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Saúde

Se não houver cura que, no mínimo, haja conforto: campanha de conscientização contra Lúpus, Fibromialgia e Alzheimer

UFU possui projeto, em parceria com a Associação dos Reumáticos de Uberlândia, para discutir as novas terapias e abordagens das doenças

Publicado em 23/02/2024 às 09:53 - Atualizado em 04/03/2024 às 08:06

Foto: Freepik

 

O mês de fevereiro é dedicado à conscientização do Lúpus, da Fibromialgia e do Mal de Alzheimer. A campanha nacional foi criada em 2014, na cidade de Uberlândia, e tem como objetivo informar a população sobre essas doenças, como se prevenir, a importância do diagnóstico e as formas de tratamento.

 

Lúpus

O Lúpus é uma doença autoimune, ou seja, o sistema imunológico ataca os tecidos saudáveis do próprio organismo, no qual causa diversos problemas de saúde que necessitam de tratamento. A doença possui uma série de sintomas, mas a dor não é o fator mais marcante. Na maior parte dos casos, as pessoas apresentam dores nas juntas, espuma na urina, lesões na pele - como asa de borboleta, fadiga, febre e diminuição do volume da urina. O diagnóstico pode ser obtido por meio de exames laboratoriais, de sangue, urina e fezes. 

Juliana Markus, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (Famed/UFU), reforça sobre os cuidados que os pacientes devem tomar. “Não existe fórmula mágica. Tem que ter muito cuidado com a venda de produtos ‘milagrosos’; se fosse bom, estaria na prateleira do SUS. Quando é eficiente, a Conitec [Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde] aprova. Também deve-se evitar a automedicação, pois ela atrapalha o diagnóstico e pode piorar a situação do paciente”, alerta.

 

Fibromialgia

A Fibromialgia, também conhecida como Síndrome de Joanina Dognini, é uma doença que se manifesta com dores principalmente nos músculos. Não tem uma única origem para a doença, e sim vários perfis de pessoas com propensão de desenvolvê-la. As causas podem variar entre questões pessoais, apresentação genética, percepção de dor e exposição ambiental. Dentre elas, os fatores ambientais são os mais relevantes, já que podem incluir uma série de situações, como: exposições traumáticas, pessoas que sofreram acidentes e permaneceram com dor crônica e fatores psicológicos.

Diante da percepção de dor persistente - seja na região do abdômen, na coluna, entre outras -, em conjunto com a má qualidade de sono e a fadiga, é necessário entrar em contato com algum ambulatório.

Não existe nenhum tipo de exame específico para diagnosticar a Fibromialgia, mas é possível detectar a doença por meio de um conjunto de exames extensos, usando a forma de exclusão. No entanto, o diagnóstico tende a ser demorado, já que ela possui alguns sintomas parecidos com os de outras patologias.

Juliana Markus fornece algumas informações importantes: “O tratamento fundamental é a atividade física, mas só a caminhada é pouco. Precisa de pilates, natação, musculação. Além de vencer a barreira de praticar exercício físico, existe a barreira financeira também.”

A especialista em reumatologia comenta, ainda, sobre a necessidade de apoio às pessoas com baixa renda. “Por isso, é necessário ter políticas públicas. Para que tenha atividades a céu aberto e educadores físicos nos PSFs [Programas Saúde da Família] para acolher essa população”, aponta.

 

Alzheimer

Mãos de um idoso montando um quebra-cabeça branco
O mecanismo da Doença de Alzheimer vem por uma proteína natural do cérebro e, com o envelhecimento, aumenta o acúmulo dessa proteína, o que traz o risco da doença. (Foto: Freepik)

Existem vários tipos de demência e mais de 80% dos casos são causados pelo Alzheimer. A demência é uma alteração na mente que afeta o dia a dia, ou seja, a pessoa perde a funcionalidade. Muitas vezes, é caracterizado pela perda de memória.

Geralmente, a doença é percebida a partir dos 60, 65 anos de idade. O seu principal sintoma é a alteração de comportamento. Por exemplo: a pessoa fica mais agressiva, não consegue mais fazer atividades manuais, tem prejuízos na fala, comportamentos que antes não possuía.

Segundo Andressa Borges, especialista em Geriatria pela UFU, a doença pode ser dividida entre três estágios, que podem se misturar entre si:

  • Fase inicial: o diagnóstico muitas vezes passa despercebido; geralmente acontecem alguns pequenos esquecimentos, como esquecer as chaves, carteiras e o pagamento das contas;
  • Fase moderada: nessa fase, os familiares costumam ficar mais preocupados, pois começam a ter dificuldade para cozinhar, para fazer tarefas da casa e podem até mesmo se perder na rua;
  • Fase grave: o estágio mais visível da doença, no qual a pessoa precisa de ajuda em todas as atividades do dia a dia, inclusive em relação à higiene pessoal

Existem 12 fatores de risco, que podem ser reversíveis ao atuar neles:

  1. Baixa escolaridade;
  2. Tabagismo;
  3. Hipertensão;
  4. Obesidade;
  5. Déficit auditivo;
  6. Depressão;
  7. Inatividade Física;
  8. Consumo excessivo de álcool;
  9. Diabetes;
  10. Lesão cerebral por trauma;
  11. Baixo contato social; e
  12. Poluição do ar.

O diagnóstico da doença é clínico, ou seja, é feita uma entrevista com o paciente e com os familiares, na qual são aplicados alguns testes em consultório. Geralmente, ao longo de algumas consultas, é obtido o resultado. Atualmente, os exames servem apenas para eliminar outras causas do esquecimento, para guiar o diagnóstico.

A geriatra Andressa Borges comenta como ela realiza os exames clínicos: “Uma vez que eu elimino todas as outras causas e a história, juntamente com o exame do paciente, são compatíveis, é possível fechar o diagnóstico de Alzheimer. Nós temos vários estudos em andamento, mas, por enquanto, o diagnóstico é na questão teórica.” 

As medicações ajudam o déficit a ficar menos perceptível, mas não reduzem significativamente o avanço da doença. Por fim, a médica reforça: “O que mais auxilia são as medidas não farmacológicas. A constante estimulação, cuidar das comorbidades, fazer atividades físicas; se for fumante, deve tentar parar; manter a pessoa sempre envolvida no meio social. A presença dos familiares sempre ajuda.”

 

UFU e o 'Fevereiro Roxo'

Todos os anos ocorrem projetos de extensão na UFU que envolvem a área das doenças reumatológicas. No momento, eles estão suspensos e sem previsão de data para reativação. O último foi realizado em outubro de 2023, juntamente com a Associação dos Reumáticos de Uberlândia e Região (Arur), no qual discutiu-se sobre as doenças, novas terapias e abordagens, entre outras questões. Para mais informações, visite o site da Arur.

 

Saiba mais

O episódio #67 do podcast "Ciência ao Pé do Ouvido" falou sobre uma pesquisa que tenta identificar se a presença de três genes estaria diretamente ligada ao desenvolvimento precoce do Alzheimer. Além disso, também foi apresenta a história de Daniela Ferreira, filha de "Seu Joaquim", um idoso de 80 anos e que tinha a doença. Ouça!

 

 

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Palavras-chave: Alzheimer Fibromialgia Lúpus saúde Famed

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