Publicado em 27/09/2023 às 12:28 - Atualizado em 24/10/2023 às 10:33
“[...] Tio, quanto tá a balinha?
Cheguei a perguntar
Pra você é de graça
Pode levar
Paaaa! Som de tiro
Tio? Tio?
Porque você fez isso?
Uai! Foi você que pediu
Não era a bala que você queria?
Você com esse estilo, essa cor
Esse jeito, essa dor
Não tinha outra que você merecia
[...] Tio me fala porque cê fez isso
Hoje tinha atração no baile da quebrada
Essa história poderia ter sido a minha
Mas sou mais um preto que cresceu sem nada
Hoje eu estudo em faculdade federal
Minha mãe tá orgulhosa olhando pra mim
Meu coroa trabalhou como um animal
Mas eu percebi que eu posso mudar esse fim”
O texto acima é um trecho da música escrita pelo músico Murilo Prissinoti, que compôs a melodia para a apresentação do time de cheer dance, Arlekings, da Associação Atlética Acadêmica (A.A.A.) das Artes, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O grupo, tradicionalmente, se apresenta na abertura da Olimpíada Universitária da UFU e sempre traz ao público uma mensagem. Neste ano não foi diferente e, coincidentemente, conversou muito com os discursos feitos pela mesa de convidados do evento.
O Arlequim, mascote da A.A.A. das Artes, sempre representa uma figura ou perfil social. O primeiro deles era a representação do palhaço Arlequim da Commedia Dell’Arte. De lá pra cá outros perfis foram representados pelo mascote: um homem preto, gay e de periferia; uma mulher que representasse a Arlequina, feroz, fora dos estereótipos que se espera de uma mulher; uma drag, que mostrava o mundo drag e queer; e uma mulher preta e gorda, que mostrava que essa mulher fora do padrão também é capaz de tudo.
Hoje, o Arlequim retorna ao perfil de um homem preto, pobre e de periferia, mas com um foco ainda maior para os jovens que se tiverem chances, principalmente oportunidades de educação de qualidade, podem mudar o próprio futuro, o da família e da comunidade. O estudante de teatro, Kássio Rodrigues, interpreta o atual mascote e explica a ideia do perfil do Arlequim, “Na época em que pensamos nesse perfil, o Brasil vinha passando por muitos massacres policiais. No ano de 2019, cinco jovens pretos foram assassinados com 111 tiros em Costa Barros - Rio de Janeiro. Nós queríamos contar a história de jovens como esses. Se eles tivessem tido a chance de viver a oportunidade de ir pra faculdade, se formar e ter uma vida normal…”, afirma o discente.
Kássio interpreta o mascote desde o ano passado, quando recebeu a “passagem de bastão” durante a apresentação da abertura da Olimpíada UFU 2022. Ele afirma que assumir esse papel é de grande responsabilidade já que ele representa inúmeras pessoas do Brasil e do mundo que passam por opressão, racismo, marginalidade e que não tem poder de fala. “Assumir esse mascote é poder ser cada uma dessas pessoas que são agredidas dia a dia. O mascote tem a responsabilidade de poder falar um pouquinho que seja por elas”, completa o estudante.
No final do trecho da música, “Hoje eu estudo em faculdade federal [...] eu percebi que eu posso mudar esse fim”, os Arlekings reforçam a ideia de que a educação pode mudar trajetórias de vida e trazer um mundo de possibilidades para qualquer pessoa, seja ela preta, pobre e de periferia. O recado reforça uma mensagem deixada pelo próprio reitor da UFU, Valder Steffen Júnior, na cerimônia de 45 anos de federalização da universidade, que a UFU tem um dever de gerar mudanças de vida. Naquela oportunidade ele também pontuou que muitas pessoas passam na porta da universidade achando que ela não é para elas. “O sonho tem que ser resgatado! A Universidade Federal de Uberlândia é, sim, deles e delas!”, completava o reitor.
Valder Steffen Jr. também esteve na cerimônia de abertura dos jogos da UFU e em seu discurso deixou um abraço fraterno aos 2400 atletas das 20 atléticas da instituição que participam da Olimpíada, e ressaltou a importância do evento. “A nossa universidade é ensino, pesquisa e extensão, mas também é esporte, mas também é Olimpíada Universitária de 2023”, afirma o reitor.
Vale ressaltar que as práticas esportivas são incentivadas pela UFU por meio de ações e eventos organizados pela Divisão de Esporte e Lazer Universitário da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (Diesu/Proae) da UFU. A realização da Olimpíada Universitária da UFU é uma forma de promover a ampla mobilização da juventude universitária em torno do esporte em diversas modalidades esportivas; propiciar a integração sócio-esportiva entre os universitários da UFU, estreitando os laços de amizade e congregando-os em um evento esportivo de qualidade; contribuir para a elevação da qualidade de vida e para o processo de formação integral do universitário, socializando o conhecimento sobre a importância da atividade física e do lazer na vida do ser humano; despertar e revigorar o interesse dos universitários em competições esportivas; entre outros objetivos explicitados no Edital Proae nº 10/2023.
E pode se dizer que a comunidade discente da UFU abraça com muita dedicação o esporte universitário e se empenha cada vez mais por melhores resultados. No primeiro final de semana de jogos, nos dias 16 e 17 de setembro, das 132 partidas programadas das modalidades coletivas - basquete, futsal, futebol, handebol, peteca e vôlei - apenas três delas não aconteceram por w.o, ocasionados por problemas de horário dos compromissos pessoais dos estudantes-atletas com o das partidas.
Já no último final de semana, 23 e 24 de setembro, os dois dias foram dedicados às modalidade individuais - atletismo, judô, natação, tênis de mesa e xadrez - e o cheerleading, que é misto, e especialmente no atletismo e natação é possível ver como a dedicação dos estudantes-atletas cresce cada vez mais a ponto de quebrarem marcas recordes já estabelecidas na competição, mesmo acontecendo em um dos dias que a cidade registrou uma das maiores temperaturas do ano, 35ºc e 36ºc. Alguns deles quebraram o próprio recorde, uma ou duas vezes, e em outras provas os dois primeiros colocados quebraram o recorde anterior, como consta a seguir:
Recordes do Atletismo:
Recordes da Natação:
A prática e os resultados do esporte universitário na UFU são extremamente positivos. Tanto que a universidade segue investindo na formação educacional dos estudantes e incentivando o esporte de alto rendimento por meio da parceria com o Praia Clube e juntos colhem ótimos resultados. O estudante de Zootecnia e conselheiro da Liga das Atléticas da UFU (Laufu), Matheus Marques, também discursou na abertura dos jogos e ressaltou a força que a UFU tem no esporte. “Que esse ano a gente possa, assim como nos anos anteriores, mostrar para a cidade, para o estado e o Brasil o quanto a nossa universidade é forte, o quanto o nosso esporte é forte, porque a gente sabe que outras universidades por aí tem medo de nos enfrentar e a gente vai mostrar isso, nesses quatro finais de semana, mais uma vez, porque nós somos a maior olimpíada universitária do país”, exclama Matheus.
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