertações e 85 teses.
A pesquisa na FO/UFU se consolida em uma infraestrutura multiusuária que é o Centro de Pesquisa de Biomecânica, Biomateriais e Biologia Celular, o CPBIO. Ele será a base nacional do INCT em Saúde Oral e Odontologia. A captação de financiamento junto à Fapemig, ao CNPq, à Capes e à Finep fizeram consolidar esse cenário que justifica a liderança desse grupo no contexto da Odontologia brasileira.
O PPGOdonto é participante ativo no Projeto de Internacionalização PrInt-Capes da UFU, coordenando o Projeto P4 - Processos biomecânicos reabilitadores e reparadores em odontologia: impacto na saúde e na qualidade de vida das pessoas.
Destaca-se, ainda, o papel do Programa de Educação Tutorial (PET-Odonto) e das Ligas Acadêmicas no contexto de produção científica e formação acadêmica na FO/UFU.
A FO/UFU e o Hospital Odontológico (HO/UFU) possuem importante parceria com a Escola Técnica de Saúde (Estes/UFU) e com o Hospital de Clínicas (HC-UFU/Ebserh), tanto para o desenvolvimento de pesquisa, ensino, extensão e prestação de serviço à sociedade.
O HO/UFU é credenciado ao SUS e possui convênio com a Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de Uberlândia para prestar serviços de atenção à saúde bucal nos níveis de atenção básica, especializada e na alta complexidade na odontologia hospitalar. E será importante local de desenvolvimento de pesquisas clínicas integradas ao SUS no âmbito do INCT em Saúde Oral e Odontologia.
Além do INCT em Saúde Oral e Odontologia, a UFU também sedia o INCT Teranóstica e Nanobiotecnologia, que tem como objetivo propor inovações nanobiotecnológicas para solucionar problemas de saúde pública. Clique aqui para conhecer os outros INCTs já existentes no país.
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Palavras-chave: INCT Odontologia Instituto criação UFU FOUFU CNPq
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