Publicado em 29/03/2023 às 11:40 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:38
A vacinação contra o HPV é uma forma de prevenir o câncer de colo de útero. (Foto: Freepik)
Pronunciar a palavra câncer, por si só, já é motivo de amedrontamento. Por isso, um dos métodos para romper o ciclo de intimidação em relação ao tema é convidar a população a se conscientizar sobre a doença e a conhecer as causas que podem levar ao seu surgimento.
A enfermeira oncologista do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU/Ebserh), Thais Rezende Mendes, explica que o câncer do colo de útero é uma alteração celular que acontece nas células do colo e tem o desenvolvimento mais lento, o que o torna passível de prevenção. Hoje, é o terceiro tipo de câncer mais incidente em mulheres e a quarta causa de mortes de mulheres por câncer no Brasil. Ela cita, ainda, que 98% dos cânceres de colo de útero são provenientes do HPV (papilomavírus humano). Por existirem medidas para prevenção ao desenvolvimento desse vírus, o câncer de colo de útero é considerado altamente prevenível.
Quais são os fatores de risco?
Apesar de 98% dos casos de câncer de colo de útero serem provenientes do HPV, nem toda infecção evolui para o câncer. Mendes comenta que os fatores de risco para a doença incluem a relação sexual desprotegida, ter múltiplos parceiros sexuais, tabagismo, sedentarismo e o início precoce da vida sexual.
Arte: Isabella Breve
E a prevenção?
A profissional do HC ressalta que todo câncer, independentemente de ser de colo de útero ou não, sempre que for descoberto em um estágio inicial, carrega uma chance maior de cura. Conforme ele for crescendo e abrangendo os órgãos adjacentes, a chance diminui. “O HPV, por ser o maior responsável pelo câncer de colo de útero, tem um desenvolvimento lento. Mesmo que a pessoa tenha contato com o vírus, a própria imunidade se encarrega de destruí-lo. Poucas mulheres mantêm ele ativo”, aponta a enfermeira oncologista. Ela acrescenta, ainda, que existem 12 tipos de HPV que podem gerar o câncer, sendo que quatro deles — o 6, 11, 16 e 18 — têm 70% de chance de evoluir para a alteração celular que, por ser um processo lento, num primeiro momento, gera uma lesão pré-cancerígena e, posteriormente, desenvolve o câncer.
O uso de preservativos durante a relação sexual protege 80% do contágio pelo HPV. Por isso, mesmo com o uso de outros métodos contraceptivos, é essencial a utilização dos preservativos, o único método capaz de proteger contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST).
A partir de 2014, foi implementada no calendário vacinal a vacina quadrivalente contra o HPV, que protege os quatro tipos mais incidentes de câncer de colo de útero. Hoje, além de ser recomendada para meninas de 9 a 14 anos, os meninos de 11 a 14 anos também pertencem ao quadro de prevenção. Neles, o HPV está vinculado ao surgimento do câncer no pênis e, assim como nas mulheres, na boca e no ânus. O ideal é tomar a vacina antes de iniciar a vida sexual, para proteger contra a exposição ao vírus. Porém, mesmo que já tenha iniciado, é fundamental tomar as doses.
A realização do exame preventivo (Papanicolau) se complementa como ação para a prevenção do câncer de colo de útero. O Ministério da Saúde recomenda que o exame seja realizado em pessoas na faixa etária de 25 a 64 anos, que já tiveram atividade sexual. Os dois primeiros exames devem ser anuais. Em caso desses resultados serem negativos, a paciente pode repetir o preventivo em um intervalo de três anos. Se for positivo, o médico irá analisar isoladamente o caso e definir o diagnóstico. Mendes relata que existem lesões pré-cancerígenas, detectadas no exame, e que são tratadas antes de se tornarem o câncer em si.
Quais são os tratamentos?
O tipo de tratamento é analisado e orientado pelo médico. Além disso, influenciará na decisão a extensão da doença, a fase na qual ela se encontra. Entre os tratamentos, estão a radioterapia, a cirurgia e a quimioterapia.
E o 'Março Lilás'?
Esta campanha marca um período de atenção à prevenção do colo de útero. Ela atua como uma conscientização sobre a necessidade de estar em dia com os exames preventivos, o conhecimento dos fatores de risco e a atenção especial ao seu corpo. Mendes frisa que é importante se atentar a mudanças hormonais. Entre as principais queixas, estão o sangramento intermitente e sangramento após a relação sexual, secreção vaginal diferente do normal, dor abdominal associada a queixas urinárias e intestinais, perda de peso, cansaço e fadiga. “Esses são sintomas que podem não indicar câncer de colo de útero, mas devem ser olhados com atenção e encaminhados para um médico”, sublinha.
“Existem muitos casos de pacientes que descobrem a doença e ficam com medo de contar aos familiares e lidar com a doença; elas pensam que esconder é a melhor opção. Mas, a partir do momento em que o câncer é desenvolvido, a proliferação é muito rápida. Ele demora para se desenvolver, mas, após isso, os sintomas são muito exacerbados. Por isso, a melhor forma de evitar é a conscientização, a detecção precoce e o rastreamento”, conclui a enfermeira.
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Palavras-chave: Março Lilás câncer de colo de útero
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